quinta-feira, 14 de março de 2013

Jorge Mario Bergoglio



"Jamais condenou os ditadores argentinos, apesar de saber que Videla e os seus sequazes torturavam, assassinavam, faziam desaparecer milhares de pessoas. Não pode alegar que não tinha conhecimento, porque era o confessor e dava a comunhão a Videla." 

Luis Sepúlveda

Para muitos, só o facto de o novo papa ser latino-americano já é uma garantia do regresso iminente aos evangelhos na sua expressão mais pura. Não é assim. A história sinistra da igreja católica, sobretudo a recente, não vai ser limpa por uma nacionalidade determinada. E se a questão era eleger um latino-americano, por que não Leo Messi, que é o mais próximo da perfeição divina?

É público que jamais condenou ditadores argentinos, apesar de saber que na Argentina de Videla e dos seus sequazes se torturava, se assassinava, faziam-se desaparecer milhares de pessoas, roubavam-se os recém nascidos das prisioneiras grávidas, violavam-se todos os direitos e todos os mandamentos que, supostamente, regem a moral e a conduta dos católicos.
Videla era católico e dos fanáticos, tal como Massera e todos os criminosos que usurparam o poder na Argentina.
E sabendo-o – "Francisco I" – não abriu a boca. Não pode alegar que não sabia, porque era o confessor e era quem dava a comunhão a Videla.
Que lhe confessava o chefe dos torturadores?

Segundo uma extraordinária reportagem do jornalista argentino Horacio Verbitsky, publicada no Página12 em 1999, o cardeal Jorge Mario Bergoglio é culpado, por acção ou omissão, da detenção e desaparecimento de dois religiosos da sua própria ordem.

Nunca esclareceu estes factos, mas, curiosamente, quando o presidente Néstor Kirchner acabou com as odiosas leis de “obediência devida", com as amnistias aos criminosos e reabriu os julgamentos contra os piores criminosos da história argentina, Jorge Mario Bergoglio descobriu a pobreza e converteu-se no paladino do antikirchnerismo.

Na reportagem publicada pelo Horacio Verbitsky mostra dois documentos: um, que implica diretamente Jorge Mario Bergoglio no desaparecimento desses dois padres, e outro, adulterado, modificado, amanhado, talvez pela mão do Espírito Santo.


Despachos oriundos da embaixada de Buenos Aires, vazados pelo Wikileaks, revelam que o novo papa da Igreja Católica, o argentino Jorge Bergoglio, era um nome bastante citado pela oposição argentina em conversas com diplomatas americanos.
No período de 2006 a 2010, mostram que a oposição do país vizinho, assim como os americanos, via nele um agente político poderoso contra os Kirchner.

Num documento de maio de 2007, a relação entre a Igreja Católica e o governo Néstor Kirchner é descrita como “tensa”:
“Bergoglio recentemente falou de sua preocupação com a concentração de poder de Kirchner e o enfraquecimento das instituições democráticas na Argentina”.
Além disso, reportam os documentos, Bergoglio agia fortemente nos bastidores, provocando a irritação dos partidários de Kirchner. “O prefeito de Buenos Aires, Jorge Telerman, e sua parceira de coalizão e candidata a presidência, Elisa Carrio, supostamente encontraram-se com Bergoglio em abril, e a inclusão do líder muçulmano Omar Abud na lista de candidatos ao legislativo de Telerman foi supostamente ideia de Bergoglio”, reportaram os diplomatas.
O religioso também era muito próximo de Gabriela Michetti, então ex-vice prefeita de Buenos Aires e actualmente deputada federal da oposição, segundo outro telegrama, de 26 de janeiro de 2010.
UM PAPA MANCHADO PELA RELAÇÃO COM A DITADURA

Não há nada de que se alegrar.
O conselho geral de accionistas do Vaticano & Company deixou tudo tal como estava.

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