domingo, 18 de maio de 2014

....viver no mundo, sem ser do mundo!


Pergunta – Como é que a gente faz para viver num mundo e conviver com pessoas com as quais sabemos que não nos identificamos mais?
Sei que isso é o ego que julga e separa tudo. Mas eu olho para essas pessoas e para a vida do passado e sei que não pertenço mais a isso mas, ao mesmo tempo, não possuo um esclarecimento não intelectual.
Como fazer para viver exactamente no meio, entre a vida que não reconhecemos mais como nossa e aquilo que imaginamos ser nosso objectivo, uma clareza de espírito?

Monge Genshô – As identidades que temos ao longo da vida são criadas pela mente.
Nós sustentamos situações que vamos criando, vamos codificando e criando. Mesmo quando falamos sobre o Zen em nossa vida, também sustentamos identidades.
Criamos nomes, forma, amigos, roupas e começamos a ter um modo de vida.
O que temos que perceber é que todas as circunstâncias são criadas nas nossas mentes, mesmo a de ser monge. Roupas, formas, identidades, nome e até a convicção das pessoas que os cercam, todo esse conjunto de coisas sustenta algo que, como todas as outras coisas da vida, é ilusório.

Todas as nossas identidades e relacionamentos são construídos. O que temos que pensar é: “construímos o que queremos ou fazemos apenas algo que nos é condicionado”.
Muitas pessoas vêm me falar que estão num relacionamento e numa vida que não desejam. No entanto, foram elas que construíram todas as circunstâncias que sustentam suas vidas.
Quando você troca para outra circunstância, essa também é uma construção.
Deveríamos olhar lucidamente para nossa liberdade, que é capaz de manifestar tudo.
Temos uma mente liberta que é capaz de manifestar qualquer coisa.

É você quem escolhe a condição que deseja manifestar, por exemplo, uma pessoa que deseja ser monge, que faz seus votos e que agora recebe a oportunidade de treinar no Japão, foi ela quem procurou essa vida.
Isso pode ser fantástico, maravilhoso, pois quando ela estiver morrendo poderá olhar para trás e dizer que construiu uma vida ideal.
Qual a vida que nos permite olhar para trás e dizer que não importam as formas ou pessoas, eu construí e sustentei a vida que eu realmente desejei?
Essa liberdade fundamental é que é o nosso grande ganho.
Quando estamos presos a uma forma, identidade ou profissão, não temos essa liberdade.
Somos como água e podemos manifestar qualquer forma, mas todas as manifestações de nossa vida são de certa forma legítimas, pois são possíveis, mesmo as piores.

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