sábado, 17 de fevereiro de 2018

Não tenho limites





Não. Não tenho limites. 
Quero de tudo 
Tudo. 
O ramo que sacudo 
Fica varejado. 
Já nascido em pecado, 
Todos os meus pecados são mortais. 
Todos tão naturais 
À minha condição, 
Que quando, por excepção, 
Os não pratico 
É que me mortifico. 
Alma perdida 
Antes de se perder, 
Sou uma fome incontida 
De viver. 
E o que redime a vida 
É ela não caber 
Em nenhuma medida. 


Miguel Torga





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