E é-me indiferente estar aqui.
Sempre que posso fujo, fujo no olhar que cegou o meu.
Porque eu fujo e vou com tudo aquilo que me chama e me toca.
Vou com o azul dos olhos do marçano ali da esquina,
vou com as folhas das árvores no Outono da minha rua,
vou com a noite à procura da manhã sobre o rio.
Vou pelos arranha-céus acima e contemplo dos altos terraços o sono esbranquiçado dos mortos.
Vou com o teu corpo que me desgasta a memória doutros corpos
e me transforma em esquecimento…
vou, vou sempre, pela humidade dos cardos presos em tua boca.
Al Berto
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