Durante 17 anos, Juan Reinaldo Sanchés fez parte da guarda pessoal de Fidel Castro.
Com o passar do tempo, tornou-se um dos seus mais próximos colaboradores: era ele quem tinha de anotar num diário tudo o que El Comandante fazia.
Quando quis abandonar o círculo que o rodeava, caiu em desgraça: foi preso e torturado.
Após oito tentativas conseguiu fugir de Cuba para os Estados Unidos onde, este ano, lançou um livro com os detalhes da vida desconhecida de Fidel e as suas contradições com a ideologia comunista.
De acordo com Juan Reinaldo Sanchés, El Comandante possui mais de 20 casas, incluindo uma ilha privada com tartarugas e golfinhos, só bebe leite fresco da sua vaca particular, grava todas as conversas no gabinete, esteve duas vezes às portas da morte e desviou milhões de dólares para contas por si controladas – para além de ser cúmplice com o tráfico de droga para os EUA.
No dia em que ele está em Lisboa, a 24 de Outubro de 2014 a promover a edição do seu livro em Portugal, deixo aqui a entrevista que lhe foi feita há cerca de três meses e que foi a base para um artigo publicado na SÁBADO.
Quando se tornou guarda-costas de Fidel Castro?
A 1 de Maio de 1977. Antes tinha tirado um curso de dois anos numa escola de especialistas em segurança pessoal e já tinha uma experiência de nove anos em segurança pessoal, fazendo parte de outros “anéis” da segurança de Fidel.
Porque o escolheram?
Por causa do meu desempenho durante nove anos e pelos meus resultados na escola de especialistas em segurança pessoal. Já tinha cinturão negro em artes marciais e era campeão de tiro.
Como se tornou um dos mais próximos de Fidel no grupo de guarda-costas?
Não era o único mais próximo dele. Havia o chefe de equipa e o seu médico pessoal. Acontece que, como tinha a responsabilidade de escrever o diário pessoal de Fidel, isso aproximava-me bastante dele. Tinha de anotar tudo o que ele fazia desde que se levantava até que se deitava, quem via, com quem conversava, o que comia, por que vias circulava, etc. E para fazer essas anotações, devia estar sempre ao lado dele. Neste trabalho conheci diferentes presidentes que visitaram cuba entre 1977 e 1994 e também dirigente da esquerda latino-americana como Luís Gorvalán, do Chile, Schafik Jorge Handal, da FMLN de El Salvador, e Joaquín Villalobos, do Exército revolucionário do Povo.
No meu livro, que escrevi com a colaboração do jornalista francês Axel Guilden, conto a história de que Fidel Castro realizou várias reuniões em Cuba com estes homens de esquerda e comandantes guerrilheiros para utilizar em El Salvador a mesma estratégia que tinha desenvolvido na Nicarágua: a união das diferentes frentes guerrilheiras numa única grande ofensiva militar contra a capital. Mas Villalobos e Schafik nunca chegaram a acordo porque entre eles havia uma rivalidade pela liderança desta luta e nunca foi possível unirem-se para Fidel alcançar os seus objectivos
Quais eram as suas responsabilidades?
Primeiro tinha a responsabilidade da sua segurança. Depois tinha que escrever o seu diário pessoal. Além disso, durante alguns anos fui responsável pela preparação técnica, profissional e física dos outros membros da escolta. Fiz também parte da equipa avançada das viagens de Fidel Castro ao exterior e tornei-me responsável directo da segurança no estrangeiro a partir de 1989. Numa dessas avançadas realizou-se a viagem ao Zimbabwe para a VIII cimeira dos países não alinhados em 1986. Conto como preparei várias casas que se compraram em dinheiro, assim como automóveis Mercedes e Toyotas para a segurança de Fidel durante a estada no país. Foi construído um refúgio na própria residência e uma sala de reuniões totalmente segura contra escutas estrangeiras. Esta operação, detalhada no livro, custou mais de dois milhões de dólares, para apenas uns dias de Fidel Castro neste país africano.
Toda a sua vida Fidel Castro afirmou que não tinha património. Isso é verdade?
Não. Fidel tem residências espalhadas por toda a ilha. Durante o meu trabalho conheci pessoalmente mais de 20 casas de uso exclusivo de Fidel, moradias que não são habitadas por mais ninguém. Além disso, Fidel tem marinas com iates, como aquela que fica a sul de Cienaga de Zapata, chamada Caleta del Rosário, onde trabalham mais de 100 homens como marinheiros, mecânicos navais, pessoal de serviço e guardas, apenas para uso exclusivo de Fidel. Ele tem também uma ilha privada a sul da Cienaga de Zapata, possui um iate de 80 pés de comprimento por 20 de largura e outros três iates mais pequenos de 54 pés de comprimento por 17 de largura. Como se isso não bastasse, tem também à sua disposição barcos de pesca de 60 metros de comprimento a pescar apenas para ele. Todas as embarcações estão na Marina Caleta del Rosário. Fidel é ainda proprietário de um couto de caça nos arredores da povoação de Los Palácios, na província de Pinar del Rio, onde, no Inverno, se dedica a caçar patos que emigram da Florida.
Revela também a existência da ilha de Cayo Piedra. Pode descrevê-la?
Na verdade são duas ilhas pequenas unidas por uma ponte com mais de 200 metros de comprimento. Esta ilha fica a sul da Ciernaga de Zapata, na província de Matanzas. Fidel habita uma casa que anteriormente pertencia a um faroleiro e que foi convertida num chalet. Tem pista de helicóptero, molhe para atracar os iates, um restaurante flutuante, criadores de tartarugas e até um delfinário, para além de uma residência para visitantes com piscina olímpica e outras instalações.
Fidel ia para lá com frequência?
Geralmente ia aos fins-de-semana no Verão e passava a maior parte de Agosto na ilha. Eu ia com ele na maioria das vezes porque fazia parte dos mergulhadores que pescavam com Fidel.
Ele levava a família ou ia sozinho?
Geralmente ia com a família, a mulher Dália e o seu filho mais pequeno, Angel. Os outros filhos iam uns dias mas saíam já que estavam a estudar ou simplesmente gostavam mais de passar as férias em Varadero, rodeados de outros jovens filhos de dirigentes. Quando Fidel levava algum convidado então ia sozinho. A sua esposa, Dália, nunca apareceu em público até se conhecer a doença de Fidel em 2008.
Tinha amantes? Levava-as para lá?
Geralmente a sua amante Juanita Vera ia à ilha quando Fidel convidava algum estrangeiro que falava inglês porque ela era a tradutora de Castro.
E os filhos?
Os cinco filhos com Dália (Alexis, Alex, Alejandro, António e Angel) iam regularmente à ilha. Mas os outros filhos (Fidel Castro Diaz Balart e Jorge Angel Castro) não iam com frequência. Só os vi lá em duas ou três ocasiões e sempre em separado.
O que faziam para passar o tempo?
Actividades próprias do mar, pesca submarina, pesca em barcos, nadar no mar alto, visitar outras ilhas da zona, etc.
Costumava levar convidados?
Os mais frequentes eram os seus amigos Gabriel Garcia Marquez e António Neñez Jimenez, assim como os seus familiares. Além deles também visitaram a ilha estrangeiros como o milionário Ted Turner e a jornalista Bárbara Walters.
Fala no iate Aquarama II. Pode descrevê-lo?
Foi fabricado em cuba com madeira preciosa enviada de Angola. O anterior, o Aquarama I, foi de um dirigente do governo anterior a 1959 e Fidel utilizou-o muitos anos até não poder navegar mais. Então mandou construir este, muito parecido com o anterior, mas com equipamentos de navegação mais modernos e uma estrutura mais aerodinâmica.
Fidel é um conhecido fã de desporto. Mas no livro diz que a pesca é o seu desporto favorito. Porquê?
Ele gosta imenso de pesca submarina. É o desporto que mais praticava durante o Verão. Mas no Inverno ia para o couto de caça particular, chamado La deseada.
Pode descrever o ritual da pesca submarina e o seu papel nessa actividade?
Fidel Castro pescava de uma forma pouco habitual. Entregávamos-lhe as armas de caça já carregadas e prontas para atirar. Ele disparava e quando um peixe ficava no arpão não o recolhia. Era um dos mergulhadores que o apanhava e levava para o barco. Fidel depois estendia a mão e outro mergulhador entregava-lhe um novo arpão pronto a disparar. O meu trabalho era apoiar estes mergulhadores e com uma espingarda submarina muito mais potente espantar os tubarões, barracudas e moreias que rodeavam Fidel Castro. Protegia-o desta forma quando estava na água.
Descreve Fidel como uma espécie de Luís XV. Porquê?
Porque tinha toda uma corte de servidores em seu redor, unicamente para o servir em todos os seus gostos e prazeres e porque tem condomínios e propriedades única e exclusivamente para seu uso pessoal, ilhas, iates, marinas, couto de caça, etc.
Como é possível que a existência da ilha se tenha mantido em segredo todos estes anos?
Porque tudo o que está relacionado com a vida pessoal de Fidel Castro sempre foi tratado em Cuba como um segredo de estado e apenas as pessoas escolhidas pelo próprio Fidel o podiam visitar.
Havia outros luxos?
Sim: vacas exclusivas para o leite que toma, fábricas de tabaco, iogurte, queijos, gelados, etc. Mas este aspecto está bem detalhado no livro já que se trata da vida oculta de Fidel.
Como era um dia normal?
Em Havana, levantava-se por volta das 13h ou 14h. A primeira coisa que fazíamos era dar-lhe “os telegramas”, ou seja, todas as notícias que saiam nas mais importantes agências de imprensa a nível mundial, juntamente com um relatório do ministério do interior, fundamentalmente da espionagem e contra espionagem, com o estado e desenvolvimento de actividades de espionagem em diferentes países, especialmente nos Estados Unidos e ainda outro relatório das forças armadas cubanas relativas às actividades das missões cubanas no exterior, seja em Angola, Nicarágua ou outro país.
Saia de casa de Punto Cero às 15h ou 16h, ia ao Palácio ou ao Ministério das Forças Armadas para ver Raul ou aos dois lugares. No Palácio recebia as pessoas que queriam vê-lo ou ele tinha interesse em ver, nacionais ou estrangeiros, assistia às reuniões programadas do partido, Estado ou governo.
Ao final da tarde ia visitar algum dignitário estrangeiro, ou então Garcia Marques ou Nuñez Jimenez nas suas casas.
Depois ia para a sua residência de Punto Cero já de madrugada.
Ficava lá ou saia com a mulher, Dália, para ver um filme no seu cinema particular que ficava a cerca de 1,5km de casa.
Mesmo em casa comiam como se estivessem num restaurante?
Na residência trabalham dois ou três cozinheiros e as refeições são feitas em função do que cada membro da família deseja comer. Este pedido é deixado na cozinha da residência por Dália no dia anterior, assinalando o que cada membro deseja comer ao pequeno almoço, ao almoço ou a comida e a que hora cada pedido deve estar pronto.
Falou em vacas exclusivas. O que quer dizer?
Na residência de Punto Cero há vacas, uma para cada membro da família. A destinada a Fidel é a número cinco. O leite é fresco, do dia. Mesmo quando Fidel viajava para o estrangeiro, um avião cubano ia ao encontro da delegação para enviar os telegramas e relatórios de que já falámos, assim como o leite, iogurte e vegetais que Fidel consumia.
É descrito como um indivíduo paranóico. Por quê?
Fidel quer mostra-se como uma pessoa calma e equilibrada e consegue-o em muitas ocasiões. Mas há momentos em que se mostra paranóico sobretudo no seu círculo mais intimo. Ninguém o pode contradizer, nem tem valor para o fazer – mesmo quando acha que ele está errado.
Ele grava todas as conversas?
Dentro de casa não sei. Grava as conversas telefónicas e também as da sua escolta. Para isso há, no perímetro de Punto Cero, uma pequena casa onde estão as equipas e membros da segurança que as manipulam a fim de ter todas as gravações que desejem. Dália sabe disto, uma vez que é ela quem dirige todo o que se relaciona com a residência e o pessoal que lá trabalha.
No seu gabinete no palácio, grava tudo. Desde as conversas com os visitantes, às que realiza por telefone. Há uma equipa de repórteres e gravadores. À frente desta equipa está Hilda Castro, uma antiga colaboradora de Fidel desde os anos 1960. Esta equipa faz também a transcrição das conversas telefónicas para quando Fidel as quiser ler.
Diz que os convidados estrangeiros eram vigiados pelos serviços de segurança. O que faziam concretamente?
Todas as pessoas de interesse, sejam presidentes, personalidades da cultura ou jornalistas, são vigiados constantemente pelos órgãos da contra-inteligência. Seja nas suas residências em Cuba ou quando estão a circular pelas ruas da cidade. Os relatórios são guardados e usados por Fidel num momento que considere oportuno.
Conta também que um diplomata francês apanhado no tráfico de arte se converteu num espião cubano?
Soube disto através de um relatório que a espionagem cubana enviou a Fidel sobre o caso dele.
Muitas vezes o mundo não conhecia o verdadeiro estado de saúde de Fidel. Como fazia para o ocultar?
Era um segredo de estado. Quando ele esteve internado em 1983 e 1993, vítima da doença que mais tarde o afastou do poder em 2006, nós na escolta fazíamos trabalhos de desinformação que consistia em utilizar um membro da escolta chamado Silvino Alvarez e disfarçá-lo com o uniforme de Fidel e uma barba postiça. Este duplo era utilizado à distância das pessoas, ou seja não era para o substituir numa reunião ou num discurso. Só o fazíamos quando o colocávamos no automóvel pessoal de Fidel e o passeávamos por Havana enquanto Fidel estava internado na sua clínica, com o objectivo de dar a impressão de que Fidel continuava a fazer a vida normal.
Qual era a relação dele com Angola?
Sempre disse que de Angola levaria só os mortos. No livro conto como foram parar a cuba madeiras preciosas e diamantes de Angola. E, no caso dos diamantes, como Fidel os recebeu em mão e também como desde a sede do ministério das Forças Armadas dirigiu toda a guerra neste país africano.
Ele tinha empresas e contas em bancos?
Sim, criou sociedades anónimas nos anos 1980 e que não estavam subordinadas à economia nacional: apenas ao conselho de estado, de forma a que os lucros dessas empresas fossem parar directamente às mãos de Fidel Castro. E sim, tinha contas em bancos mas só Fidel podia dispor delas. Empresas como a Coorporación Cimex, Cubalse, Cubanacán, etc. No livro conto como em várias ocasiões vi Abrahan Masique, então director de Cubanacán SA, entregar a Fidel Castro um milhão de dólares proveniente dos lucros de Cubanacán. Milhões que ele mandou um ajudante colocar em contas no exterior.
Porque deixou a escolta?
Em 1989 ouvi uma conversa (tal como os microfones do gabinete) entre Fidel Castro e o seu ministro do interior relacionado com o tráfico de droga. Aí dei-me conta que Fidel dirigia e sabia de tudo o que estava relacionado com a droga. Nesse momento senti-me enganado e defraudado por Fidel e pela revolução e estabeleci como objectivo sair. Mas tive de esperar até 1994, ano em que tinha todas as condições para pedir a reforma. Quando chegou a essa data pedi-a e Fidel enviou-me para a prisão. Passei dois anos detido, nas condições normais em Cuba: má alimentação, abusos por parte dos guardas, má higiene, etc.
Como foi para os Estados Unidos?
Quando saí da prisão, em 1996, comecei a tentar sair ilegalmente de Cuba, mas todas as tentativas foram infrutíferas até ao ano 2008 em que consegui sair ilegalmente através do México e daí para os Estados Unidos.
Porquê escrever este livro?
Porque o mundo deve conhecer quem é verdadeiramente Fidel Castro.
E não é o Fidel Castro que o próprio Fidel e o governo cubano trataram de promover pelo mundo. Todos os livros sobre Fidel partem da informação dada por ele próprio ou pelo governo. Assim vemos os livros Um Grão de Milho, escrito por Tomás Borge, Fidel e a religião, de Frei Betto, e 100 horas com Fidel Castro, de Ignacio Ramonet. Todos partem de entrevistas a Fidel.
Na prisão dei-me conta de toda a informação que possuía e estabeleci o objectivo de dar a conhecer ao mundo o verdadeiro Fidel Castro.
Fui tirando essa informação de Cuba por diferentes vias: na memória, em CD, em documentos e fotografias, de forma a que quando cheguei aos EUA tinha 90% da documentação que precisava. Posteriormente, em Miami, continuei a sacar informação valiosa de Cuba, o que me ajudou muito não só a escrever o livro como a provar o que dizemos.
Este livro é o primeiro que aborda a vida privada de Fidel Castro, escrito por um testemunho presencial dos acontecimentos que ele trata.
Daí a importância da obra.
Fonte: O Informador
No livro "A Face Oculta de Fidel Castro" o antigo guarda-costas do líder histórico cubano relatou incompatibilidades com o general Ochoa, que um mês depois de ter sido criticado pelo curso da guerra em Angola acaba fuzilado.
"No Palácio ou no 'war room' ouvi Fidel fazer a Raúl Castro observações do tipo: 'o Ochoa está a dar sinais de incapacidade', o 'Ochoa não se apercebe da realidade', ou ainda 'Ochoa já não tem os pés na terra'", relatou Juan Reinaldo Sanchéz, que vive exilado em Miami, Estados Unidos.
Herói da Revolução cubana, membro destacado da resistência contra Fulgêncio Batista, além de ter participado com Che Guevara na formação de grupos de guerrilha no Congo e mais tarde na Venezuela, Ochoa foi um elemento essencial no envio de tropas cubanas para Angola em 1975, comandou as forças expedicionárias na Etiópia em 1977-1978 e foi, a mando de Fidel, conselheiro especial do ministro da Defesa da Nicarágua.
Após dois grandes desastres militares soviéticos em Angola, Ochoa é enviado para o terreno, onde participa na batalha do Cuito Cuanavale, contrariando muitas vezes as ordens diretas do próprio chefe de Estado cubano.
Em janeiro de 1988, em plena batalha do Cuito Cuanavale, o general Ochoa, caído em desgraça, é chamado a Havana, tendo sido fuzilado um mês de depois, acusado de tráfico de droga.
Segundo o autor do livro, Ochoa acaba por ser o bode expiatório daquilo que poderia transformar-se num escândalo com proporções internacionais e que envolvia o próprio Fidel Castro em esquemas de tráfico de droga como meio de financiamento da revolução.
O livro que dedica um capítulo à participação de Cuba na guerra em Angola não deixa de notar as capacidades militares de Fidel.
"O feito é extraordinário, pelo que merece ser sublinhado: durante toda a guerra, Fidel dirigiu as operações militares a partir de Havana, quase do outro lado do mundo. Era vê-lo entregue ao trabalho, o estratego no 'war room', rodeado de mapas do Estado-Maior e de maquetas de campos de batalha" recordou o antigo guarda-costas do presidente sobre os meses em que se travou uma das mais importantes batalhas travadas no continente africano.
Em Cuito Cuanavale, Angola, registou-se o confronto final "entre Cuba e a África do Sul" durante seis meses, de setembro de 1987 a março de 1988, resultando num impasse em que ambas as partes reivindicam a vitória mas os sul-africanos admitiram que jamais derrubariam "o governo marxista" militarmente.
"Aceitaram negociar a paz nos seguintes termos: Fidel repatriaria o seu exército para Cuba, sob a condição de que o South African Defense Force (SADF) deixasse a Namíbia e outorgasse a independência total àquela ex-colónia alemã que desde 1945 se encontrava sob protetorado sul-africano", recordou Sánchez.
Pouco depois, é proclamada a independência da Namíbia e na "mesma época o regime racista de Pretória" foi levado a fazer outras concessões, como a libertação de Nelson Mandela.
"Três anos mais tarde, Nelson Mandela declarou:
'Cuito Cuanavale pôs fim ao mito da invencibilidade do opressor branco. Foi uma vitória para toda a África", recordou Sánchez.
O guarda-costas de Fidel Castro referiu-se ainda à "Operação Carlota": a ponte aérea e marítima entre Havana e Luanda em 1975 a pedido de Agostinho Neto, que tinha conhecido Che Guevara dez anos antes no Congo.
No outono de 1975 na véspera da independência milhares de soldados cubanos estão já estacionados em Angola sem que Fidel tenha informado Moscovo das "grandes manobras" africanas.
Em 1980, "após a morte natural de Agostinho Neto", a situação complica-se com a invasão norte-americana de Granada onde são capturados 638 cubanos e depois em Angola, onde os sul-africanos relançam a ofensiva militar no sudeste do país.
"No terreno as baixas não param de aumentar. Decorridos dez anos do início do conflito, as mães cubanas vivem com um medo permanente", escreveu Sánchez referindo que "ao todo" as baixas de Havana em Angola atingiram os 2.500 mortos.
No livro Sanchéz contou que assistiu às divergências entre cubanos e soviéticos sobre o curso da guerra e as críticas de Fidel contra as más decisões de Moscovo no teatro de operações.
Fonte:Lusa
O que Mandela devia a Fidel: a vitória !
Fidel derrotou a CIA e os racistas em Angola e abriu espaço político para Mandela.
Atilio A. Boron, do jornal Pagina12, da Argentina , lembra a dívida de Mandela a Fidel.
E que Mandela, como Dirceu e Genoino, aderiu à luta armada e, por isso, foi condenado à prisão perpétua.
Portanto, antes que o PiG (*) faça do Mandela o que tentou fazer do Déda – um bonitão, conciliador, que adorava ler poesia para as mulheres, e omitir sua historia trabalhista, ortodoxa …- vale a pena ir … à Argentina !
MANDELA Y FIDEL
Por Atilio A. Boron *
La muerte de Nelson Mandela precipitó una catarata de interpretaciones sobre su vida y su obra, todas las cuales lo presentan como un apóstol del pacifismo y una especie de Madre Teresa de Sudáfrica.
Se trata de una imagen esencial y premeditadamente equivocada, que soslaya que luego de la matanza de Sharpeville, en 1960, el Congreso Nacional Africano (CNA) y su líder, precisamente Mandela, adoptan la vía armada y el sabotaje a empresas y proyectos de importancia económica, pero sin atentar contra vidas humanas.
Mandela recorrió diversos países de Africa en busca de ayuda económica y militar para sostener esta nueva táctica de lucha. Cayó preso en 1962 y poco después se lo condenó a cadena perpetua, que lo mantendría relegado en una cárcel de máxima seguridad, en una celda de dos por dos metros, durante 25 años, salvo los dos últimos años en los cuales la formidable presión internacional para lograr su liberación mejoraron las condiciones de su detención.
Mandela, por lo tanto, no fue un “adorador de la legalidad burguesa”, sino un extraordinario líder político cuya estrategia y tácticas de lucha fueron variando según cambiaban las condiciones bajo las cuales libraba sus batallas.
Se dice que fue el hombre que acabó con el odioso “apartheid” sudafricano, lo cual es una verdad a medias. La otra mitad del mérito les corresponde a Fidel y la Revolución Cubana, que con su intervención en la guerra civil de Angola selló la suerte de los racistas al derrotar a las tropas de Zaire (hoy, República Democrática del Congo), del ejército sudafricano y de dos ejércitos mercenarios angoleños organizados, armados y financiados por EE.UU. a través de la CIA.
Gracias a su heroica colaboración, en la cual una vez más se demostró el noble internacionalismo de la Revolución Cubana, se logró mantener la independencia de Angola, sentar las bases para la posterior emancipación de Namibia y disparar el tiro de gracia en contra del “apartheid” sudafricano. Por eso, enterado del resultado de la crucial batalla de Cuito Cuanavale, el 23 de marzo de 1988, Mandela escribió desde la cárcel que el desenlace de lo que se dio en llamar “la Stalingrado africana” fue “el punto de inflexión para la liberación de nuestro continente, y de mi pueblo, del flagelo del apartheid”.
La derrota de los racistas y sus mentores estadounidenses asestó un golpe mortal a la ocupación sudafricana de Namibia y precipitó el inicio de las negociaciones con el CNA que, a poco andar, terminarían por demoler al régimen racista sudafricano, obra mancomunada de aquellos dos gigantescos estadistas y revolucionarios. Años más tarde, en la Conferencia de Solidaridad Cubana-Sudafricana de 1995 Mandela diría que “los cubanos vinieron a nuestra región como doctores, maestros, soldados, expertos agrícolas, pero nunca como colonizadores. Compartieron las mismas trincheras en la lucha contra el colonialismo, subdesarrollo y el “apartheid”… Jamás olvidaremos este incomparable ejemplo de desinteresado internacionalismo”. Es un buen recordatorio para quienes hablan de la “invasión” cubana a Angola.
Cuba pagó un precio enorme por este noble acto de solidaridad internacional que, como lo recuerda Mandela, fue el punto de inflexión de la lucha contra el racismo en Africa.
Entre 1975 y 1991, cerca de 450.000 hombres y mujeres de la isla pararon por Angola jugándose en ello su vida. Poco más de 2600 la perdieron luchando para derrotar el régimen racista de Pretoria y sus aliados. La muerte de ese extraordinario líder que fue Nelson Mandela es una excelente ocasión para rendir homenaje a su lucha y, también, al heroísmo internacionalista de Fidel y la Revolución Cubana.
* Director del PLED, Centro Cultural de la Cooperación Floreal Gorini.
(*) Em nenhuma democracia séria do mundo, jornais conservadores, de baixa qualidade técnica e até sensacionalistas, e uma única rede de televisão têm a importância que têm no Brasil. Eles se transformaram num partido político – o PiG, Partido da Imprensa Golpista.
Morreram milhares de angolanos na violenta guerra contra os Sul-africanos e não foi apenas a presença das tropas cubanas que mudou o curso da história na Africa Austral.
Agostinho Neto considerou que “no Zimbabwe, na Namíbia, e na África do Sul, está a continuação da nossa luta”.
Angola acolheu o ANC, a SWAPO e outros no seu território e pagou um elevado preço por isso.
Até hoje, a África do Sul não se predispôs a pagar as destruições avultadas às infraestruturas que atrasaram o seu desenvolvimento.
Nelson Mandela esteva preso enquanto a luta se desenrolava com Oliver Tambo e outros, enquanto Angola e Moçambique conquistavam as suas independências.
Mandela viveu de longe todo esse período.
No entanto a sua primeira viagem oficial como PR foi à Angola.
Depois afastou-se ou terá sido afastado, já que foi-se tornando a bandeira daqueles que o condenaram a prisão perpétua.
Mandela foi da luta armada contra a ditadura, recebeu apoio dos comunistas, éra amigo de Fidel Castro e Lula, foi chamado de terrorista pelos americanos...
Se Angola tivesse caído, as ditaduras racistas teriam se espalhado por todo o sul da Africa, e Africa do Sul, Botwasna, Zimbabwe, Angola, seriam todos grandes campos de escravos negros trabalhando em correntes para os senhores brancos europeus.
Mas, que interesses estão por detrás disto tudo?
Diamantes, tráfico de armas, tráfico de droga, muitos jogos de interesses e muitos milhões para os dois...e a liberdade de Mandela!
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