Os deuses não nos querem de joelhos.
Se inábeis lhes erguemos um altar,
Afastam-se de nós. Ficam enfermos
E tomam a decisão de se calar.
Não pode Vénus sem movimentos livres
ir ao inferno buscar o seu amante.
Por isso elege, em deleitosos perigos,
Prazeres e sonhos, seu santuário errante.
Em cada deus exprime a eternidade
O empenho de ser ave e a ninfa é boa
Porque fluindo na fonte em liberdade
Na mão em concha nos leva a água à boca.
A altares não prendas aqueles que são deuses
Porque são soltos como gargalhadas
Qual das crisálidas os impulsos presos,
Para voar, rebentam as suas cascas.
Reprova o oráculo os que por crenças fátuas,
Matando o riso, vão do tempo à tumba.
A alegria é divina. As suas asas
Murcham se atadas a aras de renúncia.
Natália Correia
in, O Armistício
Lindo
ResponderEliminarDesconhecia este poema da Natália, obrigada.
Lindo, não é?
ResponderEliminarEncontrei num livro, muito fininho de apenas 73 páginas...chama-se " O Armistício"
Grata pela visita, Maria Adelina!