quarta-feira, 2 de outubro de 2019

Pachachaka - a Ponte Cósmica, a Ponte da Eternidade


Ponte Q'eswachaka
Perú






Kantu perguntou a Mama Maru:
- Avó, por que é que existem famílias felizes e famílias infelizes?
Em toda a minha vida, só conheci um casal feliz e, ao que me parece, a mulher deste casal corresponde precisamente à descrição de Verdadeira Mulher que tens estado a fazer. E, no entanto, não percebo como aquela mulher conseguiu moldar o próprio carácter e a própria maneira de encarar o mundo, ao carácter e maneira de ser do marido.
- Provavelmente, essa mulher preparou-se para se tornar uma verdadeira mulher e, depois, usando a própria energia interior, fez a Pachachaka, ou seja, a Ponte Cósmica, a Ponte da Eternidade.
É possível que ela tenha feito transitar o seu marido através daquela ponte, conduzindo-o até ao Oceano do amor em que reside o Divino.
- Não entendo - disse Kantu.
- As mulheres que entravam no Templo do Puma aprendiam a construir uma ponte; era uma das provas que tinham de superar. Tu mesma, para superares a prova, terás de demonstrar que consegues fazer a Pachachaka para, depois, conduzires até à eternidade o homem que amas.
Através da mulher, o homem pode chegar ao absoluto; é por isso que é importante para a mulher aprender a orientar a própria energia. A mulher tem o poder de libertar o homem do materialismo.
Nesta vida, se uma mulher consegue fazer de maneira a que o homem se encaminhe para a plena auto-realização, este ficará a seu lado como um discípulo. Graças a ela, o homem receberá o fogo que lhe permitirá ser Criador. Caso contrário, estará condenado a ser escravo do próprio materialismo.
Se a mulher conseguir fazer essa ponte de energia, o homem que a percorre ficará a saber que é ela o caminho capaz de o conduzir à Divindade.
É por essa razão que a verdadeira mulher se deve entregar completamente ao seu homem; só se dando totalmente a ele, este receberá a força e a energia necessárias para atravessar a Pachachaka e chegar junto da Mãe Divina e do Pai Divino, reconhecendo-se como seu filho. Perante a divina presença, tornar-se-á um Verdadeiro Homem, isto é um Runa (ser humano que vive em harmonia com a Natureza), um ser humano amoroso, respeitador, estudioso da vida.
- Agora começo a perceber como certas mulheres conseguiram ter influência sobre os seus companheiros, apesar de não serem fisicamente bonitas - reflectiu Kantu.
- Naquele lugar, templo do espaço e do tempo, a mulher aprendia a entrar em harmonia e em paz consigo mesma. Nos dias de hoje, nas cidades, milhões de mulheres vivem em completa desarmonia. A harmonia é fundamental para que cada elemento se ajuste à unidade chamada Ser e a mulher possa gozar a vida com calma, tranquilidade e segurança.
A mulher que conhece a harmonia mantém a serenidade até nos momentos mais difíceis; os seus olhos reflectem a pureza da sua alma e iluminam-se com a sua beleza interior, aquela que nunca se deteriora. Com o passar dos anos, a sua beleza física ressentir-se-á dos efeitos do tempo, a beleza interior usufruirá do amadurecimento, aumentando cada vez mais.
Uma mulher harmoniosa goza de maior saúde e juventude, que devidamente partilhadas com o seu companheiro, prolongarão a sua existência. O seu corpo será uma panaceia para o seu companheiro e, graças à sua enorme energia vital, poderá aliviar e curar as doenças de maneira mais rápida e doce.



Hernán Huarache Mamani
in, A Profecia da Curandeira






Trilogia Inca:  O Condor, O Puma e A Serpente
Aguas Calientes (Machu Picchu Pueblo)


NOTAS - 

1- A Ponte Q'eswachaka fica acima do Rio Apurimac, à cerca de 11,811 pés acima do nível do mar na província de Canas, cerca de 160km ao sul de Cusco. "Q'eswachaka" é um nome nativo formado por duas palavras em Quechua: "Q'eswa" que significa "trançar" e "Chaka" que significa "ponte". Esta ponte é muito especial pois foi construída da maneira Inca original, feita com um tipo especial de capim tecido (q'oya). O material e as técnicas de construção tem sido passadas de geração em geração desde os tempos Incas, desde que a primeira ponte foi construída no século 15. Esta ponte impressionante possui 33 metros de comprimento e 1.20 metros de largura, balançando à 15 metros do rio. Ela é reconstruída a cada ano em um esforço coletivo. Cerca de 1000 camponeses das comunidades de Winchiri, Ccolana, Quehue, Chaupibanda e Choccayhua estão envolvidos na construção desta ponte Inca única.

2- Se visitarmos Cusco e Machu Picchu, notaremos que as representações mais comuns de animais são três: o condor, o puma e a serpente. Essas 3 criaturas representam o céu, a terra e o mundo dos mortos. Hoje, a trilogia Inca está presente nos artesanatos e pinturas da Maravilha do Mundo.

3- Qual foi o modo de pensar dos incas?
Os incas tinham uma concepção panteísta do mundo. Ou seja, o sol, a lua, a terra, as plantas, os animais e tudo o que os rodeia são seres divinos que têm vida.
Seus principais deuses eram o sol (Inti), a terra (Pachamama), a lua (Killa), o raio (Illapa), as montanhas (Apus) e muitas outras divindades.
Os incas adotaram o modo de pensar dos habitantes dos Andes que os precederam. Assim, concluíram que o deus andino ‘Huiracocha‘ criou o mundo e foi representado por essas divindades da natureza.
O mundo foi dividido em três planos: o mundo acima ou os deuses (Hanan Pacha), o mundo terreno ou vivo (Kay Pacha) e o mundo abaixo ou os mortos (Uku Pacha).
Os incas acreditavam que os homens vêm da terra ou do mundo dos mortos. Então eles viajam pelo mundo dos vivos. Finalmente, eles ascendem ao mundo dos deuses.
O Inca era o “filho do sol”, mediador entre o mundo dos vivos e o mundo dos deuses. Seu poder era infinito e não podia ser discutido.

4- Como era a religião Inca?
Os incas eram politeístas. Para eles, havia vários deuses na natureza: o sol, a lua, a terra, as estrelas, o raio, etc.
Estas são as principais divindades incas:

Sol (Inti) – O sol era a principal divindade inca. O sol era o marido da ‘Pachamama’. Deu luz e vida às coisas. O Inca era o filho do sol para o que era sua representação no mundo dos vivos. Em sua homenagem, o Coricancha foi construído e o Inti Raymi foi celebrado.

Terra (Pachamama) – A ‘Pachamama’ era a deusa da fertilidade. Ela foi representada como uma mulher. Sua origem é muito mais antiga que os incas. Os incas fizeram oferendas com chicha, coca e até sacrifícios de animais. Muitos desses costumes ainda são mantidos no homem andino de hoje.

Lua (Keel) – A lua era a esposa do sol. Essa divindade protegia as mulheres do império e regulava os ventos e o estado do mar. Os incas criaram muitos recintos para venerar a lua. O mais importante é no templo de Coricancha.

Raio (Illapa) – Esta divindade inca decidiu as tempestades, as chuvas e os relâmpagos. Os incas o adoravam porque acabava com a seca. No entanto, eles também temiam porque causou inundações e morte. No Coricancha, ele tinha um recinto destinado a sua adoração.

Montanhas (Apus) – Os Incas, como os homens dos Andes muitos séculos atrás, adoravam as montanhas. Essas divindades eram locais e forneciam sorte e proteção às pessoas. Os mais importantes foram os picos mais altos. Por exemplo, os principaisIncas ‘ Apus‘ eram o Salkantay e o Ausangate. Até Machu Picchu era uma montanha adorada pelos incas.

Wiracocha – Essa divindade era o deus criador que vivia no mundo divino. Seu culto estava muito arraigado nas civilizações antes dos incas. Os mitos dos Incas consideram-no o criador do sol, da lua, das estrelas e de tudo na natureza. Os incas o adoravam, embora não com ênfase se comparados ao sol. Foi representado com 2 equipes para o que também foi chamado: o deus dos cajados

5- O que representa o Condor, o Puma e a Serpente?
O condor, o puma e a serpente eram 3 animais que representavam a cosmovisão dos Incas: o mundo superior dos deuses, o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.
O Condor para os incas
O condor era um pássaro sagrado para os incas que acreditavam que ele ligava o mundo superior (Hanan Pacha) ao mundo terreno (Kay Pacha).
O condor (Kuntur em Quechua) é um pássaro preto grande que vive principalmente nas montanhas dos Andes da América do Sul. Devido à sua capacidade de sobrevoar 5 mil metros acima do nível do mar (16.404 pés);
Para a visão de mundo inca, era o único animal que podia se comunicar com o mundo dos deuses e das estrelas.
Atualmente, o condor ainda é um pássaro sagrado para os homens dos Andes. Em algumas cidades do Peru, o ritual andino conhecido como ‘Yawar Fiesta‘ (Festival do Sangue) ainda é celebrado, o qual tem o condor como protagonista principal.
O Puma para os incas
O puma é um símbolo de força, sabedoria e inteligência. Representa o “Kay Pacha”, palavra quéchua que significa “o mundo dos vivos”. Suas características são paciência e força.
O puma andino é a subespécie do puma que habita os territórios da América do Sul. O puma adaptou-se às áreas tropicais bem como aos terrenos acidentados do Ande. É caracterizado pela sua força e agilidade. Para os incas, era um animal divino que representava o poder do mundo.
Acredita-se que Cusco, a capital do império dos Incas, tem a forma de um puma. A cabeça deste animal é encontrada na fabulosa fortaleza de Sacsayhuaman. A linha está no templo de Coricancha.
A Serpente para os incas
A serpente representou o infinito para os incas. A serpente simboliza o mundo abaixo ou o mundo dos mortos (o Ukhu Pacha). Quando as pessoas deixaram o mundo terrestre, elas se juntaram a essa outra dimensão representada pela serpente.
Para os Incas, a serpente também representava a sabedoria. Nas paredes do ‘Yachaywasi‘ (Casas dos Sabres Incas), havia representações de serpentes.
Um dos mais importantes templos da cidade inca de Machu Picchu é dedicado ao condor. Este edifício está esculpido em 3 dimensões: seu corpo é esculpido de pé enquanto sua cabeça está na forma de um altar no chão.
A serpente (‘Amaru‘ na língua quíchua) é atualmente um símbolo de má sorte para as pessoas. Acredita-se que o súbito aparecimento desses animais simbolize a morte ou problemas na agricultura.

6- A trilogia Inca em Machu Picchu
Os incas representavam sua visão do mundo nesses três animais: a serpente, o puma e o condor.
Essa representação é atualmente chamada: a trilogia Inca.
A trilogia Inca foi representada em muitos edifícios de Cusco. Em Machu Picchu, o Templo das 3 Janelas simboliza essa visão do mundo: o mundo dos deuses, o mundo dos vivos e o mundo dos mortos.
Atualmente, a trilogia inca está representada em inúmeras artesanato do Cusco.
Podemos encontrar desde esculturas, pinturas, jóias, roupas e acessórios com este símbolo.
Na cidade de Aguas Calientes (Machu Picchu Pueblo) há uma escultura de um Inca cercada por um puma, um condor e uma serpente (foto acima).
Da mesma forma, na cidade de Cusco, o Vale Sagrado dos Incas, a trilogia inca está em muitas outras representações.









Sem comentários:

Enviar um comentário