Como a insegurança
leva à
inveja, ao ciúme e à vergonha?
Inveja, ciúme e vergonha estão inextricavelmente entrelaçados.
A inveja e o ciúme são emoções primordiais que frequentemente se sobrepõem. Eles são comumente sentidos pela primeira vez na forma de rivalidade entre irmãos e anseios edipianos.
Uma criança quer naturalmente a mamãe e o papai só para ele/ela mesma e se sente “excluída” do vínculo conjugal, especialmente se houverem déficits parentais que levaram à vergonha e ao abandono emocional.
Normalmente, os filhos pequenos de pais heterossexuais veem seus pais do mesmo sexo como um rival pelo amor do pai oposto. Eles sentem inveja e ciúme de seus pais do mesmo sexo.
Da mesma forma, um intruso em um casamento pode sentir ciúme e inveja do cônjuge que deseja substituir, possivelmente reencenando os sentimentos de infância em relação aos pais.
As crianças frequentemente têm inveja e ciúme da atenção dada a um irmão recém-nascido. A crença de que um irmão é favorecido pode criar sentimentos de vergonha e inadequação para toda a vida.
INVEJA
Inveja é um sentimento de descontentamento ou cobiça em relação às vantagens, posses ou características de alguém como beleza, sucesso ou talento.
Também é uma defesa comum da vergonha, quando nos sentimos menos do que os outros em algum aspecto. Quando a defesa está funcionando, não temos consciência de nos sentirmos inadequados.
Podemos até nos sentir superiores e menosprezar a pessoa que invejamos. Um narcisista maligno pode ir tão longe a ponto de sabotar, apropriar-se indevidamente ou difamar a pessoa invejada, o tempo todo inconsciente de se sentir inferior.
A arrogância e a agressão servem como defesas junto com a inveja.
Geralmente, o grau de nossa desvalorização ou agressão é compatível com a extensão da vergonha subjacente.
Eu posso:
- Ter inveja do novo carro de fulano, sabendo que não tenho dinheiro para comprá-lo, e me sentir inferior;
- Ter o dinheiro, mas me sinto em conflito quanto a comprá-lo, porque me sinto indigno de possuí-lo; ou
- Imitá-lo e tomar medidas para adquirir um carro igual.
No entanto, se a inveja me motivou a copiá-lo e eu ignorei meus valores ou desejos verdadeiros, não tirarei nenhum prazer de meus esforços.
Em contraste, posso pensar sobre minhas necessidades, desejos e como satisfazê-los.
Então, eu posso:
- Estar feliz por ele e minha inveja é passageira;
- Perceber que tenho valores ou desejos conflitantes e que o que combina com ele não é o certo para mim.
Todas essas são respostas saudáveis.
CIÚMES
O ciúme também se origina de sentimentos de inadequação, embora geralmente sejam mais conscientes do que com inveja.
No entanto, enquanto a inveja é o desejo de possuir o que outra pessoa possui, o ciúme é o medo de perder o que temos.
Sentimo-nos vulneráveis a perder a atenção ou os sentimentos de alguém próximo a nós.
É definido como mal-estar mental devido à suspeita ou medo de rivalidade ou infidelidade e pode incluir inveja quando nosso rival tem aspectos que desejamos.
Ao desencorajar a infidelidade, o ciúme tem servido historicamente para manter a espécie, a certeza da paternidade e a integridade da família. Mas pode ser uma força destrutiva nos relacionamentos, e até mesmo letal.
O ciúme é a principal causa de homicídios conjugais.
A crença arraigada de que se era inadequada e indigna de amor a motivou a buscar a atenção masculina e, às vezes, a agir intencionalmente de modo a deixar seu namorado com ciúme e mais ansiedade.
Sua insegurança também a deixava com ciúmes.
Imaginava que o namorado desejava outras mulheres mais do que ela, quando não é o caso.
Suas crenças refletem uma vergonha tóxica ou internalizada, comum entre os co-dependentes.
É causada pelo abandono emocional na infância e leva a problemas nos relacionamentos íntimos.
Indivíduos inseguros são mais propensos ao ciúme.
VERGONHA
Quer estejamos na posição de ter ou não ter, essencialmente, tanto a inveja quanto o ciúme envolvem comparações que refletem um sentimento de insuficiência: “Sou inferior a X, que tem o que quero” ou “Sou inferior a X que pode diminuir (ou está diminuindo) minha importância para alguém. ”
Sentir-se “insuficiente” é o fio condutor. As comparações são uma bandeira vermelha para a vergonha subjacente. Quanto maior for a intensidade ou cronicidade desses sentimentos, maior será a vergonha.
Assim, os codependentes levam a rejeição muito a sério, por causa da baixa autoestima, vergonha tóxica e histórico de abandono emocional.
Normalmente, a vergonha leva a atacar a si mesmo ou a outra pessoa.
Enquanto algumas pessoas se culpam quando rejeitadas, outras pensam:
“Ele ou ela não era realmente digno do meu amor”.
Também podemos nos comportar de maneiras que levam nosso parceiro a ir embora, porque valida a crença de que não somos dignos de amor.
Pode ser uma variação de “Vou lhe dar um motivo para sair” ou
“Vou embora antes de que ele saia”.
De qualquer forma, é um movimento defensivo para evitar ficar muito apegado.
Isso nos dá uma sensação de controle sobre o abandono inevitável antecipado que doeria ainda mais.
A inveja e o ciúme devem ser examinados no contexto mais amplo de uma relação entre os três atores, mesmo que seja imaginária.
Cada pessoa desempenha um papel, que desempenha uma função. É mais estável e menos intenso emocionalmente do que uma díade.
Uma terceira pessoa em um relacionamento íntimo pode mediar problemas de intimidade não resolvidos ao desviar um pouco da intensidade do casal e ajudar a manter o relacionamento primário.
Para fazer isso, os pais frequentemente “triangulam” um filho no papel de filho problemático identificado ou cônjuge substituto, o que medeia os problemas no casamento. O último caso fomenta desejos edipianos na criança que podem causar disfunções em relacionamentos adultos posteriores.
Um amante pode dar a um cônjuge ambivalente um senso de independência que lhe permite permanecer no relacionamento conjugal. O cônjuge pode se sentir dividido entre dois amores, mas pelo menos não se sente preso ou que está se perdendo no casamento.
A falta de intimidade no casamento pode ser compensada no caso, mas os problemas conjugais não são resolvidos.
Depois que um caso é exposto, a homeostase do casamento é interrompida. O remorso não resolve necessariamente os problemas subjacentes de intimidade e autonomia.
Às vezes, quando o ciúme diminui, novos conflitos surgem para recriar a distância entre os parceiros. Quando a autonomia individual e a intimidade são estabelecidas no casal, o relacionamento é mais forte e o interesse pela terceira pessoa geralmente se evapora.
Se a infidelidade leva ao divórcio, frequentemente a remoção do cônjuge rival, que mediou o caso, dá origem a novos conflitos no relacionamento antes ilícito que resultam em sua eventual extinção.
O contato contínuo do cônjuge infiel com seu ex pode simultaneamente diluir-se, mas permitir que o relacionamento com o novo parceiro sobreviva.
O drama de tudo isso também adiciona um elemento de excitação que, embora estressante, alivia a depressão típica da co-dependência.
O melhor seguro contra
o ciúme e a inveja
é aumentar sua autoestima
Para o ciúme, melhore a intimidade em seu relacionamento.
Se você suspeita de seu cônjuge, faça um diário sobre todas as ocasiões em que você foi traído ou rejeitado em relacionamentos anteriores (incluindo relacionamentos do mesmo sexo e familiares).
- Conte ao seu parceiro o comportamento que o incomoda com uma mente aberta, de maneira não acusatória;
- Compartilhe seus sentimentos de insegurança, em vez de julgá-lo;
- Respeite a privacidade e a liberdade de seu parceiro;
- Não tente controlar ou interrogar seu parceiro, ou entrar furtivamente em seu e-mail ou telefone. Isso cria novos problemas e pode fazer com que ele desconfie de você.
Emilson Lúcio da Silva
A definição de inveja que Melanie Klein utilizou se refere ao sentimento de indignação com outra pessoa que possui ou desfruta de algo desejável, frequentemente acompanhado por um impulso de tomá-lo.
A inveja implica, então, em desejar algo que os outros possuem: capacidades intelectuais, habilidades, dinheiro, beleza, poder ou bens que ao não poder possuí-los resulta em uma profunda alteração de humor (por exemplo, tristeza, indignação ou ira).
Decorrente dessas emoções que a pessoa sente, a inveja cria a expectativa de que uma injustiça está sendo cometida contra ela, porque considera que o sucesso, os bens ou as qualidades do invejado deveriam ser seus.
O ser humano que sente inveja também manifesta uma sensação de prazer ou bem-estar quando o sujeito invejado está passando por um momento ruim, então não corresponde apenas à dor ou à tristeza de não possuir o que o outro tem, mas também que aprecia quando o outro perde mesmo que o invejoso não tenha conquistado ainda.
A inveja vem, principalmente, da falta em não ter uma coisa, ver essa coisa em outra pessoa e querer isso para si. Na inveja existe um exorbitante lamento por descobrir que uma outra pessoa possui ou alcançou algo que acreditamos que deveríamos ter, mas que, no entanto, não podemos possuir.
A pessoa que sente inveja se chateia por existir um sucesso alheio junto a uma ideia de injustiça.
"Por que ele e não eu?"
O significado da inveja na psicologia expõe que essa sensação impede a criatividade e o desenvolvimento do estilo próprio ou da autoestima.
Algumas características de estilo próprio que fica com seu desenvolvimento limitado pela inveja:
- O estilo próprio de enfretamento de situações adversas.
- O estilo próprio na observação dos acontecimentos diários ou importantes.
- A ordem de prioridades na vida da pessoa.
- Os objetivos a serem alcançados.
- O tipo de relação com os demais.
- A pessoa criativa é original e fiel a si mesma. A pessoa que sente inveja quer ser outra (quer ser a pessoa por quem sente inveja) e ter o que ela tem. Na psicologia tem se observado que essas pessoas não conseguem apreciar o que possuem.
Diferença entre inveja e ciúmes
O ciúmes é a sensação que aparece quando temos medo de uma possível perda do objeto amado ou de algo que se possui.
Na inveja não se mobiliza o medo de perder algo, mas sim o não possuir algo que nunca teve antes.
Ainda que esses dois possam ter uma semelhança muito grande, seu toque social e a forma como afeta a autoestima, são muito diferentes.
Existe inveja saudável?
A primeira coisa que pensamos ao ler ou escutar algo relacionado à inveja é que não há como ela trazer algum benefício. Mas que pode acabar por ser produtiva, caso exista uma inveja saudável.
A inveja saudável pode nos ajudar a criar algo e a nos reinventar.
- "Se ele pode, eu também gostaria de tentar".
- "Se ela conseguiu sair dessa situação de precariedade, eu acredito que também posso tentar".
O que é necessário avaliar com muito cuidado é a parte patológica a qual nos pode levar a sentir inveja.
Devemos explorar quais coisas influenciaram nosso próprio desenvolvimento psicológico que provocam esse sentimento para que possamos nos encaminhar para a parte patológica da inveja.
Alguns aspectos que te ajudarão a diferenciar a inveja saudável da inveja patológica:
- Devemos saber se queremos crescer com o que é invejado ou se queremos destruir o que é invejado.
- Observar se existe algum complexo de inferioridade que provoque esse sentimento de se sentir inferior e de não sentir-se capaz de alcançar e conquistar o que o outro possui.
- Não conhecer a si mesmo/a (habilidades e capacidades próprias) e não reconhecer o sentimento de inveja.
- Acreditar que possui qualidades que, na verdade, não possui e, quando as encontra em outras pessoas, sente um profundo desequilíbrio psicológico que não pode ser suportado.
Consequências da inveja
Algumas das consequências mais frequentes da inveja:
- Limitação da criatividade.
- Pouco desenvolvimento pessoal, profissional ou acadêmico, familiar e social.
- Transtornos mentais (por exemplo, um transtorno de ansiedade, transtornos depressivos ou um transtorno delirante).
- Isolamento.
- Conflitos intra e interpessoais.
- Falta de desenvolvimento de estilo próprio (baixa autoestima). Aqui você encontrará as características de pessoas com baixa autoestima.
É possível trocar a inveja pela admiração?
As pessoas aprenderam algo que, às vezes, é reforçado pelas tantas frases de superação pessoal ou conselhos que ouvimos. Por exemplo, é melhor você admirar do que invejar o outro, o parabenize pela conquista e pelo sucesso que obteve, assim você poderá superar a inveja, isso pode chegar a ser saudável para o ouvinte ou o leitor se ele puder analisar melhor essas frases.
Como superar a inveja
Uma pessoa que experimenta a inveja patológica não é capaz de admirar, porque lhe falta amor.
Para admirar alguém, é preciso amá-la antes. Você ama aquilo que vê, ama as características que talvez você não possua, e isso pode ser algo muito maravilhoso. O que nos dizem essas frases de superação é que sentindo que admiramos a outra pessoa nos fará sentir parte dela (um fenômeno de projeção), o reconhecimento também diz respeito a ela. Esse processo de felicitações massivas e de personalidade lisonjeira indica falta de ideais, falta de amor próprio e per se aos demais.
A inveja não se transforma ao parabenizar ou elogiar o outro. A admiração somente pode acontecer quando somos capazes de amar e, para poder amar, devemos aprender a valorizar as habilidades, qualidades, ideais e estilo próprio que cada um de nós possui (o amor próprio).
Você pode mudar seu diálogo interno para esse pensamento: "vou tentar fazer o que ele fez, vamos descobrir se eu também consigo isso da mesma forma que ele conseguiu, aprendi com ele a fazer melhor para poder ter sucesso, não vou destruir o que me ensinou a crescer". Isso é amor.
Existem pessoas que afirmam que o autoconhecimento é relativamente supérfluo e que isso não irá fazer nenhuma diferença no que estamos sentindo. O fato é que ninguém pode escolher como se sentir em determinado momento, mas pode influenciar na forma como entende esse sentimento, e a compreensão do que somos pode modificar e reestruturar o que sentimos, incluindo a inveja.
in, Envy and Gratitude
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