Nem sombra de fantasma dentro da máquina.
Ser apenas máquina.
Uma máquina de ler.
Uma máquina de dar de comer aos filhos.
Uma máquina de escrever sem qwerty ou azerty,
irreconhecível, mas uma máquina em todo o caso.
Uma máquina de foder.
Uma máquina de beber.
Uma máquina ser erro maquínico.
Uma máquina sem improvável intenção,
melancolia, elegia, meta-representação mortal
e desabrida.
Uma máquina que se finasse depois, sem dor,
de pura obsolescência.
Uma máquina sem dor nem tédio.
Uma máquina sem estados de alma.
Uma máquina sem alma.
Luís Quintais
in, "A Noite Imóvel"
Sem comentários:
Enviar um comentário