sexta-feira, 20 de setembro de 2013
O RESGATE DO FEMININO
SOBRE O RESGATE DO FEMININO através de Sylvie Shining Woman, uma Mulher Medicina.
Há 30 anos, vive no Brasil, numa região em que, mesmo nos dias actuais, precisa lidar com coronéis e homens incapazes de ouvir uma mulher. Mas ela não perde a voz, já realizou grandes transformações na região, empoderando as mulheres e as auxiliando a resgatar sua conexão com o Feminino Sagrado.
Na virada deste ano, tive o prazer de conhecer Sylvie pessoalmente, na pousada Castelar Alvorada, onde recebe hóspedes abertos a experiências de profunda conexão consigo mesmos, através de rituais e vivências ligados à espiritualidade.
Com um sorriso muito autêntico nos lábios e um coração que transbordava amor, ela se sentou comigo e me concedeu essa entrevista, que terminou com lágrimas nos olhos – meus e dela.
A que você dedica sua vida?
Ao profundo, ao sagrado e, particularmente, de 34 anos para cá, estou muito dedicada ao Feminino. Ao resgate de tantas mulheres que ainda sofrem abuso, em todos os sentidos – não apenas sexual, mas também mental e emocional. Também quero ajudar a resgatar a voz do Feminino nos homens. A base dos ensinamentos que eu sigo é fundada sobre 3 Leis Sagradas Universais:
1 – Grande Espiríto, que absolutamente tudo seja feito segundo a Sua Vontade.
2 – Tudo nasce através do Profundo Feminino Sagrado.
3 – Nada e ninguém pode machucar a criança.
Como assim?
É através da abertura, do acolhimento e da disponibilidade de se tornar um receptáculo que a luz do Pai Celeste se pousa, é concebida e, assim, a vida se manifesta. Mas se essa luz celestial cai em uma mente rígida, cheia de crenças e padrões, nada se fertiliza e, consequentemente, começamos a trazer doenças físicas, mentais e emocionais, como vemos hoje.
É muito interessante, porque os neurocientistas já descobriram que as pessoas se tornam mais fluidas a partir da inteligência emocional – que é o coração, que é a feminilidade, a inspiração da vida. Essa inteligência libera hormonas que nos fazem ficar mais focados, mais determinados e conseguimos realizar melhor nossos projectos de vida. Para mim, isso é óbvio, afinal, quanto mais você flui a partir de quem você é, da sua essência, mais vai conseguir manifestar a sua missão de vida, o que você veio fazer aqui na Terra.
E como podemos nos reconectar com esse Feminino?
É uma disciplina diária. Não é repetir uma acção, como um robô, todos os dias, até perder o sentido. Mas é se deixar tocar pela vida. É isso que homens e mulheres não estão conseguindo, eu vejo que ambos estão totalmente perdidos.
Precisamos nos voltar cada vez mais para o nosso centro e estar na inspiração do fluir a cada momento, a cada acontecimento. É ouvir a si mesmo, é consagrar todas as suas acções para a Vida. É parar de se preocupar com o mundo e começar a se ocupar consigo mesmo. A partir do momento em que fazemos isso, resgatamos nossa energia, nos amamos, nos cuidamos, nos voltamos para esse princípio feminino e irradiamos cada vez mais essa energia. A fluidez começa a liderar a nossa vida e não é necessário fazer mais esforço algum, porque tudo acontece redondo, do jeito que tem que acontecer. Mas é um trabalho diário…
Na vida prática, como podemos começar a fazer isso?
Não precisamos ficar o dia inteiro em posição de lótus ou dentro de uma sauna sagrada para nos reconectar com o Feminino. Porque nessas situações é muito fácil. A luz tem que estar presente todos os dias de nossa vida. É na hora em que tudo está desmoronando à sua volta, que você tem que estar ali, expressando a mesma coisa que expressa durante sua prática espiritual, mantendo a firmeza com amorosidade.
Se você está no dia-a-dia e algo não está legal, então pare. Pare o que estiver fazendo e volte para dentro de si, se aquiete. E isso você faz em pleno metro, no avião, em qualquer lugar. Volte para o seu centro e comece a respirar, a observar o que está acontecendo, o que está te incomodando, ou magoando. Não é fazer julgamento, é apenas observar. Então, inspirando e expirando, vá varrendo essas sensações, esses sentimentos, deixe ir.
Se no momento de uma briga ou de uma irritação, uma pessoa que está completamente agoniada ou nervosa decide falar alguma coisa, vai acabar explodindo. Então, o melhor a fazer é se retirar, respirar, passear, fazer qualquer outra coisa. Primeiro é preciso se encontrar, trazer a chama do Puro Amor para o coração, só depois devemos voltar a falar com a pessoa que nos chateou e rever a situação. E também não é chegar até ela e dizer: “viu, eu estou no Profundo Feminino, sou superior”, ou qualquer coisa assim.
Porque tem muitas mulheres que fazem isso. Elas são muito brilhantes, mas dizem: “está vendo, eu estava certa”. Claro que elas têm uma sensibilidade aguda, também por causa do útero, que as torna mais intuitivas e receptivas, mas precisam ter cuidado para não entrar na manipulação, na ilusão de que estão sempre certas e no controle das outras pessoas.
O que experimentamos em nossas vidas quando acessamos esse Feminino?
Ah, o Feminino é um caminho tão lindo… É pela chama do Puro Amor que trazemos à tona as ferramentas certas, que melhor nos servem, que nos ajudam a crescer internamente naquilo que somos. Descobrimos nossos talentos, desenvolvemos os dons que já possuímos e os potencializamos. Quando uma pessoa se trata bem, se ama, ela evita doenças, fica mais presente com o outro, enfim, um leque muito grande de possibilidades se abre e tudo começa a fluir.
Eu, pelo menos, não faço mais esforço nenhum na minha vida. Eu apenas intento e tudo acontece. Eu acho que todos os seres humanos devem chegar a isso.
Por falar em um estado ao qual os seres humanos devem chegar, qual é o convite para a humanidade em 2012? O que devemos fazer?
Irradiar e espalhar o amor. Acredito que será um ano de vitória. Eu andei com os antigos no México e penso que o calendário Maia parou aqui porque não tinha mais pedra para dar continuidade (risos). Na realidade, o calendário para porque, a partir de agora, os seres humanos precisam escolher o que querem fazer. Os grandes mestres estão sumindo propositadamente da face da Terra. Sua Santidade, o Dalai Lama, já afirmou que ele é o último dos Dalai Lama.
Essa é a mudança de 2012. O recado é: “não tem mais nenhuma regra, ninguém vai mostrar mais nada, use tudo o que os mestres já deixaram, tudo o que você já percebeu, caminhou e sentiu até agora, pois tudo o que precisamos saber já está dentro de nós. Agora faça o que precisa ser feito”.
O que deve acontecer a partir deste ano com a consciência humana?
Eu acredito que ainda vai levar alguns anos para que uma grande mudança aconteça, imagino que seja a partir de 2020, mais ou menos. Até lá, o que acontece é uma tomada de consciência: “eu me torno luz, eu me torno amor, eu me torno um ser responsável pelos meus actos”. E isso vai se expandir cada vez mais.
O mundo está tão veloz, tão insano, tantas coisas acontecendo no planeta, que cada vez mais essa abordagem da consciência vai se tornar frequente na vida dos seres humanos, para que eles vejam que assim não dá. Eu viajo pelo mundo todo e percebo que já posso conversar sobre esse assunto com qualquer pessoa, mesmo com aquelas que nunca tiveram nenhum tipo de prática espiritual. Elas estão se abrindo para esse feminino, para esse sopro de vida, porque estão vendo que do outro lado não tem mais nenhuma saída.
Não estamos vivendo uma crise económica, trata-se de uma crise planetária. E 2012 é o início dessa tomada de consciência, não apenas para grupinhos de pessoas que se encontram, que meditam e praticam uma técnica. É uma mudança global. São pessoas que trabalham todos os dias e, de repente, numa dia qualquer, enquanto estiverem indo para o trabalho, vão parar e decidir voltar para casa e algo vai mudar dentro delas, por exemplo. São movimentos energéticos doados pelo planeta que vão se manifestar cada vez mais na vida dos seres humanos. E assim vamos começar a modificar, pouco a pouco, o sistema no qual nos aprisionamos até hoje.
Cada vez mais as pessoas começam a se encontrar, a se reconhecer e a ter vontade de criar um novo mundo juntas. Isso vai levar tempo, mas já estamos começando. É o fim de um ciclo e o começo de outro. Será um ano de vitória, pois deixaremos as camadas do velho, e os novos paradigmas do que vai ser o planeta Terra vão se manifestar por eles mesmos.
Quais são as crenças que mais nos aprisionam hoje e de que precisamos nos libertar?
São as crenças de apego. Apego ao dinheiro, às conquistas, ao ter, a tudo. A gente direccionou toda a nossa vida, há milhares de anos, ao ter, ao adquirir, ao armazenar, ao acumular. E não somente bens materiais, mas também pessoas, companheiros, filhos – eu não tenho um filho, meu filho veio através de mim, mas ele não é meu. Traçamos um caminho de conquistar cada vez mais inteligência mental, informações, títulos, espaço físico, espaço na mente de outras pessoas. E agora é o momento de, simplesmente, Ser o que Somos.
E dá mesmo para confiar que nosso mestre interno sabe o caminho? As respostas já estão realmente dentro nós?
Sim, porque temos o conhecimento silencioso, conectado com a Fonte Divina. Sempre digo isto nos meus seminários: existe algo muito maior do que o que somos. E se você confia verdadeiramente nisso, não há dúvidas, não há medo. Porque o amor é maior do que qualquer medo.
A energia atrai energia, a força chama a força. É uma escolha. Se você se conecta com a Fonte, seu mestre interno está vivo dentro de você e ele se revela. E não importa a filosofia ou a tradição que você siga, porque todas elas são a mesma. Mas se você não faz um movimento para que isso aconteça, acaba preso nos medos, nos apegos, duvida de si mesmo e perde, pouco a pouco, essa conexão.
A iluminação não é um estado em si que se alcança e pronto. O Buda não se iluminou e acabou. São momentos de realização própria, onde se alcança um estado de libertação total. Depois você volta a outro estado, mas aquele momento é de conexão com sua Essência Primordial, com sua fonte. E desse lugar, você sabe o que tem que fazer. A partir desse momento, você é seu mestre.
Você sempre diz que deuses nós já somos, agora precisamos aprender a ser humanos. O que isso significa?
Somos seres de luz, seres extraordinários, que decidimos reencarnar como seres humanos no ventre de uma pessoa que escolhemos, para viver certas experiências aqui na Terra. Mas como não conseguimos lidar com o que somos, criamos, com a nossa mente, um mundo ilusório e vemos Deus como algo fora de nós. A gente se fragmenta.
A partir do momento que incorporamos Deus e entendemos que somos uma centelha da faísca de Deus, passamos a viver, verdadeiramente, a nossa humanidade. Agimos, falamos, trabalhamos, respondemos à vida com divindade. Se já viemos com essa chama de luz, não é espiritualidade o que está nos faltando, mas humanidade. Porque falta a compreensão de que somos um único ser.
E como seres humanos, sempre teremos um lado de sombra?
Sim, somos luz e sombra. A gente tem que aprender a lidar com o que é. A Terra é verdadeiramente um laboratório e viemos para cá para experimentar tudo. Cada um veio com uma bagagem e uma certa frequência para aprender alguma coisa. Cada um vem viver, nesta vida, exactamente o que precisa, com esse pai, essa mãe, esses filhos, esse namorado… Você cria esse núcleo para aprender com cada um deles o que você necessita resgatar dentro de si para recuperar a sua unidade. E a gente faz isso dançando com a nossa sombra, porque é com ela que aprendemos.
Então, precisamos perguntar a ela: “quem é você? O que eu tenho que aprender com essa situação que sempre se repete e eu não estou vendo?” E ela vai lhe falar. Porque ela está ali para você crescer. As pessoas e situações vêm para nos trazer essas informações. Mas, como somos prepotentes, nos indignamos, nos defendemos, achamos que aquilo não pode acontecer connosco e nos afastamos de nossa Fonte. Nesse momento, o Profundo Feminino nos diria para nos aquietarmos, respirarmos e escutarmos. Pois é com essa escuta que algo vai acontecer dentro de você. Então, não é negar a sombra, é olhar para ela, acolhê-la, irradiar luz, curar o que precisa ser curado, liberar essa bagagem e viver a sua verdadeira paixão.
Todo mundo tem a sua paixão na vida?
Cada um tem a sua. Somos seres apaixonados. Mas como a gente anda na vida “de bengala”, cheios de carências, a gente pensa que a paixão vem do outro, que é o outro que vai nos deixar apaixonados. Mas a paixão é essa faísca de vida pulsando dentro da gente e em tudo o que a gente faz. E a gente se encontra com o outro para poder partilhar isso, não para sugar ou se alimentar da paixão do outro. De todo modo, é impossível se sustentar com a paixão do outro, tudo tem que ser feito pelo seu próprio amor, que é irradiado para você mesmo, para suas relações e para tudo o que você faz.
Da maneira como você diz, tudo parece muito simples, mas não é tão fácil assim, né?
É tão simples, tão simples… que quase ninguém consegue alcançar. Porque somos muito sofisticados e nos afastamos cada vez mais dessa simplicidade. Mas é pela simplicidade que a gente vai voltar a ser humano mesmo.
Essa sofisticação é uma distracção da mente?
Eu diria que é uma fragmentação. O poder, a ganância, o dinheiro, a conquista, o controle, a manipulação, o ego, tudo isso é sofisticação. A simplicidade é o amor que flui no coração e, então, tudo se realiza. Por isso é que eu digo que ainda tem muito trabalho a ser feito aqui na Terra para a gente alcançar o que tem que alcançar.
Qual é o seu sonho para o planeta?
Meu sonho é ajudar a criar os novos mapas de navegação planetária através da Chama Eterna do Puro Amor. Que essa visão vele, guarde e perpetue as Leis Sagradas Universais da Sabedoria Milenar e acompanhe todas as crianças da Terra, lhes oferecendo um futuro mais harmonioso, gerado pela beleza de ser e de viver, com respeito e dignidade, sem nenhuma ameaça de violência física, emocional ou mental. Que elas possam voltar a conquistar a alegria de seus corações. Que vivam livres e felizes.
Esse é o meu sonho para todas as gerações futuras. Um mundo livre, sem qualquer condição ou controle, onde as águas fluam em abundância sobre a face da Mãe Terra para que as crianças permaneçam na sua inocência. Que a chama do Puro Amor volte a se manifestar e flua para os filhos da Terra, porque a partir do amor vem todo o resto, a paz, a harmonia, a dignidade, o equilíbrio…
Depois de algumas lágrimas, Sylvie terminou a entrevista dizendo: “eu sempre fico emocionada com as crianças”.
Jornalista desconhecida
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