segunda-feira, 4 de julho de 2011

Ítalo Calvino


Gostar de Calvino deixa marcas.
Os livros de Calvino passam por nós, apaixonam-nos, deixam gravados na nossa cabeça um novo vocabulário, um novo vício, uma marca profunda. É tipo um impacto que não controlamos.

Calvino gravou na minha cabeça a ideia de que existe algo chamado impossibilidade possível!
Levou-me a acreditar que o que sabemos realmente não poder acontecer, afinal, pode.

Nunca ninguém escreveu como ele...

E quando começamos a entrar no mundo de Calvino, começamos a ler o que ele escreveu como se fosse parte da nossa realidade, do que está mesmo ao virar da esquina. E isso tem as suas consequências…

Por causa de Calvino, a minha geografia passou a ser bastante imprecisa, o meu mapa-múndi está cheio de cidades que existem e de outras, invisíveis e inexistentes, que não existindo existem também. O Cosmos e a sua criação, sobre o qual sabemos ainda tão pouco, passou a ter mais uma hipótese, tão real como as outras, dada a forma tão extraordinária como escreve.

E fazer isto, não significa uma substituição da realidade por alguma outra coisa. Apenas abre o caminho ao inesperado e obriga-me a questionar o visível e o que tenho como adquirido. Cria espaço para os paradoxos e para a insubstituível dinâmica que estes provocam.

De certa forma, é como viver em cima de um vulcão e esperar que lá também nasçam flores!

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