Há já muito tempo que muito do seu tempo e energia têm vindo a ser consumidos ou investidos - depende de como você se sinta acerca disso, e é bem provável que se sinta ambivalente – no avanço dos seus próprios sonhos, projectos, visões e objectivos, no cumprimento dos seus deveres, na execução das suas tarefas e responsabilidades.
E isto permite-lhe ver agora sonhos antigos a tomarem lugar e forma, não sem esforço, mas que mais podia você fazer?, senão fazer as coisas acontecerem e certificando-se de fazer a sua parte (e tantas vezes, também, a dos outros)?
Afinal, as coisas não acontecem sozinhas – e se queremos alguma coisa bem feita, temos de ser nós a fazê-las. E esse parece ser, ou ter sido até agora, um dos seus mais importantes lemas de vida.
É que (sabe-o bem) se alguém nasceu para assumir responsabilidades, atingir resultados e metas, e com a capacidade de fazer o que precisa ser feito - mesmo (ou principalmente) quando alguém o devia (ou podia também) fazer e o não faz -, é você.
Entre a sua extrema sensibilidade às necessidades alheias mais do que às próprias, o forte senso de dever que o anima e motiva, e uma invulgar capacidade de fazer as coisas acontecerem adiando a sua própria recompensa – quem sabe protelando-a até poder sentir o orgulho de mais uma missão cumprida ou de um trabalho bem feito -, é certo e sabido que se alguma coisa tem que ser feita, será feita.
E será você, provavelmente, a fazê-la; é a sua natureza. Mas o facto de poder fazer as coisas, ou de as coisas precisarem de ser feitas, não significa que seja você a fazê-las ou que tenha de as fazer - a não ser que o escolha. E se o escolher, então não se queixe quando dá por si a fazê-las.
É que ninguém – a não ser você próprio - tem o poder de o obrigar a fazer o que não quer realmente; a isto chama-se desenvolver um senso correcto de responsabilidade pessoal e é uma das grandes aprendizagens da sua vida. E muito provavelmente, dos tempos recentes e próximos em forma concentrada.
Para quem veja de fora, a auto-suficiência, o compromisso com os seus próprios objectivos e responsabilidades, o absoluto auto-controlo que consegue manter sobre si durante a maior parte do tempo (e sabe deus – se mais ninguém – daqueles momentos absolutamente desesperados e ansiosos, assustados ou raivosos, que de vez em quando vêm tomar conta de si, preferencialmente quando não há ninguém a ver, mas sempre inoportunos e nunca, nunca facilmente aceites por si nem de si próprio), o auto-domínio aparente – para quem veja de fora - e o sangue-frio com que lida com as coisas, essa auto-disciplina emocional que lhe permite pôr de parte as suas próprias aflições e necessidades primárias para poder resolver os assuntos e dar conta das situações e continuar a viver, e a lidar, e a lutar, e a levá-la, à vida, e a levantar-se da cama todas as manhãs para enfrentar um dia cheio de afazeres e a batalhar pelos seus objectivos e ambições quando os outros já nem querem nem conseguem fazer nada, ou já se encostaram às cordas das suas próprias justificações, enquanto ficam sentados a racionalizar porque é que não podem ou não depende deles fazer alguma coisa,
Criaram-lhe uma imagem perante os outros que agora o aprisiona, frustra, deprime, magoa, desaponta e – acima de tudo – zanga.
E que o abandona a sós consigo próprio, afinal, e com a sua própria insatisfação profunda sempre que privilegia mais os resultados do que o prazer genuíno e autêntico.
É que para quem veja de fora, tudo isso - e "isso" é o esforço de que os outros nem suspeitam - lhe vem naturalmente.
Para os outros, você é o adulto forte com que todos podem contar, e nem lhes ocorre perguntar se você também precisa de alguma coisa, porque é evidente que não precisa de nada.
Pelo contrário, os outros é que precisam de si.
Tem sido sempre assim.
Conhecem-no assim, esperam isso de si, contam consigo para isso. Para isso e para tudo o que for preciso.
Aquilo com que ninguém contava, e muito menos você, é que uma criança zangada e contrariada por demasiados anos de ser boa menina, controlada e responsável, ou simplesmente negada aos seus prazeres indulgentes, tenha posto a cabeça de fora e começado a exigir atenção, prazer, gratificação, e a impor com a violência de uma birra (e a ameaça de um shutdown completo) que retire mais e mais da vida e das suas relações a sua merecida quota-parte de prazer egoísta.
É que ao fim de tanto tempo a fazer a coisa “certa”, parece que uma nova força se move dentro de si para vir reclamar o que lhe é devido há muito tempo: farta de ser boazinha, compreensiva e sacrificada, uma revolucionária parte de si começa a sentir-se profundamente zangada e impaciente quando os seus próprios interesses e objectivos egoístas não são postos em primeiro lugar agora.
É natural, reconheça-o como o seu próprio direito ao prazer. É legítimo.
Pode é ser um bocadinho excessivo. E violento de reprimir. E altamente destrutivo, se for expresso sem restrições ou pensar nas consequências.
Especialmente quando é por sua responsabilidade desde que se fez adulto, e adulto já você nasceu, e não por culpa dos outros, que a criança reprimida ou há demasiado tempo deprivada de prazer autêntico ou de satisfação imediata, continua a espernear sem receber atenção, numa birra ancestral tão bem silenciada que parecia nem existir. Até agora.
Mas agora, perante a insatisfação, os berros da criança e a frustração com a inutilidade dos seus esforços – ou o preço demasiado alto dos resultados pretendidos – o que mais lhe apetece fazer é libertar-se de um certo colete de forças e demitir-se de quaisquer responsabilidades perante o exterior e os outros.
E talvez não seja possível fazê-lo de momento - ao ritmo, ou da maneira, como você (ou a criança impertinente e agastada?) gostaria.
É provável que a vida ainda lhe exija bastante esforço e dedicação e você não tenha mesmo como fugir, ou de qualquer maneira, com o rabo à seringa.
Mas começar a dar mais atenção a essa criança negligenciada, que lhe vem tantas vezes devolvida e espelhada pelos outros, esses de quem costuma tomar conta e para os quais costuma desempenhar o papel de adulto responsável e poderoso, pode ser o início de uma bela história de amor (-próprio).
É certo que o mundo não vai parar de girar, nem de precisar de si, nem de esperar de si resultados ou respostas, ou exigir que esteja no controlo e a fazer coisas acontecerem.
E no entanto, sem se demitir completamente do que tem por fazer, porque algumas dessas responsabilidades serão absolutamente correctas, inevitáveis e do seu próprio interesse, nunca é tarde, como diz o outro e você descobrirá ao longo do ano, para ter uma infância feliz.
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Uno Michaels
Carago, até estou emocionada...impressionante!
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