domingo, 27 de outubro de 2019

Lua Nova em Escorpião





Hoje temos a lua nova no grau 5 de Escorpião.


Na lua nova, a Lua e o Sol ficam lado a lado, exactamente no mesmo grau .
A Lua "desaparece" no céu, pois não é capaz de reflectir a luz solar.
Um momento de escuridão com um potencial criativo extraordinário.

Na escuridão abre-se um espaço para a luz. 
Esta lua nova é particularmente tensa. 

Para além de ser num signo que nos conduz à regeneração constante, à morte do que em nós é sombrio para que possa emergir a luz, será em oposição a Urano em Touro e, os seus dispositores, Marte e Plutão, estão em quadratura. 

As crises que os processos escorpiónicos nos trazem, levam em última análise, ao confronto connosco, à necessidade de sairmos da letargia do que sempre foi e precisa deixar de ser. A tirar da nossa lama emocional a hidra e cortar-lhe as cabeças.

A oposição de Úrano traz urgência ao processo e também ordem.
Não no sentido da arrumação mas, pelo contrário, de desarrumação.
A ordem é a do Céu. Enquanto acreditarmos que o controlo nos traz ordem... continuaremos pequeninos, presos nas areias movediças do nosso inconsciente.
Urano desarruma o que nos impede de encontrar O Caminho. 
Muitas vezes, essa desarrumação traz insegurança através do aparente caos. O universo não é caótico e, por isso, por trás do aparente caos que as vezes se instala na vida, está a certeza de que uma nova ordem está pronta a manifestar-se. 

A quadratura de Marte e Plutão, impele à acção, movimento.
Nem sempre a accao e o movimento são para fora.
Melhor do que levarmos um empurrão é tomarmos a decisão de começarmos a caminhar. Verdadeiramente caminhar. Se corres, Pára! Pergunta-te para onde e, mais importante ainda, para quê. Se o para quê não te vier da alma... Pára! Se calhar não é por aí.

Esta Lua Nova é um bom momento para contactar com medos escondidos, bloqueios, padrões que nos limitam – transmutar, alquimizar... consciencializar e largar o que nos assombra.

É sempre uma oportunidade para abrir uma porta para o inconsciente e encontrar tesouros escondidos pois, só assim, podemos viver o poder da verdadeira Vontade. Assumamos a responsabilidade pela limpeza e purificação das nossas águas. Um momento para criar a verdade de cada um na certeza que somos apenas uma parte de um Todo e, enquanto parte, temos a essência do Todo.


Vera Braz Mendes







Escorpião

“… E era de manhã quando Deus parou diante das suas doze crianças e em cada uma delas plantou a semente da vida humana. Uma por uma, dirigiram-se a Ele para receber a sua dádiva. (…)
A ti Escorpião, dou uma tarefa muito difícil. Terás a habilidade de conhecer a mente dos homens mas não permito que fales sobre o que aprenderes. Muitas vezes serás magoado pelo que vês e em tua dor te afastarás de Mim, e te esquecerás de que não sou Eu, mas a perversão da Minha Ideia que causa a tua dor. Terás tanto do homem, que chegarás a conhecê-lo como animal, e lutarás tanto com o teu instinto animal dentro de ti, que perderás o teu caminho; mas quando tu finalmente voltares para Mim, Escorpião, eu terei para ti a suprema dádiva do Propósito. E Escorpião voltou ao seu lugar.”

In, Os Nódulos Lunares – Martin Schulman



Escorpião, signo de água, é o oitavo do zodíaco.

Signo fixo, concentra através da água o ar libertado em Balança e cuja distribuição será feita pelo fogo de Sagitário. Depois da relação, do equilíbrio, do “casamento” em Balança, é necessário aprofundar, “entrar na intimidade do quarto” onde as paixões, os jogos de poder, o que está oculto é vivido intensamente e nos levam ao confronto connosco. É necessário entrar nas águas emocionais e integrá-las. Escorpião simboliza o lado profundo, transformador, regenerador da vida. O que está reprimido, escondido, oculto – o tabu. Escorpião é penetrante, magnético, procura fusão e, por isso, a sua ligação com o sexo - o canal perfeito para libertar energia reprimida, estagnada, primitiva… mas também simbolizando transcendência... do Eu. A fusão implica entrega.

Como dizem os franceses “petite mort” – experiência de transcendência pouco depois do pico do orgasmo.


Escorpião é regido por Marte e Plutão.

“Plutão, co-regente de Escorpião, é o deus do infra mundo, a carga subterrânea das origens ainda presente em cada um de nós. Força animal, cega, irracional, traduz-se em luta pela posse e pela sobrevivência. Marte, co-regente de Escorpião, mostra-nos o impulso activo, o desejo, tendencialmente obstinado, intenso, de uma agressividade introvertida, elevada à máxima potência pelo poder abissal de signo.
A Casa 8 pertence a Escorpião e é a 2ª Casa cármica, em que o Eu se confronta com a prisão obscura do seu próprio passado. Obriga a exorcizar antigos medos. É a carga psíquica e instintiva condicionada pelo desejo. É a vida sentida como obsessão de sobrevivência. O Signo e os Planetas que se situam na Casa VIII agem pressionados por memórias irracionais de mal-estar inconsciente. Afirmam-se frente aos outros através de uma qualquer forma de poder: material, sexual, ou psíquico. A Casa 8 é uma área de regeneração, de transformação interior, por isso é chamada a Casa da Morte". 
António Rosa - in, Cova do Urso


Mal fadado, incompreendido, certamente mal amado, não simbolizasse ele, o Escorpião, a Hidra, monstro de nove cabeças que vive escondido nas águas escuras, nas areias movediças do nosso inconsciente. Á espreita, sempre à espreita… Na sombra alimenta-se do medo, dos dejectos psíquicos, da nossa própria imperfeita natureza humana. Hidra, monstro, Ego, corpo de desejo, corpo de dor… tantos nomes que afinal correspondem tão só e apenas a uma ilusória necessidade humana - luta pela sobrevivência que nos impele a fugir das sombras ou a viver nelas.

Luta contra a inevitabilidade da rendição ao poder da vontade da Alma. Rendição que, simbolicamente, acontece no oitavo signo, na oitava casa, na Porta Oculta do Escorpião. Depois da morte, há sempre renascimento. Como Fénix, o Ego morre e, como tudo na vida, renasce das cinzas para se colocar ao serviço da Alma. Até lá, tarefa difícil a de trazer à consciência, iluminar um inimigo tão poderoso.

Como na história de Hércules, cortamos uma cabeça à Hidra e no seu lugar nascem duas. Enquanto Hércules lutou com a Hidra dentro de água não a dominou. Foi então que se lembrou das palavras do seu mestre: elevamo-nos quando nos ajoelhamos e triunfamos quando nos rendemos. Hércules ajoelhou-se, tirou o monstro da água e ergueu-o no ar. Retirou-lhe a força e venceu. Uma das cabeças da Hidra era imortal e continha uma jóia que Hércules enterrou. Nenhum problema, nenhuma sombra é integrada no nível em que aparece, é preciso subir de nível.

O reconhecimento da nossa Hidra, a sua transmutação, são a verdadeira alquimia - a jóia – Poder da Vontade centrada, canalizada conscientemente na construção do Caminho.

O processo de Escorpião é a própria vida, está sempre a acontecer.
Todos temos no caminho este processo, metamorfose constante, morte e renascimento.

A casa 8 de um Mapa Natal, os planetas que trazemos em Escorpião e a casa que abre com Escorpião é o que em nós tem de morrer para renascer.

No Ser Humano, nas plantas, nos animais, é a permanência da impermanência, e como dizia Lavoizier “na natureza nada se cria, nada se perde, tudo se transforma”.




Vera Braz Mendes






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