quarta-feira, 4 de setembro de 2019

A Intensidade da Vida





A intensidade da vida depende de como a olhamos.
Há pintores que achariam belo este prato de uvas que se encontra sobre a mesa; e tentariam pintá-las com todo o seu frescor, a sua cor, a sua luz e a sua forma.
E nós, quando olhamos o quadro que resultou, devemos pensar nos vinhedos, como eles cresceram, como foi a colheita. Pensar na loja onde o vinho destas uvas será vendido, e nas bocas que o provarão; entender que cada uma delas veio de um lugar diferente, embora estejam todas no mesmo prato. Reparar que o prato é chinês, e recordar tudo o que aprendemos sobre a China.
Então, os nossos olhos dirigem-se para a mesa onde o prato repousa, e pensamos de que madeira é feita, como era a árvore de onde foi tirada, quem a cortou, e onde vivia o lenhador com a sua família. 
Ver as coisas desta maneira enriquece a imaginação e abre-nos para um mundo muito mais rico.
As crianças deviam aprender a fazê-lo.


Khalil Gibran
in, 'Carta a Mary Haskell, 3 de Setembro de 1920'






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