Algures na epiderme moram
pequeníssimos grãos
que guardam instantes.
São poros onde ficaram
ocultos os dias em que deslumbrados
tropeçámos na ternura
e fomos jangada, marés e areias.
Num anoitecer inesperado,
a pele salgada de uma concha
pode vir despertar a limpidez velada
desses momentos redondos, brancos
e lunares. Gratos aos búzios,
às grutas percorridas, o cansaço
há-de conduzir-nos a um mar de mel.
LÍLIA TAVARES
in, NOMES DA NOITE
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