sábado, 10 de setembro de 2022

TOMAR a FORÇA DA MÃE e do PAI


Rohina Hoffman




O Fundamento: A Mãe

Após o nosso nascimento, o próximo momento decisivo é o movimento em direção à mãe, agora como alguém de frente, que nos leva ao seu peito e nos alimenta. Com o leite dela, tomamos a vida fora dela.

O que nos faz ter sucesso aqui e nos prepara para o sucesso posterior em nossas vidas e em nossa profissão? 
Tomá-la como a fonte da nossa vida, com tudo o que flui dela para nós. 
Com ela, tomamos a nossa vida. Esta tomada é ativa. 
Temos de sugar para que o leite dela flua. 
Precisamos chamar para que ela venha. 
Devemos nos alegrar com o que ela nos dá. 
Ela nos faz ricos. 

Mais tarde na vida, se tornará claro: quem conseguir tomar sua mãe completamente, será bem sucedido e feliz. Pois assim como alguém se relaciona com sua mãe, também se relaciona com sua vida e sua profissão. Na medida em que rejeita sua mãe, assim também rejeita a vida, seu trabalho e sua profissão. Alguém que está feliz com a sua mãe, está feliz com a vida e com o seu trabalho. Da mesma forma como sua mãe lhe dá e continuará lhe dando cada vez mais, se tomar dela com amor, assim também sua vida e seu trabalho lhe darão sucesso na mesma medida.

Aquele que tem ressentimentos em relação à sua mãe também os tem contra a vida e contra a felicidade. Da mesma maneira que a mãe se retira dele como resultado de suas reservas e sua rejeição, assim a vida e o sucesso também se retiram .


O movimento em direção à mãe:

Para muitas pessoas, o ato de "tomar" a mãe é impedido por uma experiência precoce - muitas pessoas, ainda na infância, vivenciam a separação de suas mães. 
Por exemplo, em situações em que precisaram ficar com outras pessoas, se a mãe ficou doente e teve que se afastar por um tempo para uma recuperação, ou ainda, se ficaram doentes e por conta disso não lhes foi permitido visitas. Experiências como estas resultam em uma profunda mudança no nosso comportamento posterior. 
A dor da separação e o desamparo sem a presença da mãe, o desespero de não poder ir até ela quando mais precisamos, leva a uma decisão interior:

Por exemplo, "Eu desisto dela." "Vou ficar sozinho." "Vou manter a minha distância." "Eu me retiro dela."


O movimento interrompido e suas consequências:

O movimento interrompido precocemente em direção à mãe tem consequências profundas para a vida posterior e para o nosso sucesso.

Como é que isto se manifesta em detalhe? 
Quando essas crianças mais tarde querem se aproximar de alguém, por exemplo um parceiro, seu corpo as lembra do trauma da separação precoce. 
Depois param de se dirigir ao parceiro. 
Em vez de se aproximarem do parceiro, eles esperam que ele se aproxime deles. 
Quando ele realmente se aproxima, eles muitas vezes têm dificuldade em suportar a sua proximidade. Eles o rejeitam de uma forma ou de outra, em vez de o acolherem e aceitarem alegremente. 
Eles sofrem com isso e, no entanto, só podem se abrir para ele de forma hesitante, se assim for, muitas vezes por um curto período de tempo. Eles têm uma experiência semelhante com o seu próprio filho. Eles às vezes acham difícil suportar a sua proximidade. 

Por trás de quase todos os traumas está uma situação em que um movimento que teria sido necessário não era possível, de modo que ficamos paralizados ou imobilizados nele como se estivéssemos enraizados.

Como se soluciona um trauma assim? 
Se soluciona nos nossos sentimentos e na nossa memória, se voltarmos a esta situação apesar de todo o medo e recuperarmos interiormente o movimento que foi impedido ou interrompido naquele momento. 

O que isto significa para um movimento interrompido precocemente em direção à mãe? 
Voltamos à situação daquele tempo, voltamos a ser a criança daquele tempo, olhamos para a nossa mãe daquele tempo e, apesar da dor crescente e da desilusão e raiva daquele tempo, damos um pequeno passo em direção a ela - com amor. Fazemos uma pausa, olhamos nos olhos dela e esperamos até sentirmos dentro de nós a força e a coragem para o próximo pequeno passo. Paramos novamente até conseguirmos o próximo pequeno passo e os próximos pequenos passos, até finalmente cairmos nos braços da nossa mãe, abraçados e segurados por ela, finalmente um com ela novamente e com amor por ela. 

Mais tarde verificamos, também aqui em primeiro lugar interiormente, se somos bem sucedidos neste movimento com um parceiro amado. Olhamos nos olhos dele, e em vez de esperar que ele se mova em nossa direção, damos o primeiro pequeno passo em direção a ele. 
Depois de um tempo, quando tivermos reunido forças suficientes, damos um segundo passo. Por isso continuamos a caminhar na sua direção, passo a passo, até que o tomamos nos braços e ele nos toma, até que o abraçamos e o deixamos nos abraçar, felizes e por muito tempo. 



O movimento em direção ao sucesso:

Um movimento interrompido precocemente em direção à mãe mais tarde se revela um obstáculo decisivo para o sucesso em nosso trabalho, em nossa profissão e em nossa empresa. 
Aqui também, é importante que nos movemos em direção ao sucesso, em vez de esperar que ele venha até nós. 

Por exemplo, quando esperamos pelo salário sem antes entregarmos o correspondente desempenho, quando empurramos os outros para a frente, em vez de fazermos nós mesmos e recuarmos em vez de nos aproximarmos de alguém e de um trabalho com alegria.

Cada sucesso tem a cara da mãe. 
Portanto, aqui também nos aproximamos primeiro do nosso sucesso interiormente e vamos em direção a outras pessoas, prontos para fazer algo por elas, prontos para servi-las, em vez de hesitar e ficar parados e esperar que elas se movam. Então caminhamos em direção a eles, caminhamos em direção ao nosso sucesso, passo a passo, e a cada passo sentimos a nossa mãe amorosamente atrás de nós. 
Conectados a ela, estamos preparados para o nosso sucesso e chegamos a ele como chegamos à nossa mãe. Com ela primeiro e agora com ele.


BERT HELLINGER








Nunca entendeu muito bem o que significa “tomar a força da mãe”?

O verbo não é “aceitar a mãe”, “amar a mãe”, “fazer as pazes com a mãe”. 
É tomar. 
Receber é passivo, mas tomar é ativo, não depende de um movimento da outra parte, não depende de uma circunstância especial, de um pedido de desculpas. 
Eu faço o movimento em direção à mãe. 

Isso não significa que seremos muito próximas ou, criaremos uma relação afetuosa. 

Algumas mães, inclusive, são tão difíceis que precisaremos estabelecer limites e encontrar uma distância segura nessa relação para nos preservarmos. Nossas mães são humanas e aprenderam a amar com suas mães que talvez não tenham conhecido amor nenhum. São humanas e falhas.


Quando falamos em um movimento, falamos em uma POSTURA INTERNA, no que acontece dentro de mim, na minha imagem introjetada sobre essa relação. 


Tomar a mãe implica primeiramente que eu possa dizer um Sim internamente ao que foi e não posso mais mudar. Às circunstâncias do meu nascimento, se fui desejada ou não, se ela era violenta, ausente, negligente... Não teremos a chance de ter outros pais. Quando dizemos na Sistémica que nossos pais são os certos para nós, o sentido que isso traz é de que a nossa história traz a força exata que precisamos para viver o nosso destino.


Hellinger nos convidou a imaginar que tivéssemos tido pais ideais em todos os sentidos e que tudo tivesse corrido às mil maravilhas:
“Quão aptos estaríamos para a vida? Justamente os erros, os desafios e aquilo que, algumas vezes, também nos custou muito sofrimento nos dão força especial quando os aceitamos.” 

Quando consideramos tudo como foi e dizemos: 
“Foi assim para nós. 
Eu aceito e tomo a força que vem daí”
saímos da reivindicação para ação. 
A reivindicação tem prazo de validade.


Tomar é fazer o movimento interno de dizer 
“Sim, foi assim”. 
Nesse momento, dentro de mim, 
surge a paz de não precisar lutar 
e de me libertar. 


Tudo que excluímos, toma conta de nós. 
Quando excluo, me pego repetindo algo que condenava e penso 
“Estou igual a minha mãe”. 

Pode ser que o resultado desse “Tomar” interno seja uma aproximação, mas isso não é o mais importante. Estamos falando do que acontece do lado de dentro.

Há uma frase que usamos na Sistémica e diz assim: 

"Pai e Mãe, 
obrigada pela vida, 
todo o resto 
eu posso fazer sozinha.". 


  • Nem negar a dor de ter uma mãe emocionalmente indisponível, 
  • Nem desconsiderar as dores da própria mãe. 
  • Nós somos nós e nossos contextos. 

O mito do amor materno nos impede de retirar o véu que encobre a realidade. 

Foi como pôde ser. 
O resto podemos fazer sozinhos.



Deise Brião Ferraz





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