sexta-feira, 30 de novembro de 2018

Poema I





A carga do desejo
e os corpos molestados…,
se o amor proibido esquece a condição
que os reprimia e avança sem fronteiras
até deixar que o laço se produza,
até que o sangue ferva
no cerne do prazer,
e cada vez a dor seja maior
quando os gritos transpiram o suor
dos loucos movimentos do delírio,
quando o franger dos ossos
quase que rasga acutilante a carne,
quando o amor se faz anunciar
mas tarde em sobrevir
Porém ele acontece. E sob os corpos
doloridos. Exaustos,
vai-se apagando a carga do desejo.


António Salvado
in, Odes





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