Paganismo (do latim paganus ) que significa "camponês", "rústico"
Refere-se principalmente aos Celtas (Druidismo), mas também à mitologia greco-romana, bem como as tradições politeístas da Europa,do Norte da África, e Oriente antes da cristianização.
Refere-se também às tradições indígenas das Américas, da Ásia Central, Austrália e África.
Desde o século XX, os termos "pagão" ou "paganismo" tornaram-se amplamente utilizados como uma auto-designação por adeptos do neopaganismo.
Como tal, vários estudiosos modernos têm começado a aplicar o termo de três grupos distintos de crenças:
- politeísmo histórico (como a mitologia celta e o paganismo nórdico),
- religiões indígenas, folclóricas e étnicas (como a religião tradicional chinesa e as religiões tradicionais africanas) e o
- neopaganismo (como a wicca, o reconstrucionismo helénico e o neopaganismo germânico).
Dos pontos comuns a todas as sociedades da Cultura Pagã, surgem as características das religiões pagãs, ou seja, dos esquemas que dão forma à espiritualidade pagã.
Talvez possamos listar, com pouca margem de erros, as seguintes:
Talvez a principal característica da religiosidade pagã seja a radical imanência divina, ou seja, a divindade se encontra na própria natureza (o que inclui os humanos), manifestando-se através dos seus fenómenos.
A ausência da noção de pecado, inferno e mal absoluto. Como a relação com os deuses é sempre pessoal e directa, a ideia de uma afronta à divindade é tratada também pessoalmente, ou seja, entre o cidadão e a Divindade ofendida. Assim, sem noção de pecado, também não há noção de santidade ou do profano.
A sacralidade da Terra também levou à ausência de templos, o que, no entanto, não impede a noção de Sítios Sagrados, em geral bosques, poços ou montanhas. Templos Pagãos são um desenvolvimento muito posterior.
A imanência dos deuses e a ideologia da ancestralidade divina, confere à divindade características antropomórficas e as relações tendem a ser estreitadas ao longo da vivência religiosa.
O calendário religioso se confunde com o calendário sazonal e agrícola, o que lhe confere um carácter de fertilidade. Portanto, as festividades acontecem nos momentos de mudança e auge de ciclos naturais.
Essas relações pessoais humanos/deuses, leva à ausência de dogmatismos ou estruturas religiosas padronizadas, havendo, pois, uma grande liberdade de culto: cada cidadão tem liberdade de cultuar dos Deuses em sua casa, da forma que desejarem. Basicamente, é uma religiosidade doméstica ou de pequenos grupos com laços de sangue ou de compromisso. No entanto, os Grandes Festivais são sempre rituais comunitários, pois comprometem todos os membros da comunidade.
A relação mágica com a Natureza obviamente se traduz numa religiosidade mágica, isto é, a espiritualidade pode ser atingida pela manipulação da carne e dos elementos, através do corpo e da manipulação da natureza, os chamados "feitiços".
A divindade sendo representada no mundo terreno torna as religiões pagãs em religiões de menor conflito interior, ou seja, que não pregam a necessidade de se dominar ou conter impulsos ou pulsões naturais, mas deixá-las fluir livremente, sem culpa. Por isso, também são religiões intuitivas, corporais e emocionais. Em geral, os pagãos valorizam mais a vivência da religiosidade pelo corpo, com ausência da noção metafísica platônico-socrática e judaico-cristã de corpo vs espírito.
O respeito aos ancestrais e o tradicionalismo que isso implica, faz das religiões pagãs uma experiência de continuidade do egrégor ancestral, ou seja, a repetição dos mesmos ritos, na mesma época, cria a união mística com todos aqueles que já celebraram antes. Nesse momento, o tempo é rompido e se estabelece uma relação mágica com ele também: a repetição do rito torna presente o momento primitivo da sua realização e todos aqueles que, ao longo dos séculos, dele tenham participado.
A perspectiva cíclica do tempo dá a certeza do eterno retorno. Embora alguns povos tenham desenvolvido a ideia de um "Outro Mundo", a vida pós-morte nunca foi um ideal Pagão, pois isso significaria ficar fora do ciclo e, portanto, da comunidade. Assim, o "Outro Mundo" (para aqueles que desenvolveram essa ideia) será apenas uma passagem entre uma vida e o renascimento.
O encontro com a deidade se dá sempre na comunhão com a Natureza, e não no Outro Mundo.
Obviamente, diferentes povos da Cultura Pagã desenvolveram suas liturgias e costumes religiosos típicos, locais e ancestrais, o que pode aparecer como diferenças entre religiões. No entanto, essas características básicas permanecem, pois são típicas do Paganismo.
Na Europa há um tronco da religiosidade pagã, com as suas ramificações germânicas e célticas, que se mostra linear quanto a algumas características:
A sua raiz paleolítica, dos tempos de grupos nomadas de caçadores-colectores, a principal característica é uma forte ligação à terra, à natureza, tida como sagrada e viva.
A sua origem matriarca, há um sentimento de corresponsabilidade entre todos os membros da comunidade, ligados por laços de parentesco a uma ancestral comum.
Esse sentimento de ancestralidade é partilhado também com a natureza e particularmente com os seres vivos, levando a um fundamental respeito a todas as formas de vida e existência.
Por isso, a cultura Pagã tem uma relação mágica com a natureza.
Noção cíclica do tempo, a partir da ciclicidade dos fenómenos naturais (estações do ano, lunação, movimentos do sol, etc), em contraste à noção linear das culturas de matriz abraâmica.
O consequente sentimento de profunda responsabilidade e parceria com a natureza, tornando os humanos corresponsáveis pela continuidade do círculo.
O que, por outro lado, também leva a um profundo respeito pelos antepassados, que sacrificaram suas vidas para que a comunidade continue a existir.
Desenvolvimento de uma medicina natural, baseada nas qualidades curativas das ervas, e xamânica, baseada no poder fértil da Natureza e na relação mágica com a realidade.
Havendo uma enorme diversidade entre as muitas religiões pagãs no mundo, estas características ilustram apenas as mais significativas ramificações europeias.
O neopaganismo inclui religiões reconstruídas como o reconstrucionismo do Politeísmo Helénico, Celta ou Germânico, bem como modernas tradições ecléticas como discordianismo, ou Wicca e suas muitas correntes.
Muitas dessas "reconstruções", como o Wicca e neo-druidismo em particular, têm suas raízes no romantismo do século XIX e reter os elementos visíveis do ocultismo ou teosofia que estavam em curso, então, que os distingue religião e folclore histórico rural (paganus).
Nos Estados Unidos estão cerca de um terço de todos os neopagãos em todo o mundo, representando cerca de 0,2% da população do país, figurando como a sexta maior denominação não-cristã, depois do judaísmo (1,4%), islamismo (0,6%), budismo (0,5%), hinduísmo (0,3%) e o Unitário-Universalismo (0,3%).14
Na Islândia, os membros do grupo neopagão Ásatrúarfélagið representam 0,4% da população total do país.15 Na Lituânia, muitas pessoas Romuva, uma versão reconstruída da religião pré-cristã do país. A Lituânia foi uma das últimas áreas da Europa a ser cristianizada.
Há uma série de autores neopagãos que analisaram a relação dos movimentos reconstrucionistas do século XX com o politeísmo histórico e com as tradições contemporâneas de religião e folclore indígena. Isaac Bonewits introduz uma terminologia para fazer essa distinção:
Paleopaganismo: Um retrónimo cunhado para contrastar com o "neopaganismo"; é o "politeísmo original, centradas em fés da natureza", como a religião grega pré-helénica e a religião romana pré-império, o período da mitologia nórdica pré-migração, tal como descrito por Tácito ou o politeísmo celta como descrito por Júlio César. Entre os movimentos que permanecem entre as "grandes religiões", Bonewits aponta o hinduísmo paleopagão, tal como existia antes da invasão islâmica da Índia, o xintoísmo e o taoísmo.
Mesopaganismo: um grupo que é, ou foi, significativamente influenciado pela visão de mundo monoteísta, dualista, ou não-teísta, mas foi capaz de manter uma independência de práticas religiosas. Este grupo inclui os aborígenes americanos, bem como os aborígenes australianos, o paganismo nórdico da Era Viking e a espiritualidade da Nova Era. As influências incluem: Maçonaria,17 rosacrucianismo, Teosofia, espiritismo e as muitas crenças afro-diaspóricas, como o Vodou haitiano, religião Santeria e Espiritu. Isaac Bonewits inclui Wicca Tradicional Britânica nesta subdivisão.
Neopaganismo: um movimento do povo moderno para reanimar o culto da natureza, as religiões pré-cristãs, ou outros caminhos espirituais baseados na natureza. Esta definição pode incluir qualquer movimento na escala do reconstrucionismo numa extremidade, até grupos não-reconstrucionistas, como o neo-druidismo e a Wicca, na outra.
Prudence Jones e Nigel Pennick no seu livro "História da Europa Pagã" (1995) classifica "as religiões pagãs" pelas seguintes características:
Politeísmo: religiões pagãs que reconhecem uma pluralidade de seres divinos, que podem ou não podem ser considerados aspectos de uma unidade básica;
"Baseado na natureza": as religiões pagãs que têm uma noção da divindade da natureza, que eles vêem como uma manifestação do divino, não como a criação do "caído" encontrado na cosmologia dualista.
"Sagrado feminino": religiões pagãs que reconhecem "o princípio feminino divino", identificado como "Deusa" interior (em oposição a deusas individuais), assim como o princípio divino masculino
No meu caso, sou apenas PAGÃ!
Sem religião!
Sou anarquista civilizada.
O meu Ser Pagão é apenas o que está a amarelo. Apenas isso!
Não me revejo em nenhum destes grupos descritos acima...mas quis fazer aqui uma descrição fiel do foi o Paganismo antes de surgir o Cristianismo.
A minha base é a espiritualidade!
Sem rituais, sem obrigações, sem imposições.
O meu Templo é a Natureza!
Celebro os Equinócios e os Solstícios.
Celebro a Natureza, os Astros, o Cosmos.
E como dizia a Florbela Espanca:
"Sou pagã e anarquista,
como não poderia deixar de ser uma pantera que se preza ..."
como não poderia deixar de ser uma pantera que se preza ..."
Volúpia
No divino impudor da mocidade,
Nesse êxtase pagão que vence a sorte,
Num frémito vibrante de ansiedade,
Dou-te o meu corpo prometido à morte!
A sombra entre a mentira e a verdade...
A núvem que arrastou o vento norte...
Meu corpo! Trago nele um vinho forte:
Meus beijos de volúpia e de maldade!
Trago dálias vermelhas no regaço...
São os dedos do sol quando te abraço,
Cravados no teu peito como lanças!
E do meu corpo os leves arabescos
Vão-te envolvendo em círculos dantescos
Felinamente, em voluptuosas danças...
Florbela Espanca
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