terça-feira, 13 de dezembro de 2011

A Pedra e o Poço




Um monge peregrino caminhava por uma estrada quando, do meio da relva alta, surgiu um homem jovem de grande estatura e com olhos muito tristes.

Assustado com aquele aparecimento inesperado, o monge parou e perguntou se poderia fazer algo por ele.

O homem abaixou os olhos e murmurou envergonhado: "sou um criminoso, um ladrão. Perdi o afeto de meus pais e dos meus amigos. Como quem afunda na lama, tenho praticado crime após crime. Tenho medo do futuro e não sinto sossego por nenhum instante. Vejo que o senhor é um monge, livre-me então desse sofrimento, dessa angústia!"- pediu ajoelhando-se.

O monge, que ouvira tudo em silêncio, fitou os olhos daquele homem e alguns instantes depois disse: "estou com muita sede. Há alguma fonte por aqui?"

Com expressão de surpresa pela repentina pergunta, o jovem respondeu: "sim, há um poço logo ali, porém nele não há roldana, nem balde. Tenho aqui, no entanto, uma corda que posso amarrar na sua cintura e descê-lo para dentro do poço. O senhor poderá tomar água até se saciar. Quando estiver satisfeito, avise-me que eu o puxarei para com uma corda que posso amarrar na sua cintura e descê-lo para dentro do poço. O senhor poderá tomar água até se saciar. Quando estiver satisfeito, avise-me que eu o puxarei para cima."Um monge peregrino caminhava por uma estrada quando, do meio da relva alta, surgiu um homem jovem de grande estatura e com olhos muito tristes.


O monge sorrindo aceitou a idéia e logo em seguida encontrava-se dentro do poço.


Pouco depois, veio a voz do monge: "pode puxar!"


O homem deu um puxão na corda empregando grande força, mas nada do monge subir.


Era estranho, pois parecia que a corda estava mais pesada agora do que no início.


Depois de inúteis tentativas para fazer com que o monge subisse, o homem esticou o pescoço pela borda, observou a semi-escuridão do interior do poço para ver o que se passava lá no fundo.


Qual não foi sua surpresa ao ver o monge firmemente agarrado a uma grande pedra que havia na lateral.


Por um momento ficou mudo de espanto, para logo em seguida gritar zangado: "hei, que é isso? O que faz o senhor aí? Pare já com essa brincadeira boba! Está escurecendo, logo será noite. Vamos, largue essa rocha para que eu possa içá-lo."


De lá de dentro o monge pediu calma ao rapaz, explicando:


"Você é grande e forte, mas mesmo com toda essa força não consegue me puxar se eu ficar assim agarrado a esta pedra. É exatamente isso que está acontecendo com você. Você se considera um criminoso, um ladrão, uma pessoa que não merece o amor e o afeto de ninguém. Encontra-se firmemente agarrado a essas idéias. Desse jeito, mesmo que eu ou qualquer outra pessoa faça grande esforço para reerguê-lo, não vai adiantar nada."


"Tudo depende de você. Somente você pode resolver se vai continuar agarrado ou se vai se soltar. Se quer realmente mudar, é necessário que se desprenda dessas idéias negativas que o vêm mantendo no fundo do poço."


"Desprenda-se e liberte-se."

— Zairi Hamid

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