Desejaria estender tapetes de púrpura
E desejaria, em toda a região
Encher de bálsamo extraído de pichéis de ouro
As lâmpadas das flores até acima.
E que todas ardessem o tempo suficiente
Para que, cegos pelo dia vermelho,
Nos reconhecêssemos na noite pálida
E a nossa alma se transformasse em estrela.
Ó generosa, tu dás sonhos às minhas noites,
cânticos às minhas manhãs,
objectivos aos meus dias e
desejos solares aos meus crepúsculos vermelhos.
Tu dás sem fim.
E eu ajoelho-me e estendo os braços
para receber a tua graça. Ó generosa!
Sou tudo aquilo que queres.
E serei escravo ou rei conforme ralhes ou sorrias.
Mas és tu que me fazes ser.
Isto, dir-to-ei muitas vezes, muitas vezes.
A minha confissão amadurecerá,
cada vez mais simples e nua.
E o dia em que tiver conseguido torná-la
perfeitamente simples e em que a compreendas
perfeitamente, será o primeiro dia
do nosso Verão. Que durará mesmo para além
dos dias do teu René.
Virás, hoje?
Rainer Maria Rilke
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