quinta-feira, 20 de setembro de 2018

O Historiador







O Historiador é fruto de 10 anos de pesquisas da autora, Elizabeth Kostova, e é inspirado na história real do Conde Vlad III, numa mistura magistral de folclore e mito, com preciosos dados históricos, antropológicos e geográficos. 
Mas a explicação do seu imenso sucesso está na força dramática do enredo e na imensa vitalidade dos personagens. De tal forma que foi feito um filme baseado neste romance.

Certa noite bem tarde, ao explorar a biblioteca do pai, uma adolescente encontra um livro antigo e um maço de cartas amareladas. As cartas estão todas endereçadas a "Meu caro e desventurado sucessor", e fazem-na mergulhar num mundo com o qual ela nunca sonhou - um labirinto onde os segredos do passado de seu pai e o misterioso destino de sua mãe convergem para um mal inconcebível escondido nas profundezas da história.
As cartas fazem alusão a um dos poderes mais maléficos que a humanidade jamais conheceu, e a uma busca secular pela origem desse mal e a sua erradicação. É uma caça à verdade sobre Vlad, o Empalador, o governante medieval cujo bárbaro reinado gerou a lenda do Conde Drácula. Gerações de historiadores arriscaram a reputação, sanidade, e até mesmo as próprias vidas para conhecer essa verdade. Agora, esta adolescente precisa decidir continuar ou não essa busca - e seguir o seu pai numa caçada que quase o levou à ruína anos antes, quando ele era um estudante universitário cheio de energia e a sua mãe ainda era viva.

Tudo é tão bem arquitetado que até parece real. As questões históricas, antropológicas, as lendas. O trabalho de pesquisa da autora foi incrível.
Além disso, a história passa-se durante um período conturbado do mundo: a guerra fria. Paul, o herói, pai da narradora, era americano e, para um americano, conseguir entrar nos países da Cortina de Ferro era bem complicado.

Apesar da aparente frieza do tema, existe também margem para emoções e sentimentos.
Mesmo que este não seja um livro romântico, o amor está presente: o amor romântico, de pai e filha, e é claro, o amor pela História, pelos livros.

O que a lenda de Vlad, o Empalador tem a ver com o mundo moderno?
Será possível que o Drácula mítico tenha realmente existido - e continuado a viver, pelos séculos afora? 

A resposta a estas perguntas atravessa o tempo e as fronteiras enquanto primeiro o pai, e depois a filha perseguem pistas que os levam de empoeiradas bibliotecas de universidades norte-americanas a Istambul, Budapeste, Bucareste, e aos confins da Europa oriental. Em cada cidade, mosteiro e arquivo, em cartas e conversas secretas, emerge a horrível verdade sobre o feroz reinado de Vlad - e sobre um pacto atemporal que pode ter mantido a sua monstruosa obra viva através dos tempos.

Na contra-capa do livro diz assim:“Juntando indícios escondidos e textos até então desconhecidos, e interpretando as mensagens em código enredadas na trama das tradições monásticas medievais - bem como esquivando-se dos adversários que farão de tudo para proteger os milenares poderes de Vlad -, uma mulher desvenda o segredo de seu passado e enfrenta a própria definição do mal. O Historiador é uma aventura de proporções monumentais, uma narrativa incansável que mistura factos e fantasia, passado e presente, num estilo de suspense quase intolerável - e impossível de esquecer."

Drácula é o vampiro mais famoso do mundo. 
Vivo no imaginário coletivo, podemos dizer que ele é imortal. 
E se Drácula realmente tivesse existido? 
Um homem real, que foi capaz de cometer atos inomináveis de crueldade e maldade? 
E se ele estivesse vivo ainda hoje, com uma linhagem de sucessores ao seu serviço? 
Elizabeth Kostova conta-nos essa assustadora história.

Narrado na primeira pessoa, o livro trata da saga de uma família que vive à sombra de Drácula. Ainda adolescente, uma rapariga  de dezasseis anos descobre cartas misteriosas que ligam o pai a um grande mistério. Questionado por ela, ele resolve desabafar e contar tudo sobre a sua relação com o Conde Vlad III, o Drácula. Entre correspondências, viagens pelo mundo e relatos populares, revela-se a face do terrível conde e as lendas que surgiram, alimentadas pelas pessoas aterrorizadas por sua maldade.

A história entrelaça acontecimentos inimagináveis em três continentes e dois séculos.
Toda a vida da filha está permeada pela influência do mal de Drácula.
O pai é alguém que ela jamais conheceu de verdade, um homem atormentado por tragédias e segredos sombrios, perseguido pelo peso da maldade, fugindo do terror.
Mas, a sua filha está decidida a livrar a sua família dessa sina e vai em busca da verdade.
E surge a dúvida, pai e filha vão encontrar, e vencer, a temível criatura do mal?
A sede por desvendar os mistérios leva a filha a um enigma de solução surpreendente.

São 541 páginas recheadas de História. 
Da invasão otomana a Constantinopla – Istambul, até situações atuais e locais.
A primeira fase é vivida por Bartholomew Rossi, professor inglês e historiador que vive na América. Durante a década de 30, o professor Rossi encontra entre os seus livros um velho e amarelado livro, de aparência medieval, completamente vazio. Há apenas, no meio do livro, uma xilogravura com a imagem de um dragão de asas abertas e uma cauda enrolada e das garras pendia um estandarte escrito em caracteres góticos: Drakulia. Depois de realizar uma meticulosa pesquisa, o professor Rossi vai em busca da tumba de Drácula e descobre a possibilidade de que ele ainda viva. Ninguém sabe onde realmente está enterrado o corpo do príncipe Vlad e a sua história está recheada de crueldades feitas aos seus inimigos e com os seus vassalos. E a sua preocupação com mosteiros e a sua vida após a morte leva Rossi a descobrir descendentes diretos de Drácula e a apaixonar-se.

Paul é um jovem historiador americano que está a ser orientado na sua tese de graduação pelo mesmo professor Rossi, na década de 50. Ele também encontra um livro semelhante ao de Rossi (depois de deixá-lo na biblioteca o livro reaparece entre as suas coisas). Não é exatamente igual, nem tem tamanho igual, mas a xilogravura é exatamente a mesma (vê-se por marcas próprias no desenho). Ele também parte numa busca principalmente depois do professor Rossi desaparecer após lhe dar cartas escritas por ele na época da sua investigação. Com ele parte Helen Rossi, filha do professor desaparecido, também historiadora. Detalhe: o professor não sabe que tem uma filha. Ela é romena, filha de uma das descendentes de Vlad, o Empalador, por quem Rossi se apaixonou na década de 30.

Esta história é toda contada para a filha de Paul e Helen, por seu pai, e pelas cartas do professor Rossi e de seu pai, depois que ela descobre o livro na estante e inicia a pesquisa. Ela é uma jovem de 16 anos, interessada por história, que não conheceu a mãe, supostamente morta quando era pequena. Muito curiosa ela vai desvendando o mistério pouco a pouco enquanto aprende a história da época de Vlad, a história que envolve os países da Europa oriental (alguns comunistas) da década de 30 e pós-guerra na década de 50.
O ápice da história é quando Paul e Helen descobrem a descendência de Helen e a paixão que o professor Rossi teve pela mãe dela (uma camponesa romena descendente de Vlad).
É uma história fantástica que mistura antropologia, lendas, superstições, romance e história real. O livro é rico em detalhes históricos e geográficos e mistura a história real de Vlad Tepes que reinou na Valaquia no sec XV com o lendário personagem o Conde Drácula do livro de Bram Stoker.  Uma lição sobre a história medieval da Roménia, Bulgária, Hungria e Turquia, principalmente os movimentos invasivos dos Otomanos.



Agora, vamos aos factos reais, aos factos históricos:
Vlad III - o Empalador, era um conquistador do século XV, que aprendeu com os Otomanos, a quem foi "vendido" em pequeno pelo pai num negócio de expansão do reino, diversos métodos muitíssimo sádicos de tortura. Ficou conhecido como Empalador, pois esta era a sua forma favorita de tortura, que consistia literalmente em enfiar uma estaca de grandes dimensões através do ânus ou dos órgãos genitais, da pessoa que era torturada, e empurrá-la até sair por outra parte do corpo, o que naturalmente proporcionava a morte da pessoa exposta a tal crueldade. Vlad é referido em inúmeros documentos históricos como Draculea ou Drakulya que significa "filho do dragão", pois o seu pai tinha o nome de Vlad Dracul (Dracul=Dragão) . Vlad III serviu de inspiração para o famoso e também sádico vampiro Drácula do romance de Bram Stoker. 
Vlad III, Monarca, Principe da Ordem do Dragão (Draculea) e, posteriormente, Rei (voivoda) da Valáquia por três vezes: Em 1448; de 1456 a 1462; e em 1476; onde ficou conhecido como Vlad, o Empalador (em romeno: Vlad Tepes). Conquistou a coroa da Valáquia ao resgatar o trono de seu pai, Vlad II, em lugar do seu irmão Mircea II da Valáquia (Principe Voivoda), herdeiro do trono. Ambos assassinados pelos aliados do Império Otomano. Vlad II foi assassinado a mando do então governador regente da Hungria: John Hunyadi, submisso do Imperador Sigismundo, também fundador da Ordem do Dragão. O corpo de Vlad II nunca foi encontrado. Hunyadi então colocou o segundo primo de Vlad, Vladislau II da Hungria, como o novo Voivoda da Valáquia contrariando, assim, a ordem sucessória do Trono da Valáquia.
Hunyadi lançou uma campanha militar contra os Otomanos, no outono de 1448, e Vladislau acompanhou-o. Vlad invadiu a Valáquia com apoio otomano em outubro, mas Vladislau retornou e Vlad refugiou-se no Império Otomano até ao final do ano. Ele retornou à Moldávia em 1450 e depois para a Hungria. Invadiu a Valáquia com apoio húngaro em 1456, onde lutou com Vladislau e o matou. Vlad então começou a expurgar todos os traidores da Valáquia para fortalecer a sua posição. Entrou em conflito com os saxões da Transilvânia, que apoiavam os seus oponentes: Dan II da Valáquia e Bassarabe III da Valáquia, irmãos de Vladislau e o meio irmão ilegítimo de Vlad: Vlad, o Monge. Vlad atacou e saqueou vilas saxãs, levando-os cativos para a Valáquia, onde os empalou. A paz foi restaurada na região em 1460.
O sultão otomano, Maomé II, o Conquistador, ordenou a Vlad que lhe pagasse tributos pessoalmente, mas Vlad capturou e empalou os emissários do sultão. Em fevereiro de 1462, ele invadiu território otomano, massacrando milhares de turcos e búlgaros. Maomé II lançou-se contra a Valáquia para substituir Vlad pelo seu irmão mais novo, Radu. Vlad então tentou capturar o sultão uma noite em Târgoviște, no mesmo ano, mas o sultão e muitos comandantes do seu exército partiram da Valáquia, enquanto vários cidadãos passaram a apoiar Radu para o trono. Vlad procurou auxílio na Transilvânia com Matias I, rei da Hungria, no final de 1462, mas Matias fez dele seu prisioneiro.
Vlad foi mantido em cativeiro em Visegrád de 1463 a 1475. Foi neste período que anedotas e comentários sobre a sua crueldade começaram a circular pela Alemanha e pela Itália. Ele foi libertado a pedido de Estêvão III da Moldávia, no verão de 1475. Ele lutou no exército de Matias contra os otomanos na Bósnia, no começo de 1476. Tropas húngaras e búlgaras auxiliaram-no a forçar Bassarabe III, que tirou Radu do poder, a fugir da Valáquia em novembro. Bassarabe ainda retornaria com apoio otomano antes do final do ano, mas ele foi assassinado por Vlad em janeiro de 1477. Livros que descrevem os atos cruéis de Vlad tornaram-se famosos em todos os territórios de língua germânica. Na Rússia, histórias populares sugerem que Vlad só era capaz de fortalecer o governo através de brutais punições a inimigos e uma visão semelhante foi adotada sobre ele por historiadores romenos do século XIX. Sua fama de crueldade e brutalidade serviu de inspiração para o famoso vampiro do livro de Bram Stoker, de 1897, Drácula.

Historicamente, Vlad é lembrado pela sua luta contra o expansionismo do Islão na Europa Oriental, servindo a Igreja Católica, marcado pela crueldade para com os seus inimigos. Mesmo com a fama brutal que acompanha o seu nome, ele é ainda considerado um herói nacional na Roménia e na Moldávia. Construiu diversos mosteiros no seu reinado, mas morreu a tentar reconquistar o trono da Valáquia dois anos depois de ser libertado do cativeiro húngaro.

Conde Drácula é um personagem fictício que dá título ao livro de Bram Stoker escrito em 1897. 
Esse personagem deu origem a várias histórias literárias, e a vários filmes de Hollywood.






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