sexta-feira, 12 de agosto de 2022

Samsara - Legendado

                                                   


A minha reflexão iniciou com a cena final a respeito de Yashodhara.  
A partir dela, pensei: 
  1. O Sentido da Vida é a sua plenitude de nascimentos e mortes, então, por que o celibato é tão fundamental? 
  2. Como Sidarta não conhecia a doença e a morte se a sua mãe faz a passagem  a partir da doença? 
  3. Como ele não conhecia a velhice se ele crescia entre pessoas que envelheciam? 
  4. Como nasce o Budismo como religião, se ele se iluminou à procura do caminho solitário da verdade? 
  5. Como uma sociedade patriarcal poderia contar a história de um iluminado sem distorcê-la?

Fiquei a pensar que a renúncia que devemos fazer é às ilusões do Ego. 

Não se trata de renunciar ao amor, mas ao ego. 
Foi o ego que o levou a se enrolar com a outra mulher, foi o ego que o levou a ficar com raiva e violento por ganância, e foi também o ego que o levou a buscar um ideal espiritual criado pela mente, e que mais parecia uma fuga. 

Na relação sexual plena o ego morre, pois ali é preciso entrega, a mente precisa se calar. 
Ele precisou de renúncia para aprender cada lição que a Pema tinha para lhe ensinar, e que ela sabia pela prática, pela vivência - enquanto ele se encontrava preso na teoria, sem polarização, sem desafios, sem tentações.

Fiquei a pensar também no patriarcado que separa homens e mulheres, que torna o sexo diabólico, que torna a mulher diabólica, e que obriga os homens a se separarem delas para se encontrarem espiritualmente, quando o maior encontro é na verdadeira união com outro, e não na separação. 
Separar masculino e feminino é como separar duas forças que se atraem mutuamente e naturalmente, Yin e Yang, e que só na sua união geram vida - na sua separação forçada, resta a morte, a doença, o exílio. 


Tudo em nome de ideais patriarcais que elevam o Céu e subestimam a Terra, que exaltam o masculino e demonizam o feminino. 

Pela primeira vez, depois de ver o filme, me dei conta que até o Budismo, filosofia à qual me afino, é também contaminada pela visão de mundo patriarcal. Entender isso foi libertador...
As religiões são muletas...são puro escapismo...todas elas, umas mais do que outras.

 É muito mais difícil ter renúncias no mundo mundano, na polarização, dentro dos desafios, do que num mosteiro...Por isso a Pema era muito mais sábia do que o dito monge que esteve 3 anos em suposta meditação fechado numa caverna.

Um "homem", criança, que abandonou a mulher e o filho na calada da noite...
Quem é digna é Yashodara, que criou o filho (sem pai) de Sidartha...

A verdadeira renúncia teria sido não ter cedido a outra mulher!
Seria ter sido adulto na sua escolha de ir vender a sua plantação na cidade, e ter sido firme nessa decisão e assumir de forma adulta as suas consequências, sem se deixar levar pela infantilidade da raiva e da violência física. 
  
Ele aprendeu a fugir na religião!
A vida na polaridade não é um lugar de fuga!
  1. É um lugar de superação diária, a criar limites e, a pratica-los através de uma mente generosa, adulta, responsável, consciente, firme, consistente, com auto-domínio, auto-controle, integridade, coerência entre o que se professa e o que se faz...
  2. É onde nos são apresentadas as revelações emocionais vividas nas experiências...o amadurecimento através das experiências.
  3. É onde se aprende a ter o equilíbrio entre os 4 grandes Estados de Consciência: Mente, Físico, Emocional, e Espiritual.   
  4. É onde podemos firmar no nosso Ser, o que nos move, motiva, valoriza, acrescenta e eleva.
  5. É onde podemos auto-observar o nosso real estado de evolução, observar as nossas verdadeiras bases, e as aprendizagens que foram verdadeiramente assimiladas.
  6. É onde temos a oportunidade diária de vencer o nosso caos interior.
  7. É onde podemos observar se vamos acertando ou errando na vivência das experiências...onde a verdadeira transformação acontece, nas fluências e nos desafios.
  8. É onde se compreende, se aceita e se integra a nossa sombra.
  9. É onde aprendemos a encontrar o Caminho do Meio!
E isso não se alcança a viver isolado num mosteiro.

Como diz o Deppak Chopra, resume-se tudo a  "Magic Lies"!



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