sábado, 21 de junho de 2014

A Picoas


Um homem ainda jovem mas já grisalho, nos seus 42 anos digamos assim, fala ao telemóvel encostado a um canto do apeadeiro. Fala como se sussurrasse ao ouvido esquerdo de alguém, alguém que ama ou parece fazer por amar. Fala ao hemisfério direito do lado de lá, o dos amores que se querem calmos e bonitos.

Quero-te feliz e muito feliz e que seja culpa minha.
Quero-te leve e alegre e que seja culpa minha.
Quero-te com volúpia (e sem aborrecimento) e que seja culpa minha.
Quero-te segura porque os meus braços te seguram, as mãos te agarram, e que sejam as minhas.
Quero-te porque sempre te quis e não há culpas de nada.
Quero-te porque te quero, porque foste sempre tu.
Amor de longe, amor de sempre...

Por isso, e agora escuta bem, escuta bem no fundo (onde se perdoam os maiores erros de expressão).
Perdoa-me se a força do meu amor desastrado transborda e por vezes, muitas vezes, não sei que lhe faça.

Tiago Salazar
Ouvido no Metro VI

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