domingo, 15 de junho de 2014

............viver na morte



“A MINHA DOR POR TER SIDO ABANDONADA PELA MINHA MÃE 
É UM PREGO NO MEU CORAÇÃO. 
É VIVER NA MORTE.”

TODAS AS MULHERES, salvo raras excepções, são, grosso modo, “abandonadas” pelas mães senão de forma concreta por vezes, pelo menos são-no quase sempre, ao nível afectivo e psicológico, quase sempre de forma subtil e de acordo com os preconceitos seculares.
Raras mães puderam ou souberam amar as suas filhas, dando-lhes valor ou liberdade, porque uma filha cujo destino é espelhar o seu próprio sofrimento oculto ou mitigado em forma de sacrifício à família, à sociedade e à religião, vai inconscientemente, fazer com que ela se distancie da dor previsível da filha, na proporção da sua própria frustração, ao não querer ou não saber enfrentar o seu próprio sofrimento proveniente da sua anulação como ser individual.

Logo que nasce, uma mulher está condenada a casar ou a não casar...a servir o homem ou o padre ou a prostituir-se e ser exilada...é quase sempre um peso para a família económica e “moralmente”, e o temor do que possa acontecer a uma rapariga que não tiver “dono” pesa na deformação da mulher.
Por essa mesma razão a mãe, inconscientemente claro, condena a filha ao mesmo destino de inutilidade por um lado e sofrimento por outro, e acalenta exclusivamente toda a esperança no filho macho assim como todo o seu orgulho ou vaidade. 
O filho é homem e vai vencer por ela ou “vingar” na vida (e a ela) e o ciclo é vicioso...
Com diferenças maiores ou menores de acordo com o nível económico da família, de educação ou das culturas e tradições dos países e religiões de origem, o facto é que a mulher em todo o mundo não deixou de ser ainda vítima de um preconceito milenar.

A sociedade patriarcal ao perpetuar a inferioridade da mulher e ao condená-la a um papel secundário de submissão e subalternidade, pôs e continua a por em risco o equilíbrio da sociedade em que vive e não percebe que todos os males que a assolam passam por esse abismo que se criaram entre o homem e a mulher e que não basta haver no Ocidente, uma aparente liberdade ou igualdade sem a consciência do ser profundo da mulher mágica e da Deusa que esta mesma sociedade patriarcal renegou há milhares de anos. As mulheres foram e são as grandes vítimas da influência nefasta e redutora da mulher pela religião judaico-cristã! e o mundo inteiro com elas - pois as mulheres são as mães dos homens, convém não esquecer!

- Como sabemos hoje em dia foram os hebreus e outros grupos (equeus e dórios) de sacerdotes guerreiros que invadiram e destruíram as sociedades pacíficas onde as mulheres viviam em harmonia e consequentemente em paz com os homens.
Viviam em paridade no que se pressupõe ser uma forma de matriarcado, com os seus rituais de fertilidade e dádiva, com os ciclos da vida e da natureza, respeitando as estações, as colheitas e as fazes da lua a que correspondiam as suas “regras” etc., quando chegaram os invasores bárbaros e destruíram esse equilíbrio e começaram a implantar as suas leis de nómadas do deserto que trouxeram o seu deus iracundo, um deus misógino e dominador, que considerava as mulheres imperfeitas e inferiores.
Essa parte da história tal como o Feminino Mágico, o tempo das sacerdotisas do amor sagrado como ritual e iniciação ao amor da Deusa, em que a Mulher era a Matriz, ficou relegada para os subterrâneos da “pré-história”...onde esses invasores bárbaros só trouxeram com o seu deus, dor, escravidão, morte e destruição...

Sylvia B. Perera
in,“CAMINHO PARA A INICIAÇÃO FEMININA”




Claramente o que aconteceu entre mim, e a minha mãe...
Uma mulher completamente dominada pela Igreja, pelo que a sociedade espera das mulheres, uma mulher completamente separada da sua essência...
Ainda hoje, com 64 anos é assim...o abismo entre nós é enorme.


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