Numa entrevista a Afonso Cruz, este disse:
Para os budistas, o pecado é a ignorância: não saber, não conhecer, não compreender.
Quanto mais compreendemos o outro, mais paz encontramos nas nossas vidas porque percebemos – eu naquela situação poderia fazer igual, eu consigo compreender aquela pessoa, como é que ela age, porque me coloco no espaço do outro. Uma questão de empatia.
Muitas vezes isso não acontece, por medo ou porque os vícios, tal como as virtudes, costumam andar ligados uns aos outros.
Quando se é ignorante tem-se medo, chega-se ao ódio.
A compreensão trará sempre sabedoria, muito mais justiça e isto não tem a ver com conhecimento.
O facto de eu somar conhecimentos, ou de ser erudito, não faz de mim uma pessoa compreensiva, tolerante, sábia: faz de mim uma pessoa com muitos conhecimentos.
É um processo diferente.
Para mim, a compreensão tem muito que ver com ligações que somos capazes de fazer entre uma coisa e outra: isto é como aquilo.
O conhecimento e a erudição puros e simples não fazem isso, estão muito compartimentados dentro do seu espaço e não se relacionam com as outras «gavetas» do conhecimento, de modo a criar esse todo harmónico que será a sabedoria.
É uma questão tão antiga, até costumo brincar com isso.
Heráclito tinha uma frase:
«Se conhecimento e sabedoria fossem a mesma coisa,
Pitágoras era um
sábio.»
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