quinta-feira, 5 de outubro de 2017

.............................. vou




E é-me indiferente estar aqui. 
Sempre que posso fujo, fujo no olhar que cegou o meu. 
Porque eu fujo e vou com tudo aquilo que me chama e me toca. 
Vou com o azul dos olhos do marçano ali da esquina, 
vou com as folhas das árvores no Outono da minha rua, 
vou com a noite à procura da manhã sobre o rio. 
Vou pelos arranha-céus acima e contemplo dos altos terraços o sono esbranquiçado dos mortos. 
Vou com o teu corpo que me desgasta a memória doutros corpos 
e me transforma em esquecimento… 
vou, vou sempre, pela humidade dos cardos presos em tua boca. 


 Al Berto





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