Stephane Navailles
Talvez a noite me encontre um dia. Sentar-me-ei com ela, a conversar.
Perguntar-me-á: "Quem és?" - "Um dos teus habitantes", responderei;
mas sem ter a certeza disso. Entre a noite e o dia, quem pode
escolher, ao certo, o seu lugar? E ela há-de insistir, adivinhando a
minha dúvida. Então, aproximar-me-ei dela, pegarei nas suas mãos de
treva, e puxá-la-ei para mim. "E tu, quem és?" E ela ficará em silêncio,
pesada e nocturna, como se a morte fosse a sua segunda natureza.
"Amo-te", digo-lhe. E a noite dissolver-se-á em mim, até nascer o dia.
Nuno Júdice
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