quinta-feira, 20 de outubro de 2022

BERTRAND PICCARD




Bertrand Piccard nasceu a 1 de março de 1958, em Lausanne, na Suíça, é psiquiatra, explorador e empreendedor, fazendo parte de uma família de exploradores e cientistas. 
O seu avô, Auguste Piccard, inventou a cabine pressurizada para voo de balão e o batíscafo, aparelho esférico em forma de aço usado para descer ao fundo do mar. Com um balão em forma de gôndola, foi o primeiro homem a atingir a estratosfera, em 1931. 
O pai de Bertrand, Jacques Piccard, usou o batíscafo para bater o recorde do mundo de descida no oceano ao mergulhar até 10 916 metros. 
O facto do pai pertencer à NASA (Agência Espacial Norte-Americana) fez com que Bertrand desde cedo convivesse com astronautas e exploradores, o que levou a que ganhasse um grande gosto por aventuras. 

Bertrand Piccard estudou medicina e foi trabalhar para um hospital psiquiátrico. Entretanto, especializou-se em psiquiatria e psicoterapia para adultos e crianças. A sua tese, intitulada "A Pedagogia da Provação", foi premiada pela Faculdade de Medicina de Lausanne, na Suíça, em 1996. Especializou-se também em hipnoterapia e é professor e supervisor da Sociedade Suíça de Hipnose Medicinal. 

Paralelamente, Bertand Piccard interessava-se pelo comportamento humano perante situações extremas. Assim, na década de 70, por volta dos 16 anos, tornou-se um dos pioneiros dos voos em ultra-leve e asa delta. Em 1985, chegou mesmo a consagrar-se campeão da Europa de acrobacias aéreas em asa delta. Antes, aos 21 anos, tinha feito a primeira viagem de balão. Mas o balonismo entrou definitivamente na vida de Bertrand Piccard em 1992, quando foi convidado para copiloto de uma equipa que ia participar na primeira Corrida Transatlântica. O convite surgiu porque Piccard tinha no seu currículo estudos médicos. Aceitou o desafio e durante cinco dias viajou da América do Norte até à Europa, uma experiência que diz ter modificado a sua visão sobre a vida. Juntamente com Wim Verstraeten, acabou por ganhar a corrida. Esta experiência fez com que ficasse fascinado com o balonismo e com o propósito de ir ainda mais longe. Assim, nasceu a ideia de dar a Volta ao Mundo em balão de modo a fazer o voo mais longo de sempre. Arrancou em 1993 com o Projeto Breitling. O projeto demorou seis anos a concretizar e pelo meio ficaram duas tentativas falhadas, uma em janeiro de 1997 e outra um ano depois, ambas na companhia de Win Verstraeten. 

A 21 de março de 1999 o objetivo foi alcançado, a bordo do Breitling Orbiter 3. 
Bertrand Piccard, acompanhado pelo inglês Brian Jones, realizou o primeiro voo em balão à volta do mundo sem escalas. Foi, simultaneamente, o mais longo voo de sempre em termos de duração e distância. A dupla percorreu 45 755 quilómetros em 19 dias, 21 horas e 47 minutos. O voo começou na Suíça e acabou no Egito. Esta volta ao Mundo em balão foi considerada a última grande aventura do século XX e valeu a Piccard uma série de distinções. Foi distinguido com a Ordem Olímpica e a Medalha de Ouro do Ministério da Juventude francês, o Grande Prémio da Academia das Ciências Morais e Políticas do Instituto de França e também com galardões da Federação Internacional de Aeronáutica, da National Geographic Society, entre outros. Foi ainda nomeado Embaixador da Boa-Vontade das Nações Unidas. Piccard e Jones criaram ainda uma fundação humanitária chamada Ventos de Esperança destinada a usar o impacto da aventura à volta do Mundo para ajudar causas esquecidas do nosso planeta. 

Entretanto, Piccard dedicou-se também a escrever livros e a dar conferências sobre balonismo e aventura nos Estados Unidos da América, Europa e Ásia. 

O seu mais recente projeto Solar Impulse tem como objetivo realizar a volta ao mundo num avião movido a energia solar. 

Hoje, dedica a sua vida a apoiar e a divulgar projetos de tecnologia sustentável, através da sua Fundação Solar Impulse, criada em 2003, que investiga o impacto financeiro das soluções ambientais com energias limpas e renováveis, e demonstra que lutar contra as alterações climáticas é lucrativo. O projeto passa por encontrar mil soluções que nos coloquem no caminho da sustentabilidade.



"A minha família foi uma inspiração fantástica. É a educação, a forma como somos criados. Não está nos genes, e seria triste se estivesse apenas nos genes, porque assim não podíamos transmitir esse espírito a outras pessoas. Sendo uma questão de educação, podemos fazer discursos, dar entrevistas, dar o exemplo e mostrar que o interessante da vida é entrar nos pontos de interrogação, entrar nas dúvidas, na incerteza, porque é o único lugar onde podemos aprender algo novo. Não só o meu pai foi o primeiro homem na estratosfera e fez o mergulho mais profundo de sempre na Fossa das Marianas, a 11 quilómetros de profundidade, mas também por todas as pessoas que conheci que eram amigos do meu pai: astronautas do início do programa espacial norte-americano, ambientalistas, pioneiros da aviação, pioneiros do mergulho... E eles deram-me este desejo de explorar. Mostraram-me o quão importante é explorar outras formas de pensar, de fazer coisas que nunca tinham sido feitas antes. Porque se algo nunca foi feito, então és obrigado a ser criativo, inovador, a ser disruptivo. Precisas de inventar soluções que ninguém encontrou até agora. Por isso foi um estímulo fantástico.
Quando fazemos algo que nunca ninguém fez, precisamos de inventar tudo, e isso estimula a criatividade, estimula o desempenho. Ninguém nos diz como fazer, temos de descobrir sozinhos e com a nossa equipa. E quando algo parece impossível, a qualidade das pessoas que se juntam à equipa é fantástica, porque são as pessoas que querem encontrar soluções, que estão prontas para mudar a nossa mentalidade para chegar ao objetivo. É uma experiência fascinante e obriga-nos a sermos bons. Pelo contrário, quando estamos na rotina, a fazer coisas que já foram feitas antes, não nos é exigido nenhum desempenho especial ou qualidade: basta reproduzir o que foi feito antes. Isso não é estimulante."

"Eu era tímido quando era jovem. Tinha medo de subir às árvores, porque tinha medo das alturas. Tinha medo de falar em público. Aos 16 anos, curei-me com a minha asa-delta, ao saltar de um penhasco e aprendendo a fazer mais e melhor. Isso mostra que somos muito mais livres do que pensamos para construir a nossa vida. Mas só se aceitarmos o risco de falhar. Se aceitarmos o medo, se aceitarmos as dúvidas… Muita gente tem medo e prefere viver com o problema ao invés de correr o risco de procurar outra coisa. O que aprendi na minha educação é que temos de arriscar. De questionar as nossas certezas. De aprender com outras pessoas como fazer diferente. E temos de aprender com pessoas diferentes de nós. Se estivermos a falar apenas com pessoas que pensam como nós, não aprendemos nada. Não, precisamos de estar em contacto com pessoas de outras religiões, de outro partido político, com outra educação, outras formas de pensar, de discutir com elas e aprender. É como voar num balão: precisamos de mudar de altitude para encontrar ventos com melhores direções, e para isso tem de largar lastro. Passamos pela atmosfera, verificamos o vento e apanhamos o que é melhor para nós. Na vida, é a mesma coisa. Temos de largar o lastro das nossas crenças, as certezas, as convicções, os paradigmas, os dogmas. E isso leva-nos a outras influências, outros níveis, outras visões do mundo, e a nossa vida terá outra direção."

"Depois de ver o meu pai a ir às profundezas do oceano, sabendo que o meu avô havia estado na estratosfera, tendo conhecido astronautas, pioneiros, exploradores… em criança, decidi que queria ser explorador. Mas não sabia o que explorar. E quando era adolescente sentia-me deprimido, porque tinha grandes sonhos de exploração e nenhuma ideia do que fazer para alcançar esses sonhos. Comecei a desenvolver no meu coração uma bússola com uma agulha que me apontava o desconhecido. E eu tentei. Tentei tudo. Tudo! Tentei coisas que falhei. No desporto, por exemplo, falhei. Não era bom. Um dia, vi uma asa-delta, que era uma coisa nova. Era uma das primeiras asas-deltas na Suíça e na Europa, e pensei: “Vou experimentar.” E depois alguém me ligou e disse: “Ah, estás a voar de asa-delta, devias experimentar o meu ultraleve, que é uma asa-delta com motor. É o primeiro na Suíça. Vem e experimenta.” Respondi que sim. E depois vi um balão de ar quente e pensei em lançar-me de asa-delta a partir do balão de ar quente. E assim fiz. Depois o piloto convidou-me a cruzar o Atlântico de balão [numa competição], e vencemos essa corrida. Então pensei: “OK, adoro balonismo, é uma coisa nova. Vou tentar dar a volta ao mundo em balão.” Criei um projeto à volta disso e consegui à terceira tentativa, o que me trouxe ao Solar Impulse. E o sucesso do Solar Impulse levou-me a encontrar soluções para proteger o ambiente. Foi uma grande cadeia de acontecimentos, um leva ao outro, e em cada podia dizer sim ou não. Se eu tivesse dito “não” quando vi a primeira asa-delta, a minha vida teria sido completamente diferente. Quando fui convidado a cruzar o Atlântico de balão, podia ter dito “não, não vou contigo, não sei pilotar um balão, não é para mim”. Mas disse que sim, porque era algo novo e eu queria experimentar. Portanto, é uma questão de dizermos sim ou não ao que a vida nos oferece, e sempre que o fazemos somos levados numa direção diferente. Devemos estar atentos a todos os momentos decisivos nas nossas vidas, quando temos de decidir entre sim e não, e imaginarmos aonde a vida nos levará se dissermos sim ou não."

"Quando apresentei o sonho do Solar Impulse aos fabricantes de aviões, eles disseram-me que era impossível, porque o Sol não dá energia suficiente para voar num avião dia e noite. E este é o paradigma de hoje. Em termos de energia, as pessoas querem sempre produzir mais, ter mais fornecimento. E quando olhamos agora para a questão do gás russo e do petróleo russo, toda a gente está a entrar em pânico e a pensar, onde é que podemos encontrar outros fornecedores. Mas o paradigma tem de ser mudado. A disrupção seria dizer: "Se não temos produção suficiente, vamos ser mais eficientes com o consumo". Como é que podemos poupar energia? E foi isso que aconteceu com o Solar Impulse. Não podíamos aumentar o poder do Sol, mas podíamos diminuir o consumo do avião. E foi por isso que tivemos um avião tão eficiente. Era muito grande, voava muito devagar, só levava uma pessoa a bordo, mas podíamos provar que a energia solar permitia que um avião elétrico voasse dia e noite, vários dias e várias noites seguidos. E é isto que eu adoro. Quando as pessoas dizem que algo é impossível, encontramos outra forma, uma forma disruptiva para ser possível, para o tornar possível. Mudar a forma de pensar. E isso é o que temos que fazer com o ambiente."

"O medo é um seguro de vida. O medo diz-nos que estamos a sair da nossa zona de conforto. Diz-nos para termos cuidado. Não significa que temos de parar. Significa, sim, que devemos perguntar a nós próprios: o que fazer agora? Se concluirmos que é uma situação muito má, talvez tenhamos de parar ou fazer diferente; se for a sensação de que é apenas algo novo para descobrir, então podemos continuar. Extraordinário é que o medo desaparece se estivermos em sintonia interna."

"A tecnologia solar não é realmente melhor hoje do que era há 20 anos. Mas o que mudou foi o preço, que foi dividido por 40. Atualmente, a energia solar não é cara. É mesmo a energia mais barata, portanto, tornou-se acessível. Tornou-se a energia que todos podem usar. Esta é a grande mudança.
A razão da energia solar não ter uma fatia maior no mix energético, deve-se a duas razões:
Uma é a dificuldade da administração em dar permissões a projetos privados; 
A outra é a oposição das pessoas que querem proteger a paisagem. O que é uma loucura! As pessoas dizem não à energia solar, que é a energia mais limpa que podemos ter?!
Existem soluções extremamente valiosas na produção de energia. Umas são promissoras no uso eficiente da energia, outras são eficientes ou de economia circular. 
Dou alguns exemplos. Na economia circular, temos um sistema que permite transformar todos os resíduos não recicláveis em matéria-prima de construção, em cascalho. Isto significa que podemos fechar os aterros e acabar com a poluição nos oceanos, porque há um processo que leva todo esse lixo, que geralmente vai para o oceano ou para os aterros, e o transforma em algo útil. 
Um exemplo na eficiência energética: bombas de calor. Até agora a energia geotermal era usada para casas individuais no campo. Hoje, com este sistema, podemos instalar no centro das cidades, em grandes edifícios. Para aquecer ou arrefecer um edifício, há uma empresa que está a fazer pequenos buracos no solo, não muito profundos, de 180 metros, ligados a bombas de calor, aproveitando a temperatura constante no subsolo para aquecer o prédio no inverno e arrefecê-lo no verão. Em termos de produção de energia, existem formas de produzir gás com biomassa, como os resíduos da agricultura: em vez de queimarmos o lixo, podemos usá-lo para produzir gás e, daí, eletricidade. Há também pequenas turbinas para instalar em riachos, para produzir eletricidade constante, uma coisa que se pode fazer em aldeias ao longo de um rio. Outra solução permite recuperar o calor da chaminé de uma fábrica, de forma a enviá-lo de volta à fábrica. Não é só menos energia consumida, não é apenas menos CO2 produzido. É também uma redução na conta da energia. São menos 20% a 40% que a fábrica tem de pagar no final do mês Não só estas são soluções eficientes como dão lucro financeiro. E são mais baratas do que os sistemas convencionais, sujos.
Precisamos de todas estas soluções em conjunto. E cada uma delas vai reduzir um pouco da poluição, um pouco do CO2, um pouco dos desperdícios... E isto pode fazer uma grande, grande diferença.

"Todas as soluções que recebem o selo da minha fundação são economicamente rentáveis. Porque economizam energia, recursos naturais e resíduos, são mais eficientes… Se é mais eficiente e economiza recursos, é mais barato. E o que se poupa ao usar estes sistemas paga os investimentos iniciais. Recupera-se o dinheiro ao longo da vida útil do sistema. Mas é uma coisa que as pessoas, principalmente nas administrações públicas, não perceberam ainda. Nos concursos públicos de uma cidade, uma região, um país, muitas vezes opta-se pelo mais barato no momento, ainda que seja muito mais caro daqui a dez ou 20 anos. Esse é o grande erro. Se queremos um mundo mais limpo e mais eficiente, temos de alterar estes processos, através de regulamentação. Muitas destas soluções não são adaptadas porque a legislação não as incentiva.
Todas as soluções que identificámos são economicamente lucrativas para as pessoas que as usam e para as pessoas que as produzem. Logo isto é um incentivo enorme. Porque é que é importante? Porque até os negacionistas das alterações climáticas, até as pessoas que não se preocupam com o ambiente, podem ficar interessadas em usar estas propostas porque poupam dinheiro. Ou lucrar."

"Temos de mudar a nossa forma de lidar com a energia. A questão não é como podemos produzir mais energia. A questão é como podemos consumir menos. Como podemos ser mais eficientes. E o que vi com a Fundação Solar Impulse é que há centenas e centenas de soluções que permitem ser mais eficientes com a energia, com os recursos, nos produtos, em termos de desperdício, avançar na economia circular, com novos sistemas de aquecimento e arrefecimento, novos tipos de motores..."

"A qualidade de vida na Terra será comprometida. Teremos uma diminuição da biodiversidade, um clima errático, com enchentes, secas, furacões, desastres naturais, doenças tropicais na Europa, fome em África, a subida do nível do mar, que obrigará centenas de milhões de pessoas a deslocarem-se, tornando-se refugiados climáticos… É um futuro miserável. Estamos a destruir o equilíbrio da Natureza. Um equilíbrio que levou milhares de milhões de anos a ser atingido, e os seres humanos estão destruí-lo em 100 anos. É uma loucura! E hoje já estamos a ultrapassar os momentos irreversíveis. Por exemplo, quando o permafrost derrete, liberta milhares de milhões de toneladas de metano para a atmosfera, o que amplifica os processos das alterações climáticas. É por isso que não podemos esperar para ter soluções melhores no futuro e desse modo reparar os problemas que causamos. Não, temos de agir hoje, com as soluções atuais, e fazê-lo globalmente e depressa."

"Precisamos todos de avançar nas energias renováveis, na eficiência energética, na economia circular, na gestão do lixo, tudo isto tem de ser feito rapidamente. Agora, se temos a oposição das pessoas que dizem: "Os painéis solares não são bonitos na paisagem"... Então acabou. Então vamos ter alterações climáticas. Teremos uma qualidade de vida desastrosa, mas ainda teremos uma bela paisagem. Não faz sentido.
É uma forma de pensar a curto prazo. É como quando escolhemos uma casa: se um promotor disser aos clientes que pode construir-lhes uma casa barata ou, em alternativa, uma mais cara, mas mais eficiente, que permitirá a recuperação do investimento com o tempo, muita gente vai escolher a mais barata, porque só vê o momento inicial em que o dinheiro lhe sai do bolso. Ao longo dos anos, vão perceber que foi uma má opção, mas aí já é tarde. Diria que é uma questão de educação, de planos de negócio, e também de obter investimentos suficientes no início para permitir fazer a escolha certa, o que envolve o sistema financeiro. Mas é um processo que tem de se tornar a norma. Em vez de comprar o mais barato, temos de comprar o que é melhor ao longo de uma vida. Para isso, temos de mudar a mentalidade das pessoas."

"A Europa é apenas responsável por 9% das emissões de CO2 no mundo. Mas se a Europa der o exemplo de como pode trabalhar com energias renováveis, como pode trabalhar com eficiência energética, como pode trabalhar com tecnologias limpas, então os outros vão seguir, porque vão ver que é possível e que é lucrativo. E se a Europa tiver muito sucesso com estas tecnologias, prometo que os outros vão seguir-nos muito, muito rapidamente. Mas temos de o mostrar. E claro, a Europa não vai salvar o mundo e o clima sozinha. Mas a Europa pode criar empregos, pode aumentar o poder de compra dos mais pobres, estimular a criação de indústrias para as tecnologias limpas. E tudo isto beneficia a Europa. E, já agora, também beneficia o clima. É assim que vejo a esperança contra as alterações climáticas."

"Quero mudar a narrativa da ecologia. Até agora ouvimos que a ecologia é cara, chata, que ameaça a nossa mobilidade, o nosso conforto, ameaça o crescimento económico. O que eu quero mostrar é que hoje é exatamente o oposto. A ecologia e a proteção ambiental é algo emocionante. É economicamente lucrativo. Permite criar emprego. É bom para o crescimento económico, porque são precisas novas oportunidades de negócio para proteger o ambiente. E porque salvamos os recursos naturais e salvamos energia."

"Cada vez que tocamos no comportamento das pessoas perturbamo-las nos seus hábitos e as pessoas odeiam mudar. Por isso é mais fácil quando é uma ameaça de morte a curto prazo, como a covid. Mas as alterações climáticas são algo que também temos de enfrentar. Se dizemos que é para a próxima geração, não funciona. As pessoas vão esperar. E é por isso que é importante focar no facto de que, se precisamos de motivar as pessoas para fazer algo, temos de mostrar que é economicamente lucrativo. Que é uma forma de as pessoas mais pobres pouparem dinheiro, terem mais poder de compra, terem uma fatura elétrica menor. E se fizermos isso, vamos dar a esta luta pelas alterações climáticas um foco positivo. E também para a indústria, para a economia, para as finanças, mostrar que em tudo isto há novas oportunidades."

"Para o futuro tenho vários projectos. Um é acelerar a implementação de todas as soluções ecológicas que identificámos com a minha fundação. Temos agora mais de 1 400 soluções, e não são suficientemente usadas, pelo que continuo a viajar por todo o mundo, para conhecer políticos, grandes empresas, e pressionar pela implementação de soluções limpas. Também estou a trabalhar em dois novos projetos: um avião de hidrogénio e um dirigível solar, com 150 metros de comprimento, que pode viajar pelo mundo sem poluição...como um Zepelim, de 150 metros de comprimento, totalmente solar, a voar a energia totalmente limpa.. Quero mostrá-lo em escolas, em universidades, falar com governos e inspirar as pessoas."

"O hidrogénio é uma solução interessante, pois permite trazer todos ao jogo
Para os países, aumenta a autonomia energética. Para a indústria, é a melhor maneira de fazer aço, fertilizantes… E para as petroleiras é uma oportunidade de negócio. 
Em vez de ter todo o mundo a resistir, temos o mundo a unir-se para aumentar o uso de hidrogénio. 
Mas não podemos iludir-nos: é preciso energia para produzir hidrogénio, e temos de ser eficientes para usar o hidrogénio de forma inteligente. 
Dentro das cidades, para carros pequenos, as baterias são mais eficientes do que o hidrogénio, que será melhor para camiões, comboios, navios ou mesmo aviões.
A energia solar precisa de uma grande disrupção se quiser fazer voar passageiros em longo curso, porque o Solar Impulse tinha 72 metros de envergadura, voando 45 quilómetros por hora com apenas uma pessoa a bordo. Era assim que tínhamos energia suficiente do sol para podermos voar. Isto não é muito prático para 200 passageiros. Se hoje quiserem fazer voos comerciais, será com aviões híbridos, a hidrogénio. Talvez para os aviões pequenos, será com baterias. Mas a energia solar pode ser apenas um pouco de energia adicional. Num Airbus 380, penso que se todas as asas estivessem cobertas com células solares, apenas daria a energia [suficiente] para o entretenimento a bordo, não para os motores."

"Aprendi que nunca se deve ter medo de falhar. Caso contrário, não se tenta nada. E também é preciso aprender, e isto é uma coisa muito nova para mim, o impossível não está na realidade, o impossível está na mentalidade das pessoas que imaginaram que o futuro será uma extrapolação do passado, o que está errado, o futuro é sempre disruptivo. Por isso, é preciso ser disruptor para corresponder ao futuro. 
Procurem mais sabedoria. Procurem mais respeito. Procurem mais compaixão na vida, porque o que quer que façamos, podemos ter respeito, podemos ter compaixão, podemos ter sabedoria. E penso que estes são valores que temos realmente de implementar em tudo o que fazemos. E mais do que isso, em tudo o que somos."





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