domingo, 2 de outubro de 2022

Agora, ele já não sonha





 Agora, 
ele já não sonha,
as pálpebras estremecem,
é noite outra vez,
o coração fecha todos os portos, todas as 
portas,
e, no reverso de cada página,
somam-se cicatrizes, escombros,
muitos navios sem leme, sem âncora, 
naufragados,
sem os espelhos que um dia, nos mares
entre o norte e o sul,
o viram contemplar, na inquietação das 
vagas,
um rosto aflito que já nada dizia.


José Agostinho Baptista




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