quarta-feira, 22 de outubro de 2014
Crimes de faca e alguidar
Acabei de ver uma notícia, no site da Sic Notícias, sobre uma mãe e uma filha que foram assassinadas pelo marido e pai em Soure - Coimbra, com várias facadas no peito e no ventre, e uma segunda filha de 13 anos que escapou com ferimentos.
A Mulher tinha 46 anos e a filha tinha 16.
Parece que foi tudo por ciúmes da mulher, e por se sentir posto de parte pela mulher e pelas filhas.
A Besta tem 49 anos e é engenheiro electrotécnico.
Estou mais uma vez de coração apertado...
"Eu não conheço correntes feministas.
Há movimentos feministas que tratam mais da política, movimentos feministas que tratam mais da ligação da mulher com a sustentabilidade do meio ambiente e outros que tratam da condição da mulher, principalmente do problema da violência, que é o problema básico da sociedade humana.
Refiro-me à violência doméstica, dos pais sobre as crianças e do homem sobre a mulher, que originam a violência do homem sobre o homem.
Na Pré-História, enquanto não houve a violência da sociedade contra a mulher, não houve guerras. Quando começou a violência contra a mulher, que é a primeira de todas, porque a mulher era mais fraca que o homem, aí começa a violência dos mais fortes contra os mais fracos.
E a causa disso é que a criança aprende, desde que nasce, que uns apanham e outros batem.
E isso não é coisa pequena.
Eu estava nos Estados Unidos, em 1988, quando se fazia uma pesquisa representativa da nação americana, com a qual se descobriu que 66% de todas as mulheres, ou apanhavam, ou tinham apanhado de pais ou de maridos.
A grossa maioria das mulheres apanha.
E isso legitima a violência do homem contra o homem.
É natural que o homem seja mais violento contra a mulher, então é natural que seja mais violento contra o homem.
Tratar da violência contra a mulher é tratar da violência do homem contra o homem.
A Secretaria Especial de Políticas para as Mulheres, quando fez a lei Maria da Penha, sobre a violência doméstica, tornando-a crime hediondo, fez um trabalho incrível. Esse tema está muito difundido na sociedade, e a mulher hoje sabe que ela não deve apanhar. Não é mais como o Nelson Rodrigues dizia, que mulher gosta de apanhar e só as neuróticas reagem.
Hoje, todas as mulheres somos neuróticas, porque reagimos em favor da justiça.
(...)
Não vejo uma sociedade de mulheres, o que seria uma perversão.
Eu vejo uma sociedade com igual participação de homens e mulheres.
A natureza fez o homem e a mulher.
Falar de uma sociedade em que a mulher seja hegemônica, é trocar o sinal da dominação de mais por menos, então não muda nada.
Eu vejo uma sociedade andrógina, em que homem e mulher tenham o mesmo protagonismo, uma sociedade mais pacífica, menos corrupta.
Há um estudo do Banco Mundial, que mostra uma correlação significativa entre a entrada da mulher no mercado de trabalho e a diminuição da corrupção.
Esse estudo foi feito em 121 países.
Essa é uma das coisas mais importantes que eu já vi na minha vida.
O mundo, quando tem mais mulheres, tem menos guerra, menos violência e menos corrupção. (...)
Rose Marie Muraro
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