sexta-feira, 25 de abril de 2014

Pátria assim!





Para se amar uma pátria assim, com tal pompa e tal doçura, com tamanha e tão delicada memoria de ternura, será preciso que ela seja escrava, ao mesmo tempo, de um passado glorioso, e de um presente cujo escândalo seja em vileza diária a demissão de um povo, à culpa do estrangeiro que reinará nos palácios e nas praças, usurpando o verdadeiro senso de que só escravo se torna quem o era já....
Mas nós não temos de estrangeiros outros mais que nós.
Não dá portanto o que pensamos para tais doçuras.
Pois de nós mesmos - porcos - não brotam pátrias puras.


Jorge de Sena
in, 'Má Vlast', de Smetana, 
in Poesia II, Moraes, 
1978





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