sexta-feira, 29 de julho de 2011

Albert Camus - " O Estrangeiro"



Albert Camus, escritor francês nascido na Argélia e vencedor do prémio Nobel de Literatura em 1957, insere o absurdo da existência na obra que o consagrou: “O Estrangeiro”.
Mersault, o personagem central e narrador do romance, recebe a notícia da morte de sua mãe logo no primeiro parágrafo do livro:
“Hoje, mamãe morreu. Ou talvez ontem, não sei”.

A partir daí o que se vê é o limiar da crise existencial:
Mersault nada sente no funeral de sua mãe, comete um homicídio com uma frieza incalculável, é preso e levado a julgamento. No tribunal, o que assusta a todos não é o facto de Mersault ter matado um homem a sangue-frio, mas sim sua pertinente insensibilidade diante da perda da mãe.
Quando finalmente condenado, continua a agir como se a vida não fizesse sentido algum, e isso fica evidente quando Mersault, na prisão, encontra-se com o capelão (padre) e narra:
“Disse-lhe que não sabia o que era um pecado. Tinham-me apenas dito que eu era um culpado”.

A filosofia existencialista de Camus pode parecer cruel aos leitores, mas torna-se suportável quando aceita-se o absurdo como a existência em si.
"O director olhou então para as pontas dos sapatos e disse que eu não quisera ver mamãe, que não chorara uma única vez e que partira logo depois do enterro, sem me recolher junto ao túmulo.
Ainda outra coisa o surpreendera: a agência funerária lhe dissera que eu não sabia a idade de mamãe."

(Trecho do livro)

1 comentário:

  1. É sem duvida uma grande obra.
    Se a personagem tem um comportamento absurdo isso deve-se um pouco ao facto de nunca mentir ao longo do livro.

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