Houve alguém que encontrou mapas,
esquemas, modelos, a marca d’água
de uma linha na profusão da mente.
Isso, o vestígio que arruinava
a visibilidade de todas as metáforas,
não era uma cidade, antes a selva
crepuscular que, sedutora, nos envolve
quando queremos morrer.
E não quererás tu morrer
quando desapareces na ininteligível
exposição metafórica do mundo?
A carne das coisas tem
um brilho de cristal, mas esse
brilho engana, é o efeito apenas
de uma luz sem origem, a luz
do desespero. Tudo o que pode salvar,
se é ainda legítima a decisão
que está aí, no traço que, espesso,
reclama a impressiva nostalgia
daqueles que se atribuíam ao infortúnio
numa encruzilhada de gratificações,
de frutos amargos e de poesia,
tudo o que pode salvar
é um eco do que salva.
Tudo o que podemos amar
é um eco desse eco,
o drama dos espelhos outra vez.
Luís Quintais
in, Riscava a palavra dor no quadro negro
Sem comentários:
Enviar um comentário