sexta-feira, 21 de outubro de 2011

Ilusões




Algures pelos caminhos da vida fui perdendo as ilusões.
Em algum lugar ao longo da caminhada se desprendeu de mim a inocência.
Nalgum momento, que não sei ao certo precisar, compreendi que o animal mais feroz e mais perigoso que anda neste mundo, talvez por caminhar erecto, não está devidamente relatado nos documentários da National Geographic.
Ainda assim, ao longo da jornada, não perdi a memória das coisas e das gentes, e sobretudo, não me afastei daquela criança que fui, dona daquele olhar faminto e esbugalhado, com apetite de descoberta e sede de conhecimento.
Nada de importante se perdeu portanto.
Apenas a inocência se foi esbatendo à medida que as ilusões se iam desvanecendo.

Pensando nas ilusões que perdi, recordo-me das palavras do Miguel Sousa Tavares, que também as suas ilusões perdeu, sem contudo perder nada do que lhe era verdadeiramente importante.

“E de novo acredito que nada do que é importante se perde verdadeiramente. Apenas nos iludimos, julgando ser donos das coisas, dos instantes e dos outros. Comigo caminham todos os mortos que amei, todos os amigos que se afastaram, todos os dias felizes que se apagaram.... Não perdi nada, apenas ilusões de que tudo podia ser meu pra sempre”

Miguel Sousa Tavares
in,Não te Deixarei Morrer, David Crockett

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