Sonhar, mas um sonho impossível.
Lutar onde é fácil ceder,
Vencer o inimigo invencível,
Negar, quando a regra é vender.
Sofrer a tortura implacável,
Romper a incabível prisão,
Voar num limite improvável,
Tocar o inacessível chão.
É minha lei, é minha questão,
Virar esse mundo,
Cravar esse chão.
Não me importa saber
Se é terrível demais.
Quantas guerras terei de perder
Por um pouco de paz?
E, amanhã, se esse chão que eu beijei
For o meu leito e perdão,
Bom saber que valeu delirar
E morrer de paixão.
E, assim, seja lá como for,
Vai ter fim a infinita aflição,
E o mundo vai ver uma flor
Brotar do impossível chão.
(Trecho de O Homem de La Mancha,
peça teatral inspirada no livro
Don Quijote de La Mancha, de
Miguel de Cervantes,
produzida por Paulo Pontes e Flávio Rangel,
encenada em 1972-74)
Sem comentários:
Enviar um comentário