Um dia, há muitos anos, um aluno perguntou à antropóloga Margaret Mead qual era, para ela, o primeiro vestígio de civilização humana.
A antropóloga americana, autora de “Adolescência, sexo e cultura em Samoa”, respondeu:
“Um fémur com 15 mil anos encontrado numa escavação arqueológica.”
O aluno esperava que a professora falasse de anzóis, ferramentas ou barro cozido, mas Mead continuou:
“O fémur estava partido, mas tinha cicatrizado. É um dos maiores ossos do corpo humano (liga a anca ao joelho) e demora seis semanas a curar. Alguém tinha cuidado daquela pessoa. Abrigou-a e alimentou-a. Protegeu-a, ao invés de a abandonar à sua sorte”. Na natureza, qualquer animal que parta uma perna está condenado. Se for um predador, não consegue caçar; se for uma presa, não consegue fugir. Está morto.
Então, concluía Mead, que lutou pelos direitos das mulheres nos anos 50 e 60 e foi galardoada com a medalha da liberdade, o que nos distingue enquanto civilização é a empatia, a capacidade de nos preocuparmos com os outros.
"Ajudar alguém a ultrapassar dificuldades é o ponto de partida da civilização, a civilização é uma ajuda comunitária. "
António Lopes
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