sexta-feira, 22 de novembro de 2013
Porque me irrito com certas atitudes?
Esta frase sempre me deu um nó na cabeça...
Por exemplo:
Se alguém tem uma atitude egoísta comigo, e isso me irrita, isso não quer dizer que eu seja egoísta...
Ou se alguém tem falta de consideração comigo,e isso me tira do sério, não quer dizer que eu não tenho consideração pelos outros.
No entanto, aprofundando a questão, o que eu acho que Jung quer dizer, é que se uma atitude de outra pessoa me irrita, tenho de procurar descobrir o que me provoca essa irritação.
Será orgulho ferido, será o meu ego...
Ao ter consciência desses Corpos de Dor em mim,vou enfraquecê-los, e quando isso acontece, quando as pessoas tiverem novamente essas atitudes comigo,com as quais eu não me identifico, não me irá provocar mais irritação, mas sim indiferença.
Simplesmente digo o que tenho a dizer, se achar necessário,mas sem raiva, sem irritação e sem levantar a voz.
O silêncio por vezes é a melhor das armas.
Outra versão é a de Freud:
Freud chamou a isto de projecção (de tela de cinema)
Tudo que temos em nós, e não aceitamos, vemos projectado nos outros de forma gigantesca...
Isso se aplica a tudo que odiamos, tudo que mexe connosco...somos mas, não assumimos.
Ou seja, quem critica, se confessa.
Mas não é apenas um incomodozinho... é quando aquilo te irrita muito...aquilo que tu vês ali no outro é TEU, tu és assim e não aceitas isso em ti.
Tem também o outro lado da moeda...a paixão, aquilo que vemos nos outros que nos desperta esse sentimento..é coisa nossa..
Exemplo:
Tu querias aprender a tocar guitarra, e no entanto os outros ou tu mesmo aceitou/acreditou que não poderia...e recalcou.
Quando tu vês alguém a tocar bem...tu ficas deslumbrada...arrepias-te toda...apaixonas-te.
A pessoa que está ao teu lado no concerto...não vê da mesma maneira..aquilo é TEU, uma projecção TUA
Outro exemplo:
Tu vês uma pessoa a falar publicamente, ela fala com segurança, com força...
Tu ficas deslumbrada... isso significa que tu não te sentes segura, que tu não acreditas na tua força...
A partir do momento que tu percebes isso, e trabalhas a tua segurança e a tua força....tu paras de ver como GRANDES essas caracteriscas nos outros...
Apesar de reconhecer alguma veracidade nesta teoria de projecção de Freud, eu continuo a sentir e a identificar-me muito mais com a teoria de Jung!
Por isso escolhi esta foto!
Devo questionar-me sobre a razão de me irritar, de odiar ou de não tolerar determinada conduta ou característica. E assim poderei compreender-me melhor.
A pessoa que um dia sentiu vergonha de ter medo pode, em compensação, como uma tentativa desesperada e subconsciente de provar a si mesma e à sociedade que não é covarde, desenvolver o arrojo, adoptar condutas desafiadoras e repudiar a covardia, irritando-se quando vê isso nos outros.
Essa irritação é reflexo do próprio temor de ser covarde - é reflexo da covardia que um dia ele sentiu ou que ainda sente.
Trata-se da tal da projecção de Freud, que falei acima.
Mas os motivos da irritação podem ser diversos.
Às vezes, irritamos-nos com uma característica simplesmente porque supervalorizamos a característica oposta.
A pessoa pode irritar-se com os impontuais, ainda que não seja ele a "vítima" da impontualidade alheia.
Isso não quer dizer que tal sujeito seja um impontual em seu âmago, mas sim, que a sua auto-estima depende muito da manutenção ou valorização dessa característica.
Ele teme ser impontual (ou teme a reprovação social que ocorreria se ele fosse impontual),ou simplesmente toma a impontualidade como falta de consideração, o que não quer dizer, necessariamente, que ele seja assim em seu âmago.
Essa valorização do traço de carácter não é sadia - a irritação revela que não é.
Se há irritação, é porque há medo, há algo em nosso âmago que precisa ser conhecido e trabalhado.
Saber o motivo dessa irritação revela-nos algo sobre nós mesmos.
Se tu te questionares, conheceres o motivo da irritação, superares os teus medos, deixar de supervalorizar qualidades próprias, etc., a irritação ficará menor, e tu serás uma pessoa mais tolerante, equilibrada e sensata.
Este é um dos aspectos que tive de trabalhar muito em mim nos últimos 5 anos.
Jung ajudou-me bastante.
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