O funcionamento do mundo foi por alguns atribuído a um Criador espantosamente metediço, mas incorpóreo, a guiar activamente cada electrão, quark e fotão até aos respectivos destinos. As minhas entranhas revolvem-se perante esta visão extravagante do funcionamento do mundo e a minha cabeça segue o mesmo caminho das entranhas.
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Deixe-me considerar teologia e filosofia separadamente.
Acho que a teologia se limita a fingir uma explicação ao decretar que existe um deus que criou tudo, e algumas pessoas ficam satisfeitas com essa explicação. Mas é totalmente vazia porque, em primeiro lugar, não existe qualquer prova da existência de um deus; e, em segundo lugar, como pode um deus criar coisas, como pode um deus criar o Universo. Essa perspectiva é demasiado fácil. Os teólogos apresentam respostas fáceis, enquanto os cientistas precisam de muito trabalho para compreender e explicar. Nós, cientistas, estamos a chegar gradualmente a um ponto em que poderemos dar uma resposta verdadeira àquilo que os teólogos fingem compreender.
Mas a filosofia é outra coisa… Está algures entre a teologia e a ciência. A diferença entre filósofos e cientistas é que os filósofos são pessimistas, ao passo que os cientistas são optimistas.
Os filósofos dizem:
“Nunca compreenderás, está para lá da compreensão humana.”
Enquanto os cientistas dizem:
“Espera só um pouco, havemos de lá chegar.”
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A ciência e a religião são totalmente incompatíveis.
Basicamente, a religião diz:
“O teu cérebro é demasiado insignificante para compreender, nunca compreenderás. Há apenas a possibilidade de poderes perceber depois de morreres.”
Eu prefiro o conhecimento deste lado do túmulo.
Peter Atkins
in, Como Surgiu o Universo
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