Não há nada mais transparente do que o amor
Deitado como morto na sua ilusão
Tenso e erecto na sua verdade.
Nascer estando a olhar cada entardecer
Dormir surdo encostado ao mal
Sonhar sem se colocar em causa.
O caminhar plúmbeo das lágrimas
Sobre as grandes pedras e o nosso júbilo
Pelas folhas verdes que vemos no bosque.
Eu sou um animal estranho
Falo-te com as orelhas que tenho
Com a voz que falo escuto e te entendo.
Corredor do evidente-opaco
Ser ou sonhar que se é
Sobreviver a si mesmo ou voltar a nascer.
Na primeira vez que te vejo dou-te um beijo
Na vez seguinte tratas-me por tu
E para sempre dou-te a minha fé.
Nada tenho a ganhar
Amo-te demasiado para te perder
Amo-te e não é a brincar.
Paul Éluard
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