Na minha juventude estava convencido
de que a serenidade ajuda a imaginar.
Agora sei que na vida imaginada
o pior de mim já está nos alicerces.
Já me esqueci de tantas versões históricas:
as mentiras dos clássicos e dos românticos.
E, ao mesmo tempo, quão aborrecido
o actual labirinto, quão complexo e sujo,
e, envolvendo tudo, uma noite estrelada
que em caso algum serei capaz de compreender.
Hoje só uma voz me fala
surgida da dureza que há na própria vida,
a única na qual vejo ainda alguma verdade:
a música a cobrir o nada de beleza,
os meus poemas, a força do amor
e da palavra juntas. Tu e eu.
Os que os lerem na sua própria solidão.
Joan Margarit
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