quarta-feira, 28 de agosto de 2013

"O RETORNO DE INANNA"


"Quando o minha última dama chegar
Vai me encontrar alerta
Armada de mil argumentos
Disposta a não mais amar...
A porta semi-aberta
Mas com placa de 'Não Perturbar'.
Vai fazer uma reverência lenta
Respeitando as dores do meu coração
Mas vai ignorar o aviso
E usando como chave um sorriso
Invadir meu jardim
E fechar por dentro o portão.
Vai espreitar pela janela
Uma leve batida para não me assustar
Vai sentar-se à varanda
E perder-se a me olhar.
Vai fazer-se de 'velho amigo'
Embaralhar suas memórias, como se fossem comigo
Aceitar um café e oferecer-se para ir buscar.
Quando minha última dona chegar
Aquecendo a vida entre os dedos
Perguntando porquê antes de nós
Passaram-se tantos dias assim
Vai roubar para ela meus segredos
E entregar os dela pra mim.
Vamos falar primeiro das flores,
Da época de poda do roseiral
Dos espinhos, passaremos às dores
E entre impossíveis e risíveis amores
Ela vai me contar das afrontas
Das mulheres que se diziam prontas...
Mas que a vida tratou de medrar.
Vai me falar em especial sobre uma delas
Aqueles casos que não têm porquê acabar
Talvez só para eu ficar sabendo
Que o coração que agora me cabe
Já foi capaz de muito amar...
Vai respeitar meu silêncio enquanto penso
No que ela pode ser melhor que eu
E antes que eu me desmereça
Vai pousar um olhar no meu medo
Pintar nos meus olhos um futuro distante
Fazer-se una, até perder de vista
Até fazer sumir do foco
Todos os que já vieram antes, pois :
- Em cada amor, meu amor, as coisas são diferentes.
E em meio a ervas daninhas
Vai arrancar lágrimas que eram só minhas
Mas que ela promete nunca mais deixar brotar.
Quando minha última Amazona chegar
Vai me embalar nas suas histórias
Vai puxar pra perto minha cadeira
E feita criado-mudo na cabeceira
Me dar seus sonhos pra eu guardar.
Vai trazer no bolso uma flor
Dessas do campo, que se dá sem ninguém cuidar
Emaranhá-la nos meus cachos
Chegar perto para um cheiro
E inundar-me os ouvidos com seus passos
Dizer - Porque sim, isto de amor
Acho que não tem que explicar.
Antes que minha última rainha me beije
Fará das palavras dedos longos
A percorrer-me os contornos
Eriçar-me os entornos
Pedindo para eu nada dizer.
Quando esta 'Mulher' tomar-me as mãos entre as suas
Eu vou esquecer o cansaço
De ter estado à procurar
E por todos os outros rostos que beijei
Por todos os prazeres que lhes dei
Só vou me sentir agradecida
Por nada terem feito
A não ser me preparar.
Minha última Chama terá assim um olhar
Daqueles que eu não consigo desviar
Rirá de mim, por mim, comigo, de si
Encherá meu mundo de um riso sem motivo
Estas coisas bobas de tão boas
Que fica só entre os amantes
E ninguém tem coragem de contar.
Esse meu último Dharma
Trará velas e incensos
E perguntará que disco eu tenho, pra combinar
Encherá o ar de suspiros amiúde
Dançará comigo, instigando meu querer urgente
Deixando o corpo afastado e rente
A brincar com meu desejo
No anti-clímax de me entregar.
E só então vai me dar um beijo
Lento, longo, possesso, posseiro
E daí pra frente eu não responderei por mim...
Só lembrarei ela fazendo um carinho
Apertando meu biquinho
Colocando a mão pra esquentar.
Minha última Mãe,
Não me dará direito a frescores
Manterá em brasa meus pudores
Vai me enlouquecer, fazer pedir, gritar.
Quando esta 'Alma' me despir
Contemplará minhas imperfeições
Achando as coisas mais lindas de se olhar
Brincará com meu corpo nu...
Mandará buscar nos meus sonhos infantis
As fábulas, os contos, os encantos
E todos os sonhos a que faço jus.
O que este Imã quer de mim?
É a centelha,
Menina faceira
Cabocla trigueira
Gueixa submissa
Dama da corte
Fêmea felina
Fera assassina,
Dançarina única do harém,
Maestrina da Noite...
Imponente no açoite,
Potente na Carne e na Fonte...
Com a fronte erguida o fogo consome...
Faria tudo novamente se possível...
Toquei e vi o invisível...
Arranquei o véu...
E vi a face ardor do fogo no céu!
E o que eu mais quero?
É em mim, o que ela quer também:
Eu sempre junto à ela, como sua única e última 'Phi-lha'.
Imagem à Semelhança.
Jamais rastejem." 

V.S. Fergunson
in, "O retorno de Inanna"
Os Deuses Ancestrais e a Evolução do Planeta terra


JAMAIS RASTEJEM!!!!!!!!!!!!!!
Que é o que as mulheres fazem mais...infelizmente!
Rastejam por um beijo, por atenção, por amor, por dinheiro e boa vida...



NOTA:
Inanna, na mitologia suméria, era uma irmã do Deus-Sol Utu.
Era a Deusa do amor, do erotismo, da fecundidade e da fertilidade, entre os antigos Sumérios.

Corresponde(ou seja, é Cognata) à Deusa Ishtar(Deusa Semitas da Mesopotâmia),da Deusa Asterote dos Filisteus, de Ísis dos Egípcios, da Deusa Easter da Mitologia Nórdica,com a Deusa Grega Afrodite,tanto em termos de mitologia como de significado.

Existe também uma relação muito grande entre todas estas Deusas, nomeadamente de Inanna, com Lilith!!!
Pois é!
Lilith é também chamada de “A mulher escarlate”, um demônio que guarda as portas do inferno montada num enorme cão de três cabeças, Cérbero.
Outros aspectos e nomes de Lilith, além dos já citados acima, são:
Aino (finlandesa, Deusa da Beleza); Amaterasu (japonesa, Deusa do Sol, liderança); Axo Mama (peruana, Deusa da Fertilidade); Cibele (asiana menor, Deusa da Fertilidade); Hathor (egípcia, Deusa do Amor); Freya (norueguesa, Deusa do Amor e da Cura); Hécate (grega, Deusa da Magia e da Morte); Itchita (siberiana, A Grande Mãe); Oxum (Africana, Deusa da Fertilidade e do Amor); Kaly (hindu, a face escura da Grande Mãe).


Sem comentários:

Enviar um comentário