sábado, 14 de maio de 2016

O tempo de cada qual é o justo para si





Ao mesmo tempo e no mesmo espaço podem juntar-se as pessoas mais alheias entre si e como não acontece na História em tempos e espaços diferentes.
A universalidade humana é tão vária que pode um satisfazer inteiramente a sua e sem que lhe passe sequer pela cabeça a de outro que satisfaça também completamente a dele.
O tempo de cada qual é o justo para si.
Não é dado a ninguém a ocasião da polícia do tempo de outrem.
De modo que à porta da nossa intimidade havemos de pôr a admiração por aquele que vai entrar, tanto em quanto diverge como em quanto coincide connosco.
Por outras palavras: não vale mais o nosso mistério do que o de outro qualquer.
Só o mistério chega inteiro ao fim.

Almada Negreiros 
in, Textos de Intervenção



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