domingo, 14 de setembro de 2014
Elizabeth Stanton
Elizabeth Stanton, nasceu em Nova Yorque, em 1815, e dedicou a sua vida à causa da emancipação das mulheres, e participou activamente no movimento abolicionista.
O discurso foi lido na Convenção Sufragista, 1869, em Washington, e foi considerado um dos 50 melhores discursos da História.
" O elemento masculino é uma força destrutiva, inflexível, egoísta, ambiciosa, amante da guerra, da violência, da conquista, geradora, tanto no mundo moral como no material, de discórdia, desordem, doenças e morte.
Basta ver o rasto de sangue e crueldade que as páginas da História revelam!
Com quantas escravaturas, massacres e sacrifícios, com quantas inquisições e prisões, dores e perseguições, códigos negros e credos sombrios a alma da humanidade se debate há séculos, enquanto a compaixão virava a sua face e todos os corações estavam mortos para o amor e para a esperança!
O elemento masculino tem desfrutado de uma verdadeira folia carnavalesca.
Desde o início, foi crescendo descontroladamente, sobrepondo-se em todo o lado ao elemento feminino e esmagando as qualidades mais sublimes da natureza humana, até que, hoje, sabemos muito pouco sobre a verdadeira masculinidade e feminilidade- sobre esta, praticamente nada, pois mal foi reconhecida como uma força até ao séc passado.
A sociedade não passa de um reflexo do próprio homem, intemperada pelo pensamento feminino, é o rígido pulso de ferro que sentimos na Igreja, no Estado, no Lar.
Não é de admirar a desorganização e o estado de fragmentação em que tudo se encontra se pensarmos que o homem, que representa apenas metade de um ser e tem apenas meia ideia sobre cada assunto, assumiu o controle absoluto de tudo o que se passa sobre a terra.
"Dizem que o direito ao sufrágio vai tornar a mulher masculina"
Esta é exactamente a dificuldade com que nos debatemos hoje em dia.
Apesar de privadas de direitos cívicos, temos poucas mulheres na verdadeira acepção da palavra.
O que existe são apenas reflexos, variações e diluições no género masculino.
As características fortes e naturais da feminilidade são ignoradas e reprimidas devido à dependência, pois enquanto for o homem a alimentar a mulher, ela tentará agradar ao dador e a adaptar-se às suas condições.
Para conseguir conquistar uma posição na sociedade, a mulher deve parecer-se o mais possível com o homem, reflectir as suas ideias, opiniões, virtudes, motivações, preconceitos e vícios. Deve respeitar os estatutos masculinos, embora a despojem dos mais elementares direitos alienáveis e contradigam a lei superior escrita pela mão de Deus na própria alma da mulher.
A mulher tem de aceitar as coisas como são, e tirar delas o melhor partido possível, até que chegue a hora dum novo evangelho de feminilidade que exalte a pureza, a virtude, a moralidade e a verdadeira religião para elevar o homem a planos superiores de pensamento e acção...
O grande curador que é o amor feminino, se lhe fosse permitido manifestar-se livremente, como seria natural, contra a opressão, a violência e a guerra, restringiria as forças destrutivas, pois a mulher conhece o custo da vida melhor que o homem e, com o seu consentimento, nem mais uma gota de sangue seria derramada, nem mais uma vida sacrificada em vão.
No mundo natural, com toda a sua violência e agitação, assistimos a um esforço constante para manter um equilíbrio de forças.
A Natureza, qual mãe carinhosa, está constantemente a tentar manter nos seus respectivos lugares a terra e o mar e as montanhas e os vales, a apaziguar os furiosos ventos e vagas, a temperar os excessos de calor e de frio e de chuva e de seca, para que a paz, a harmonia e a beleza possam reinar supremas.
Há uma espantosa analogia entre a matéria e a mente, e a actual desorganização da sociedade avisa-nos de que, com a destruição da mulher, libertámos os elementos de violência e destruição que apenas ela tem o poder de controlar. "
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