quinta-feira, 22 de março de 2012

...gosto das pessoas...




Mas gosto, gosto das pessoas.
Não sei me comunicar com elas, mas gosto de vê-las, de estar a seu lado, saber suas tristezas, suas esperas, suas vidas.
Às vezes também me dá uma bruta raiva delas, de sua tristeza, sua mesquinhez.
Depois penso que não tenho o direito de julgar ninguém, que cada um pode — e deve — ser o que é, ninguém tem nada com isso.
Em seguida, minha outra parte sussurra em meus ouvidos que aí, justamente aí, está o grande mal das pessoas: o facto de serem como são e ninguém poder fazer nada.
Só elas poderiam fazer alguma coisa por si próprias, mas não fazem porque não se vêem, não sabem como são.
Ou, se sabem, fecham os olhos e continuam fingindo, a vida inteira fingindo que não sabem."

Caio Fernando Abreu

Sem comentários:

Enviar um comentário