Veste a tua pele de cordeiro
e seduz-me com a tua candura,
com o teu olhar de abandono
que sossega no meu colo,
a tua pose dissimulada de uma fraqueza ingénua
comprada numa casa de penhores.
Quero sentir a tua pele,
envolver-te nos meus braços,
beijar o teu pescoço,
deliciosamente morder-te a rigidez
dos teus seios.
E enquanto te invado o ventre
com os meus dedos esguios
carregados de saliva
vou fixar-me no teu pulsar,
no bater acelerado do coração que
bombeia esse sangue que me aquece.
Quero que te percas na minha nudez,
tomes posse do meu corpo e abuses
do meu desejo.
Faz de mim a tua sela e cavalga
sem me dares tréguas,
afunda-te como um navio sem rumo
na bravura do meu mastro real,
emparelhando gemidos entre
o sémen que desliza pelo
sal das tuas pernas.
Dá-me na boca o teu fruto maldito,
o poder de um descruzar de pernas
hipnotizando os meus lábios,
o respirar ofegante que exaltas
sob um grito de prazer que
emolduro no meu quarto,
a verdade do teu sorriso
cravado na palidez do teu rosto,
espelhado na minha retina.
Dá-me esse momento de volta
e renunciarei a mim próprio,
serei apenas adereço na tua peça
em dois actos,
que começará em romance
e terminará em tragédia.
Pedro Lima
Sem comentários:
Enviar um comentário