terça-feira, 31 de maio de 2011

Blake


‎"Satã é uma mutação da grande mãe"
Não há sexo sem submissão à mãe natureza. 
E a natureza é um domínio feminino."

Blake ressuscita a deusa sedenta de sangue dos antigos cultos mistéricos, com o seu sensaconal barbarismo asiático. Deseja vencê-la. Mas ao atacá-la limita-se a criá-la e a confirmar o seu poder. Ironicamente Blake torna-se seu escravo e seu porta-voz, uma voz a clamar no deserto.
Não há obra literária onde a Voz da Grande Mãe seja tão violentamente expressiva como em Blake.

A mulher diabolizada e a mulher fatal...são a sombra da mulher que a religião opõe à Mulher religiosa, casta e fiel...à mulher submissa, a eva sem desejo mas... com pecado. Hoje vive-se a mesma a sua condenação nas ideias difundidas pela nova era sobre uma mulher pura, virginal, ascendida, em contacto com as energias masi puras do cosmos...tal e qual a nossa senhora imaculada. Igual...a mesma negação da mulher sombra, terra natureza instintiva...uma mulher sem pecado...em nome não de deus pai mas da ascenção...

Não há nada que mais me choque do que esta negação persistente da natureza humana e da Terra, da maravilhosa manifestação de todos os seres e a obsessiva apologia de um pureza imaculada (bem cristóide) e dos céus e anjos como fonte única de realização humana...Como se partíssemos do princípio de que a Natureza a Mulher e a Lua são negativas e malignas e só os céus...a ascenção, a pureza do além, uma realidade a almejar!
A mim choca-me ainda amais as mulheres negarem-se na sua essência mulher-mãe-terra para se elevarem aos céus como beatas com os seus padres...agora mentores nova era.

‎" (...) A grande tarefa civilizacional, talvez a mais urgente nos dias atuais, consiste no resgate do princípio feminino. Chamo atenção para o fato de que não falo de categoria feminino/masculino, mas de princípio feminino/masculino (...)"
O resgate do princípio feminino

Leonardo Boff





Faz-me lembrar esta música, "Super-Homem" de Gilberto Gil:

‎" Um dia vivi a ilusão de que ser homem bastaria
Que o mundo masculino tudo me daria
Do que eu quisesse ter

Que nada, minha porção mulher que até então se resguardara
É a porção melhor que trago em mim agora
É o que me faz viver

Quem dera pudesse todo homem compreender, ó mãe, quem dera
Ser o verão no apogeu da primavera
E só por ela ser.(...)"

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