Já repararam como as pessoas hoje não podem expressar os seus sentimentos?
Eu falo por mim...é muito raro falar da minha vida a alguém...como tem sido tão pesada, fico sempre com a sensação de estar a pesar os outros com os meus problemas...
No início deste ano, trabalhei com um burjesso, que me perguntou algo sobre a minha vida e eu respondi:
" Isso agora, se lhe fosse a contar ficávamos aqui a tarde toda de lágrima no olho..."
Para ver como ele reagia...e ele respondeu logo:
" Pois, é melhor não!"
Excepto aqueles que procuram saber, é claro...com esses falo tudo de peito aberto, sem dor nem mágoa...apenas pura partilha.
"Então nos obrigamos a vestir felicidades inventadas para agradar os outros.
Se estás feliz demais, muitas vezes até demonstras, mas muitas outras vezes ficas com um pé atrás dos olhares alheios, pois o feliz demais é invejado e de certa maneira também incomoda.
Se te apaixonas, não podes mostrar que estás apaixonado!
Hoje em dia expor-se demais assusta, então as pessoas preferem sacar do bolso um jogo de tabuleiro das emoções.
Elas tem tácticas, regras, jogam nos dados o amor e o deixam à mercê da própria sorte.
Muitos perdem a jogada, outros avançam dez casas, mas depois perdem a vez.
Não podes mostrar cansaço.
Estamos cada vez mais doutrinados a nos tornar super heróis invencíveis na corrida contra o tempo.
Temos que ser os melhores na profissão, os mais fortes diante das diversidades, não nos permitindo o autoconhecimento, castrando o tempo que deveríamos dedicar a nós, não nos permitindo um choro profundo de quem simplesmente se respeita e aceita os seus limites.
Estamos a querer ultrapassar algo, seja a linha de chegada, seja a própria falta de bom senso. Muitos estão a colocar o bolso à frente da alma, as necessidades vazias à frente da simplicidade da contemplação.
Não podemos mostrar fragilidade num mundo que leva cada vez mais à risca a palavra competição, e, esquecemos que a mais árdua luta é vencer nossos próprios fantasmas que trazem dentro de nós os maiores desafios invisíveis na nossa pele.
Não podemos demonstrar medo, claro que não!
Quem tem medo soa como covarde não é?
E esquecemos que é o medo que nos atrasa para o amor, é o medo que nos puxa o tapete dos sonhos e nos paralisa por completo."
Eu estou profundamente triste esta semana...
Por sentir que os homens não sabem, nem querem saber, trabalhar com uma mulher de igual para igual.
Por me tentarem convencer que conseguir menos já é muito bom.
Que ficar dependente da vontade de um homem é normal e necessário.
Por me tentarem sabotar, apenas para não lhes fazer sombra.
Por sentir falta de espaço para alguém como eu, que somente sente, que acredita que gente só, é gente que se estica mais pela parte de dentro, deixando vazar para fora somente o que traz paz de espírito.
Num mundo onde não podemos demonstrar sentimentos, como vive quem sente demais?
Agonizo às vezes dentro da leitura para ver se assim, desconstruo algo menor onde eu não consiga entrar.
Faz-se necessário uma implosão de conceitos de fora para que eu possa reforçar os pilares dos meus valores de dentro.
Antes que algo aqui morra, preciso continuar a sentir, preciso chegar em mim todos os dias, antes do dia acabar.
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