(...)
Torpe dejecto de romano império;
babugem de invasões; salsugem porca
de esgoto atlântico: irrisória face
de lama, de cobiça, e de vileza,
de mesquinhez, de fátua ignorância;
terra de escravos, cu pro ar ouvindo
ranger no nevoeiro a nau do Encoberto;
terra de funcionários e de prostitutas,
devotos do milagre, castos
na hora vaga da doença oculta:
terra de heróis a peso de ouro e sangue,
e santos com balcão de secos e molhados
no fundo da virtude; terra triste,
à luz do sol caiada, arrebicada, pulha,
cheia de afáveis para os estrangeiros
que deixam moedas e transportam pulgas...
(...)
Jorge de Sena
in, QUARENTA ANOS DE SERVIDÃO
“Cada vez mais penso que Portugal não precisa ser salvo, porque estará sempre perdido como merece. Nós todos é que precisamos que nos salvem dele.
Mas sabe que não há maneira fácil?”
Carta de Jorge de Sena a Sofia de Mello Bryener
Li no Jornal de Letras há uns anos que, quando chegou a Portugal do exílio, depressa constatou que andavam todos a correr atrás do poder.
Foi o que disse a Mécia, justificando a sua vontade de regressar ao exílio após o 25 de Abril.
Depois da sua morte, Mécia de Sena ainda se viu grega para que acolhessem o património do escritor poeta.
A uma dada altura Mécia conta, em entrevista ao JL, que a família Soares não lhes ligou nenhuma.
Ao contrário da família Eanes.
Temos uma história recente de gente muito reles...muito reles...
Mas o povinho quer é Fado, Futebol e a Nossa Senhora de Fátima...
Foi o que disse a Mécia, justificando a sua vontade de regressar ao exílio após o 25 de Abril.
Depois da sua morte, Mécia de Sena ainda se viu grega para que acolhessem o património do escritor poeta.
A uma dada altura Mécia conta, em entrevista ao JL, que a família Soares não lhes ligou nenhuma.
Ao contrário da família Eanes.
Temos uma história recente de gente muito reles...muito reles...
Mas o povinho quer é Fado, Futebol e a Nossa Senhora de Fátima...
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