quarta-feira, 20 de novembro de 2013
.....alimentar a raiva
Pergunta – Quando surge um sentimento de raiva, o que é o melhor a fazer? Essa é uma grande dificuldade, controlar a raiva.
Monge Genshô – Você não deve tentar vencer pelo controle, isso é uma má técnica, pois o controle sempre falha. Você tem que investigar de onde vem a raiva e descobrindo a raiz poderá matar essa planta. É muito bom não manifestar a raiva, mas você deve ser capaz de perceber quando ela surge e detectar sua origem. Geralmente vem do orgulho, ou seja, essa pessoa está incomodando meu orgulho, então a raiva não nasce da pessoa que me ofende e sim de dentro de mim. Sou eu quem faço o sentimento existir. Tenho que descobrir dentro de mim a raiz que sustenta o sentimento que estou projetando sobre outra pessoa. Não são os outros que nos perturbam e sim nós que nos perturbamos com os outros.
Pergunta – Sim, entendo, só que parece que se eu não explodir a situação fica pior, pois vou continuar sentindo. Mesmo sabendo que é um sentimento inútil, ele continua presente.
Monge Genshô – Essa é outra ilusão. Se você o manifesta ele não irá diminuir, mas sim aumentar. A coisa funciona mais ou menos assim: você me diz algo que me causa raiva e eu respondo levantando minha voz. Você então retruca levantando ainda mais a voz. A cada resposta sua minha raiva se alimenta. A cada resposta e contra resposta o sentimento dos dois aumenta podendo chegar até mesmo à agressão física, ou seja, o que era ruim só piorou e as consequências cármicas são ainda maiores. Do ponto de vista Budista você não deve manifestar. Existem alguns momentos que merecem indignação e reação, mas você pode fazer isso sem raiva, sem perder a lucidez e sem levantar a voz. Tendo compaixão pela pessoa que faz algo errado. O que precisa é treinar como fazer.
Pergunta – Sim, eu tenho a compreensão, mas minha questão é como chegar na raiz e não deixar que ela obscureça.
Monge Genshô – Se você souber de onde vem é um grande começo. De onde vem? Por exemplo, se alguém me ofende, quem se ofende? Quem é esse que se ofende? O “eu”. E quem é o “eu”? Uma construção. Se o “eu” não está presente, quem pode ser ofendido? Algo que ajuda muito é pensar que tudo será esquecido e que tanto você quanto quem o ofende irá morrer. Não importa. Você pode olhar para a pessoa que o ofende e pensar: “quanta besteira ela irá morrer e eu também”.
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