quarta-feira, 14 de dezembro de 2011

Lilith: Um feminino não domesticado




"Os relatos mais difundidos sobre Lilith se encontram no Talmud, o livro dos Hebreus e ele nos leva a crer que Lilith seja um demônio, um espírito noturno que assombra o sonho de homens e mata criancinhas recém nascidas.
O mito hebreu nos conta que ela foi criada ao mesmo tempo que Adão, mas que foi moldada em terra e esterco. Embora suja Lilith era igual ao homem, com criação independente, diferente de Eva, que foi criada de uma costela de Adão.
Sendo igual, Lilith não se submetia a autoridade masculina e durante a relação sexual Lilith questiona seu lugar sugerindo em ficar por cima.

Diferente dos animais e de suas fêmeas que ficavam por baixo dos machos nas relações e que obedeciam e temiam Adão, Lilith tinha desejos e como seu único companheiro não os aceitava ela preferiu fugir e viver com os únicos seres existentes: os demônios.
O mito de Lilith relatado pelos hebreus é na verdade o marco do início do patriarcado e ele registra a necessidade de legitimar a superioridade masculina.
Da anterior civilização sumeriana, o nome Lilith é derivado do nome Lil, a Rainha do Céu, que significa ar ou tempestade – o lado escuro e selvagem da deusa Inana. Lilith também está relacionada com a coruja – ave de rapina, noturna, silenciosa e que assim como a águia enxergar minuciosamente, porém na escuridão! Não obstante, ela é símbolo da sabedoria, que enxerga o que está oculto.

Era de Lilith que os homens medievais temiam porque os mitos da época a endemoniavam, pois ela incorpora o espírito do feminino livre, sexual, animal
Ela representa aquela mulher que não foi moldada pelo Logus, que não foi bloqueada pelas exigências culturais e que vive de acordo com seus desejos individuais, puros, não se sujeitando às expectativas.
Ela é o protótipo da mulher real, verdadeira para si mesma, inteira e que prefere viver com os “demônios” ou as suas imperfeições a macular sua natureza por conforto, status ou dinheiro. Lilith é a mulher selvagem que abre mão do paraíso caso esse não lhe permita viver por inteiro. É aquela que ousa ver no escuro como as corujas, e abre mão do companheiro perfeito escolhido para ela pela educação e ousa viver a vida a partir de suas próprias experiências e escolhas, seguindo seus instintos com a coragem de uma leoa.
É a mulher que ama a si mesma acima de qualquer homem e não se envergonha por isso.

É o que a torna rebelde para as autoridades e as regras sociais, mas lhe dá autenticidade, segurança e graça!
Lilith, a mulher original é força, potencialidade e fecundidade assim como a terra adubada (c/ esterco).

Ela é o que todas nós somos no fundo do coração!"


in, Lilith: A Lua Negra

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