quarta-feira, 25 de maio de 2011

O medo de ser Bruxa


“Quando se fala de verdade para alguém, tal verdade abala os fundamentos de uma premissa, este momento se torna uma encruzilhada na estrada. Do mesmo modo, quando se perde a verdade, Hecate é a sabedoria interior que prepara a pessoa para ouvi-la. Às vezes, a pessoa pode encontrar-se inesperadamente no entroncamento de Hecate quando algo acontece que a coloca na berlinda. Pode ser uma exposição pública que exija uma declaração oficial. Ou sabendo que “calar é consentir”, a pessoa pode dar-se conta de que esse é o momento de se contar a verdade doa a quem doer. À parte o facto da influência que se possa ter sobre a situação, tais momentos de decisão são verdadeiros aparadores de arestas da alma.


Às vezes, quando se sabe o que se tem a fazer pode parecer meio herética, surge um medo irracional, uma reacção emocional que parece antecipar o grito de “Queimem a Bruxa”. Esse medo é transpessoal e parece estar alojada na psique feminina, bem próximo da superfície, onde ainda se esconde o pavor de ser rotulada e perseguida como feiticeira. Sentir o medo e fazer o que precisa ser feito, não obstante exige muita coragem. Com o efeito do campo mórfico, quanto mais mulheres confrontarem esse medo colectivo, mais fácil se tornará para outras fazerem o mesmo.
Quando Perséfone voltou do mundo subterrâneo, Hecate tornou-se a sua companheira constante. E assim funciona connosco. A sabedoria de Hecate se adquire com a experiência da vida – de se ter vivido uma longa vida. Com Hecate, a idade se torna sabedoria.


In, As Deusas e a Mulher Madura 
Jean Shinoda Bolen

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